Arcos Principais: Tarde Demais Para Chorar (Too Late For Tears), Ninhada (Brood) e Volta ao Lar (Homecoming).
Publicação Original/ Brasil: Cable #16-25 (Marvel, 2009)/ X-Men Extra #104-114 (Panini, 2010).
Roteiro/ Arte: Duane Swierczynski/ Paul Gulacy, Gabriel Guzman.
Este review comenta os últimos arcos da série do Cable escrita pelo Duane Swierczynski (Bloodshot e Aves de Rapina), com spoilers. Os primeiros dois arcos, Bebê em Guerra e Esperando o Fim do Mundo, ocorrem logo após o Complexo de Messias: Nathan é responsável por proteger e correr com a bebê Esperança pelo futuro, fugindo de Bishop, que deseja matá-la a todo custo (ele acredita que ela é a responsável pelo seu futuro). Esses primeiros arcos foram divertidos e, apesar de achar muito enrolado, a arte de Ariel Olivetti deu um charme à parte. Em seguida veio o crossover Guerra Messiânica com a X-Force, que foi muito bom. Voltando à história principal, os últimos arcos (edições #16-25) retomam a perseguição de Bishop, mostra Esperança mais crescida e o retorno da dupla ao presente. Uma ladainha sem fim!
TARDE DEMAIS PARA CHORAR
Esse arco pequeno em duas partes abre passagem para o “evento” que finaliza a série. Cable e Esperança (com uns 14 anos) vão se teleportar, mas se soltam no meio do processo, acabando por enviá-la 2 anos no passado e ele permanecendo no lugar. A garota precisa se virar sozinha nessa nova realidade, conhecendo o jovem Emil na “Cidade Limpa”. Só que Bishop também chega nesse lugar, enquanto Cable é dominado pelo vírus em seu corpo, já que está fraco. Dois anos se passam até Esperança encontrar novamente Cable, quando as duas cidades dessa realidade (a “limpa” e a “suja”) estão criando duas naves para saírem do planeta. Além do Bishop ter recuperado seu braço mecânico, ele possui uma espécie de bomba nuclear que pretende usar para matar Esperança. Mas advinha… ele não usa porque não tem certeza se ela está na mesma cidade que ele. São tantas chances desperdiçadas nessas 24 edições de Cable, que nem dá pra enumerar.
NINHADA
O arco seguinte, em três partes, já mostra as duas naves das cidades partindo da Terra e entrando em guerra no espaço. Pra piorar, a Ninhada invade as instalações e começam a matar todo mundo. Até que dá um impulso legal na série, mas não o suficiente. Esperança tem uma quedinha por Emil, que não conhece toda a sua história. A Rainha da Ninhada domina Bishop para tentar localizar a garota, que é uma grande fonte de poder. Na adrenalina, Emil coloca Cable e Esperança nas únicas duas capsulas de terraformação do lugar, os enviando pro espaço, deixando que tudo se exploda pra trás, com a Ninhada e tudo. Mas… Bishop foge a tempo e entra numa espécie de baleia espacial! A perseguição é tanta que parece neurose, tanto do Lucas em ir atrás quanto do Nathan em fugir.
Se passam outros dois anos, com as capsulas viajando pelo espaço e chegando perto da Terra, mas ainda com a baleia em seu encalço. Quando todos são sugados pela atmosfera, as naves se espatifam toda. Mas a baleia permanece intacta! Cable já parte pra colocar armadilhas e uma dinamite dentro dela, mas descobre que Bishop havia fugido… Mais cenas de perseguição! Na edição #21, quando ele aponta uma arma pra cabeça da Esperança e atira (finalmente¹!), ela desperta seu poder mutante e consegue parar a bala. Irada, ela parte pra cima do inimigo e, quando (finalmente²!) vai matá-lo… Nathan a impede, pois ela não vai querer “ter sangue nas mãos“…. Really, queen? Toda essa epopeia, depois de matar meio mundo de gente, tem surto de heroísmo com o cara que quer vê-los morto a todo custo?
VOLTA AO LAR
As edições finais é recheada de…. mais perseguição de Bishop e teleportes. Cable destrói o mecanismo de teleporte de Lucas e começam a viajar no tempo pra tentar chegar ao presente, mas uma espécie de backup do inimigo acaba o levando junto. Nessas edições foram tantos mecanismos (e braços) quebrados, que nem tentei entender de onde ressurgem. Assim, quando a dupla vão pro passado; Bishop também vai automaticamente. Então a dupla vai pro futuro; e ele também. Aí voltam pro passado; e ele também. E vão nesse vai e vem até chegar no presente, afunilando a viagem.
Algo legal, pra não dizer que os arcos são de todo ruim, é que em cada viagem eles entram em contato com eventos históricos (como a Revolução Francesa) e acabam alterando um pouquinho o presente, como aparecerem num livro didático. Perto do fim, Cable dá uma sova em Bishop e o envia pro cacete, pro fim do mundo no futuro, sem (aparentemente, mas como já vimos, pra tudo se dá um jeito) o seu mecanismo de teleporte. Na década de 1990, Cable mostra à Esperança onde sua jornada com os X-Men começaria, indo num depósito particular e pegando armas, se dirigindo pra Mansão X e prontos para fazer mais um teleporte e (finalmente³!) chegarem ao presente, livres de Bishop e prontos para a próxima saga, que foi o Segundo Advento. Esses pequenos momentos finais foram bem divertidos, mas toda a perseguição de Bishop encheu o saco. Se nos primeiros arcos tínhamos a arte de Olivetti pra dar um charme, nesses nem isso. Paul Gulacy (Hipérion Vs Falcão Noturno) e Gabriel Guzman (Star Wars: O Clamor das Sombras) são os dois desenhistas principais, que são bons e bastante ágeis, com destaque para a parte da Ninhada, mas não possuem aquele “q” do Olivetti. Muitos gostam dessa fase de Cable escrita pelo Swierczynski, mas particularmente (como comentei no primeiro especial), acho que toda a história poderia caber em 6-12 edições. Chega a ser cansativo e repetitivo toda a perseguição, que perde seu foco (de salvar o mundo, pela visão dos dois) pra entrar numa obsessão sem sentido, num novelão mexicano.
A edição #25 é um especial com o Deadpool, mostrando como o mercenário participou do resgate da bebê Esperança por Nathan, na guerra contra o time do Senhor Sinistro e pré-Complexo de Messias. Divertido, mas sem grande relevância.
Fil Felix é autor, ilustrador e psicanalista. A Central dos Sonhos é seu universo particular, por onde aborda questões como memórias, desejos e infância. Fã de HQs, escreve seus comentários sobre quadrinhos desde 2011, totalizando mais de 600 reviews. Já escreveu sobre arte para diversos blogs como Os Imaginários e a coluna Asas da editora Caligo. Ilustrou os livros infantis Zumi Barreshti (2021, Palco das Letras) e Meu Avô Que Me Ensinou (Ases da Literatura), entre outras publicações.