Nome Original: X-Men #158, #159, #160 e #161; Uncanny X-Men #446, #447, #448 e #449; New X-Men #2, #3 e #4; X-Men Unlimited #49
Editora/Ano: Panini, 2005 (Marvel, 2004)
Preço/ Páginas: R$6,90/ 100 páginas
Gênero: Ação/ Super-Herói
Roteiro: Chuck Austen; Nunzio Defilippis & Christina Weir; Chris Claremont; Bill Willingham
Arte: Salvador Larroca; Randy Green & Staz Johnson; Alan Davis & Olivier Coipel; Kelsey Shannon;
Sinopse: X-Men: Destrutor e sua equipe partem para a China, onde localizaram o corpo de Xorn. Novos X-Men: Academia X: a equipe jovem se transforma no esquadrão Novos Mutantes, enquanto os alunos de Emma viram os Satânicos. Fabulosos X-Men: Bishop e Cia. enfrentam o super robô Fúria na casa dos Braddock.
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A grande surpresa dessas edições de X-Men é a série Novos X-Men: Academia X. Ela já era simpática como “Novos Mutantes”, mas agora engrenou de vez com mais personagens, intrigas e aquele gostinho de novos ares (ainda mais rodeada de histórias batidas pelas outras equipes X). Já a série principal e Fabulosos variam entre o médio e o medíocre, com alguns raros momentos que prendem a atenção do leitor.
X-Men: com a saída de Grant Morrison dos roteiros, a série deu uma bela decaída. Em partes por trazer Chuck Austen aos roteiros. Ele é especialista em dramalhões e é justamente isso que temos nessas três edições: uma novela. A equipe é formada por Vampira, Gambit, Homem de Gelo, Fanático, Wolverine e Polaris, liderados por Destrutor. Sua missão é ir até a China recuperar o corpo de Xorn, ou algum mutante igual à ele (o que já gerou uma confusão), cuja cabeça está sugando tudo como um buraco negro. Destrutor mantêm a situação com seu poder, mas os demais são atacados pelos “Oito Imortais” (?), uma equipe de chineses samurais/ ninjas. Em seguida aparecem mais um grupo de autoridades e o Homem Coletivo, uma mistura do Homem Múltiplo com Majin Boo, que consegue juntar suas cópias e se transformar num Gigante.
Esse arco é muito ruim, extremamente previsível e cheio dos clichês que permeiam os mutantes. Super-grupos que brotam do nada, com membros pífios. E o que mais me incomoda, além dos X-Men parecerem amadores, são as piadinhas do Homem de Gelo. MEU DEUS! Chato até às últimas páginas. Pra piorar ele tem uma intriguinha com o Fanático, parecendo alunos do ensino médio. Ridículos. Enquanto isso, no Instituo, Sammy pensa ter visto Black Tom no jardim da escola, mas ninguém dá bola. Alguma dúvida de que o vilão vai aparecer? Vale comentar, também, que Sammy aparece várias vezes nessas edições, cada uma com um visual diferente. Desenhistas, cheguem num acordo!
Como ponto positivo temos a arte do Salvador Larroca, que criou uma luta fantástica entre o Homem Coletivo- Gigante VS Homem de Gelo-Gigante. Pensei que fosse uma HQ dos Power Rangers. Na edição #49 inicia um novo arco, mas não menos chato. A Irmandade de Mutantes ataca Filadélfia, mas dão de cara com os X-Men, perdendo ao final (pra variar). Além do Black Tom estar presente no grupo (e assustadoramente feio), também temos Nocturna! Preciso ler X-Men Extra pra saber com ela ficou nessa realidade, porque não explica muito. Pra lembrar, Gambit acabou cego na batalha com o exército chinês e a mãe de Sammy está interessada no Fanático. No fim das contas, a única coisa interessante nessa última história é a dúvida se Cain debandou pro lado do mal ou não.
Novos X-Men – Academia X: agora sim uma série que me empolgou bastante nesse X-Reload. A história é fresca, os personagens são novos, não tem piadinhas desnecessárias e é carismática. Talvez o único problema em Academia X (e que já era em Novos Mutantes) é a rotatividade dos desenhistas. A série anterior teve alguns pavorosos. Felizmente, os dois que desenham essas edições são ótimos (Randy Green, da série Emma Frost; e Staz Johnson, de Batman Vs Aliens 2), esse último em particular deu uma dinâmica maior ao grupo. O contexto da série é bem colegial, o Instituto dividiu os novos alunos em esquadrões de 6 membros cada, ganhando um monitor particular e codinomes. O grupo principal recebeu o nome de Novos Mutantes, em homenagem ao grupo dos anos 1990, uniformes amarelos e bons codinomes: Elixir, Feromona, Prodígio, Faísca e Ventania, dispensando apresentações. Danielle e Emma vão atrás do 6º membro: Kevin, aquele que desmaterializa as coisas e acabou matando sem querer o próprio pai. Ele recebe o nome de Decompositor.
Por outro lado, Emma monitora outro esquadrão: os Satânicos, também em homenagem ao seu antigo grupo. Na equipe estão presentes Pó, Satânico (Josh), Ícaro e os novos Mercury, Pedreira e Pique. Apesar de parecerem genéricos numa primeira impressão, se revelaram interessantes e cada um com uma personalidade diferente. As duas equipes logo viram rivais e participam de um pequeno desafio: encontrar um objeto escondido dentro do labirinto vegetal, sem usarem seus poderes ofensivamente. O objeto, na verdade, é Lockheed. Sim, ficou meio Harry Potter e o Cálice de Fogo, mas não deixa de ser divertida.
O grande ponto positivo de Academia X está nos conflitos internos. Ao mesmo tempo em que Miragem se desentende com Emma, a Lupina precisa enfrentar o fato de agora ser professora e não poder se envolver com um aluno. Faísca divide o quarto com a Pó, que utiliza burca e é bastante tradicional, enquanto Noriko é totalmente libertária. Kevin, que destrói tudo orgânico que tocar e tem medo de se aproximar das pessoas (quase uma Vampira), se torna amigo da Mercury, que tem a pele de mercúrio. Ao final aparece um agente do FBI, acusando o Decompositor de assassinar o pai. Vem coisa boa por aí.
Fabulosos X-Men: escrito pelo Claremont, segue na mesma pegada da série principal do Austen: uma novela, cheio de clichês X. Os ex-X-Treme (já que a equipe é formada por praticamente todos os integrantes da antiga série + Wolverine, que tá em todas) visitam Brian Braddock e Meggan, mas terminam por enfrentarem Fúria, um robô capaz de se adaptar aos poderes do inimigo e pode ser O ÚLTIMO INIMIGO DOS X-MEN. De novo. Nunca tinha visto este vilão, mas todos falam com tanta naturalidade que tive que pesquisar pra ver se já apareceu antes. Ele é um inimigo do Capitão Britania (por isso apareceu em sua casa), mas saiu por aqui em raras ocasiões, em particular no especial Capital Bretanha no inicio dos anos 2000.
Lutas e mais lutas. Quase um Cavaleiros do Zodíaco: quando todo mundo está quebrado, quase morrendo, ressurge uma gota de esperança, um super-golpe e as coisas voltam a melhorar. O único destaque está para a arte de Alan Davis, que é espetacular. A sequência com os poderes da Rachel são ótimas. Ela rouba a cena nessa série, se mostrando muito poderosa. A falecida Jean ainda faz uma pontinha, aparecendo no cristal que ela carrega. Apesar do arco durar duas edições, o paradeiro de Fúria continua em aberto.
A edição #49 inicia um novo arco, com a mesma pegada de problemas brotando do nada: a equipe se reúne pra ir numa festa da Rainha, mas são pegos por uma Víbora irada e com sangue no olho. Capturados numa ilusão do Mundo do Crime, perdem os poderes e apanham feio dela. A arte é de outro excelente desenhista, Olivel Coipel (Dinastia M). Apesar de começar ruim, a série melhora graças às sequências de ação. Víbora desce o cacete em geral, com destaque pra quando mira um revolver na cabeça de Sábia, assim como arrebenta a Garota Marvel. Um arco bem violento, que mostra a extensão dos poderes de alguns membros, como a própria Tempestade, que é poderosíssima. Ao final, uma possível retomada do Clube do Inferno.
X-Men Unlimited: diferente das histórias especiais anteriores, de 8-12 páginas cada, essa X-Men Unlimited tem 25 páginas trazendo quase que uma one-shot do Noturno, escrita pelo Bill Willingham (Fábulas) e arte cartoon do inédito Kelsey Shannon (Batman Adventures). Nada de outro mundo: Kurt precisa salvar uma menina que ficou presa num desmoronamento, que na verdade foi raptada por uma nação do subsolo. O grande destaque são os desenhos de Shannon, coloridos, suaves e dinâmico. Noturno nunca foi tão elfo como agora, lindo.
Começou, de fato, a Fase Reload que comentei no último review. Novas séries, equipes criativas trocadas. A princípio, X-Men do Austen está indo de mau à pior, com um grupo de mutantes chatos. Já Fabulosos, do Claremont, tem seus altos e baixos, que foram salvos graças aos ótimos desenhistas. Já Academia X, estou pasmo como deu uma melhorada. Antes era aquela história de colegial, bobinha, agora deu uma guinada. E ainda tem mais coisas por vir. Mas uma série só não sustenta a revista.
Fil Felix é ilustrador e escritor. Criador dos conceitos e personagens do universo da Central dos Sonhos. Fã de HQs, gosta de escrever reviews desde 2011, totalizando mais de 600 delas em 2023. Já escreveu sobre arte para diversos blogs como Os Imaginários e a Coluna Asas da editora Caligo. Ilustrou seu primeiro livro infantil em 2021: Zumi Barreshti, da editora Palco das Letras.