Arcos: Ninrod (Ninrod) e Alvo: Mercúrio (Mercury Falling)
Publicação Original/ Brasil: New X-Men #28 à #36 (Marvel, 2006)/ X-Men #69 à #77 (Panini, 2007).
Roteiro/ Arte: Craig Kyle & Christopher Yost/ Paco Medina & Duncan Rouleau & Mike Norton
Um dos dilemas que cerca os mutantes, além do preconceito, é a descoberta de poderes e o início da adolescência. A Marvel sempre tentou manter esse espírito, criando equipes mais jovens pra lutarem ao lado dos veteranos. No começo dos anos 2000 é lançado a mensal Os Novos Mutantes, 20 anos depois dos Novos Mutantes originais (Karma, Miragem, Míssil…). Foi a tentativa de trazer esse espírito jovem, com histórias bacanas mas muito Malhação. Depois de 13 edições, a série é cancelada e entra em jogo Novos X-Men – Academia X, com novos mutantes e conflitos bem mais maduros, se consolidando como uma das melhores séries X nessa época, além de uma violência e acontecimentos extremamente imprevisíveis. Este review comenta sobre a penúltima fase da revista, logo após os eventos de Dinastia M e do ataque do Reverendo Stryker, que matou mais de 40 alunos (inclusive protagonistas) e pode conter spoilers pra quem não leu.
NINROD
Num futuro alternativo, um Ninrod (Super Sentinela) assassina Tempestade e pede para Forge, seu esposo, que o melhore: implantando um sistema de viagem no tempo, senão irá matar também sua filha. Forge faz o pedido, mas consegue enviar a máquina para o passado e na realidade 616, chegando todo quebrado, na esperança que seja destruído por sua contraparte. Foi encontrado pelo Reverendo Stryker que, analisando seu banco de dados, viu o futuro dominado por mutantes e iniciou sua caçada (que culminou na morte dos 42 alunos). Mas agora, o Reverendo está morto e Ninrod conseguiu se recuperar, dando continuidade à sua missão: encontrar o Forge dessa realidade e solicitar ajuda, ameaçando-o.
Os Novos X-Men descobrem sobre a volta de Ninrod e tentam avisar Scott e Emma, que não acreditam na história e viajam para o casamento de Tempestade em Wakanda, deixando os jovens sozinhos. Forge consegue avisar Faísca sobre a chegada do Sentinela através das manoplas criadas por ele, e então Faísca e sua equipe (Pó, Pedreira, Satânico, Prodígio, X-23 e Mercury) resolvem ir sozinhos enfrentar a máquina.
A batalha é muito boa. Ninrod pega pesado e é interessante ver como a equipe interage, sem contar que todos os personagens chamam atenção. Com destaque pro Pedreira, que eu nunca botei fé! Numa cena ele explode em pedaços, deixando Mercury (outra personagem muito boa) aos prantos, já que eram meio namoradinhos. O Pedreira pode tirar e recolocar seus membros, o que dá esperança pra Mercury, que começa a chorar, pedindo que ele se reconstrua. Um momento bem tocante, mesmo. Felizmente, o pedregulho é mais forte do que imaginamos!
A única baixa é X-23, que foi praticamente torrada pelo Ninrod, não conseguindo se recuperar. Satânico a segura e voa em super velocidade para o Instituto, pedindo a ajuda de Elixir, que estava com o corpo preto ao desenvolver seu dom ao contrário (ao invés de curar, ele deu doenças no Stryker). Mesmo receoso, Elixir consegue curar X-23 e seu corpo volta a ficar dourado (ou quase).
ALVO: MERCURY
Tendo vencido Ninrod, Ciclope parabeniza Faísca por seu trabalho e assume ter errado em não dar ouvidos. Enquanto Emma continua implicando com X-23, dando vários coices na menina e a mandando embora, pois teme que quem a criou possa entrar no Instituto e causar mais tragédias. Mercury tenta acalmar a amiga num café na cidade e o que era só um medo de Emma se torna realidade: Kimura, que foi sua antiga supervisora no Programa Arma X e é praticamente invulnerável, ataca as duas com o seu esquadrão. Mas, ao contrário do que imaginamos, ela sequestra Mercury e não X-23!
Kimura leva Mercury para o complexo O Programa onde estão desenvolvendo (mais) uma arma que mata mutantes. Dessa vez é uma criatura animalesca que sente o cheiro do gene X e devora a vítima, sendo feita sob medida para o Reverendo Stryker e denominada Predador X. Mesmo com o cliente morto, a organização resolve seguir com o projeto e iniciam experimento em Cess para retirar seu mercúrio líquido e inserir na pele das criaturas. São cenas realmente chocantes todo esse processo! Mercury sendo torturada é de arrepiar, ela se contorce toda no tubo! Não o suficiente, Mammomax também havia sido pego e jogado numa cela para essas criaturas, que o devoraram, deixando apenas sua carcaça! Tá certo que ele não era um personagem do primeiro escalão, mas essa morte foi tensa!
Enquanto isso, X-23 e Satânico fogem do Instituto e iniciam a busca pela amiga, torturando e ameaçando chefões do crime para descobrirem o local do Programa. O clímax do arco está quando os Novos X-Men chegam no lugar, acompanhados pelos X-Men. Os Predadores X foram revestidos pelo mercúrio e dão um pouco de trabalho à equipe, mas são derrotados e mortos, com exceção de um, que foge. Ver Mercury parecendo uma geleia, com dificuldade de voltar à forma humana continua dando agonia. Depois de tudo, Emma percebe que errou com X-23 e meio que para de pegar no pé da moça. Um modo de recompensar isso foi encontrar Kimura, que não sofre um arranhão, e retirar de sua mente a lembrança mais forte que ela tinha sobre o amor (personificado em sua avó) e a enviado para caçar e matar todos os envolvidos no Programa.
O QUE ACONTECEU COM O DECOMPOSITOR
Esta é uma história que acontece entre os dois arcos acima. Decompositor havia, sem querer, destroçado o braço da Feromona ao tocar nela, pois pensava que havia perdido os poderes no Dia M. Assustado, ele foge da escola e aqui descobrimos que se escondeu no Distrito X, dividindo o quarto com uma senhora. Emma colocou Lupina do X-Factor para vigiar o garoto, que anda traumatizado. Tudo parecia andar nos conformes, até que descobre a morte de Ícaro e os demais estudantes na mão do Reverendo, ficando furioso e até brigando com Mercury por telefone. Não bastasse ter o toque mortífero, a estranha senhora do seu apartamento se revela ser a Selene, tirando a aparência de velha ao sugar algumas almas e colocando seu uniforme tradicional (que fica bem ridículo, já que é uma calcinha). Não o suficiente, ela ainda dá uns beijos no garoto, formando um casal da morte. Vamos ver até onde vai.
Uma parte muito boa dessa história é o final, quando a mãe de Ícaro vai até a escola, realizar o funeral. Todos os estudantes e professores prestam homenagem aos mortos, um momento bem bonito e emocionante (tá vendo como a calcinha da Selene não combinou?). A arte dos arcos é quase toda do Paco Medina (Lendário Senhor das Estrelas) com o apoio, no arco de Ninrod, do Duncan Rouleau (Ben 10). Mike Norton (Jovens Vingadores) assina a do Decompositor. Todos muito competentes, principalmente nas cenas de ação, todas elas merecem destaque, como quando a X-23 corta o braço da Mercury para salvá-la, ou quando é torturada, todas muito boas. Medina ainda faz alguns fã services no início do arco da Mercury, com esse trio maravilha aqui em baixo. (Sim, curto o Fera).
Fil Felix é autor, ilustrador e psicanalista. A Central dos Sonhos é seu universo particular, por onde aborda questões como memórias, desejos e infância. Fã de HQs, escreve seus comentários sobre quadrinhos desde 2011, totalizando mais de 600 reviews. Já escreveu sobre arte para diversos blogs como Os Imaginários e a coluna Asas da editora Caligo. Ilustrou os livros infantis Zumi Barreshti (2021, Palco das Letras) e Meu Avô Que Me Ensinou (Ases da Literatura), entre outras publicações.