Arcos Principais: Maldição dos Mutantes (Curse of the Mutants).
Publicação Original/ Brasil: X-Men #1-6 (Marvel, 2010)/ X-Men #117-119 (Panini, 2011).
Roteiro/ Arte: Victor Gischler/ Paco Medina.
Com o fim do Segundo Advento, a Marvel deu uma reformulada nas revistas mutantes, cancelando algumas (como Cable) e lançando outras como essa X-Men em 2010, rolando em paralelo com Fabulosos X-Men e X-Men Legado. Depois de passarem um perrengue em São Francisco com os Vingadores Sombrios e Bastion, Ciclope não imaginava a próxima ameaça à cidade e aos mutantes: vampiros; no primeiro arco da revista, Maldição dos Mutantes. Review especial (com spoilers) dessa história em 6 edições reunindo diversas classes de vampiros e com a participação do especialista na espécie, Blade.
Antes do arco em si, a Marvel lançou um especial que funciona como prelúdio para contextualizar o leitor na mitologia vampírica. Nele, Drácula é morto por seu filho Xarus durante uma reunião das seitas, que quer unir todas as espécies para saírem das sombras e dominarem a Terra. Há um pouco de X-Men neles, já que vivem num mundo que os “temem e odeiam“. Só que Xarus não tem ética alguma e faz de tudo para manter o poder. Seus cientistas conseguiram criar um amuleto que, quando utilizado por um vampiro, não o deixa morrer ao ser exposto ao Sol: a chave para a ascensão da raça. Em X-Men #1, um vampiro-bomba todo encapuzado chega a centro de uma praça (onde Fada e Jubileu estão conversando) e tira a roupa, tendo a pele queimada e explodindo, espalhando sangue pra todo lado e contaminando que for atingido.
A primeira parte do plano de Xarus é concluída: contaminar Jubileu e atrair a atenção dos X-Men, para que possam atingir os mutantes e tê-los na equipe (mesmo que forçado). Ciclope, temendo que eles se espalhem por sua cidade, começa a enviar diversas equipes para contra-atacar. Blade se une ao Wolverine pra dar uma força, também. Enquanto isso, Dr. Nemesis e Dra. Rao tentam encontrar uma vacina pra conter a transformação da Jub. As primeiras três edições não trazem nada de espetacular, com poucos momentos interessantes. Ciclope percebe que precisa ressuscitar o Drácula, caso queiram ganhar, já que estão em menor quantidade. Namor é responsável por conseguir a cabeça, mas isso é mostrado em sua própria série (Namor – O Primeiro Mutante). Isso é um problema, porque o arco principal ocorre em X-Men, mas há diversas outras edições extras em paralelo. Ainda na edição #3, Wolverine é pego por Xarus ao tentar resgatar Jubileu, acabando por ser transformado em vampiro (?).
As coisas só começam a esquentar quando Xarus envia todo seu esquadrão pra Ilha Utopia, declarando guerra, o que lembra um pouco Necrosha. O destaque do arco fica por conta de Ciclope, que prova mais uma vez ser um ótimo líder. Ele mantém a calma e faz o que for necessário pra manter a mutandade, inclusive enviar Logan como um Cavalo de Troia pro covil dos mutantes, desligando seu fator de cura através de nano-robôs (permitindo ser infectado) e religando quando for oportuno. Como fizeram isso, fica um mistério. Já que sem o fator de cura Logan é envenenado pelo adamantium (e acho que ele também perceberia), então a gente entra na magia. Numa cena, Ciclope faz uma ligação direta pra Xarus, avisando que tire suas tropas do meio do caminho caso não queira sofrer, um climão muito bom!
O roteiro é de Victor Gischler, roteirista de algumas séries relacionadas ao Deadpool (como Mercenário Tagarela e Tropa Deadpool), que permanece na série até a edição #29. A história só engata de vez perto do final, quando o clima realmente fica tenso. Com o exército de Xarus sendo destruído e o retorno de Drácula, matando o próprio filho, as coisas dão uma guinada. Há um pouco de didatismo pra explicarem como fizeram a “cartada Wolverine“, que não engoli muito bem. Jubileu é resgatada, mas ainda possui uma chance de virar vampiro de uma vez, ficando em quarentena. Os desenhos são de Paco Medina (Novos X-Men – Academia X), que também permanece na revista por um bom tempo. Um ponto positivo é que não há muito puritanismo e tem sangue pra todo lado, cabeça sendo arremessada e gente fatiada, o que é ótimo.
Depois de mutantes Vs mortos-vivos tecnorgânicos, Vs Ninrods do futuro, Vs mutantes e Vs humanos; por que não Vs vampiros? Confesso que fiquei com dois pés atrás pra ler Maldição dos Mutantes, já que o argumento é trash. E não me enganei muito, os vampiros de Xarus parecem crianças mimadas (e acho que realmente são) fazendo uma jogada desesperada. Também é engraçado como milhares de vampiros (com direito a algumas naves pelo céu) atravessando São Francisco e só os X-Men percebem. Sem contar a versão pirigótica vampiresca de Jubileu. O que tira um pouco da seriedade que os últimos arcos (principalmente Segundo Advento e até o Vs demônios da X-Force) estavam trazendo. Mas as capas de Adi Granov são excelentes e a postura de Ciclope quanto ao ataque é muito boa, também, com o lance do Cavalo de Troia sendo ótimo. Pena que se perdem no meio de ações sem graça e só ganha fôlego perto do fim.
Fil Felix é ilustrador e escritor. Criador dos conceitos e personagens do universo da Central dos Sonhos. Fã de HQs, gosta de escrever reviews desde 2011, totalizando mais de 600 delas em 2023. Já escreveu sobre arte para diversos blogs como Os Imaginários e a Coluna Asas da editora Caligo. Ilustrou seu primeiro livro infantil em 2021: Zumi Barreshti, da editora Palco das Letras.