Como de praxe, a revista se inicia com X-Treme X-Men, o “carro-chefe” entre os spin-offs, escrita pelo veterano Chris Claremont e com os desenhos do sempre consistente Salvador Larroca (Invencível Homem de Ferro). Focada em encontrarem os diários perdidos de Sina, esta nova equipe dos X-Men são capturados e massacrados por um novo vilão: Vargas. A tentativa de ser uma série “extrema” é frustrante. Na história passada mataram a Psylocke e nesta o Fera está por um fio, mas como vimos em X-Men #9, Hank está vivo e numa outra forma (a qual não foi claramente explicada nesta edição). Mais um velório realizado (perdi as contas de quantos já foram desde que comecei a resenhar os mutantes) e os destaques ficam para os convidados de honra: Capitão Britânia e sua esposa Meggan, ambos ex-Excalibur e irmão e cunhada de Psylocke, respectivamente; e ao final, onde é retomado o foco da série, com suspeitas de envolvimento do Professor X com Vargas, na tentativa de impedirem a procura dos diários. De resto, continua a narrativa já batida do Claremont.
Para os leitores mais novos, nesta edição é mostrado um retcon da Psylocke, contando um pouco da sua origem, de sua vida como espiã e de seu relacionamento com a ex-Clube do Inferno Sábia, agora integrante dos X-Treme. Será interessante presenciar a reação do Anjo, namorado dela (ou ex, após a entrada do novo Pássaro Trovejante), quando souber da morte.
Em seguida, os Exilados. Escrita por Judd Winick (Lanterna Verde, Mulher-Gato) e desenhada pelo Mike McKone (Academia Vingadores), é bastante interessante e consegue aproveitar e explorar o já batido tema de viagens no tempo. Na edição anterior houve a surpreendente morte do Professor X de outra realidade e de Magnus, filho do Magneto, também de outra realidade. Sua substituição é logo feita, com a adição da Solaris, e são encaminhados para um dos mais importantes momentos dos X-Men: o julgamento da Fênix. Ao contrário do que poderíamos imaginar, nessa nova realidade eles terão que matar Jean e evitar que a Fênix devore todo o mundo. A conclusão será feita na próxima edição.
É uma série bastante “polida”, com uma narrativa e arte legal, boas sacadas, sem escorregões, mas que, pelo menos pra mim, não possui um grande atrativo. Pelo menos é superior à X-Treme X-Men, além de uma leitura bastante agradável, principalmente pelos momentos hilários do Morfo.
Na seqüência vem a Nova X-Force que, pra mim, é a melhor série do mix. Criada por duas mentes surreais, o resultado é incrível e se destaca entre as séries mutantes por ser, justamente, diferente. O roteiro é do Peter Milligan (Shade, Enigma) e com os desenhos e cores de Mike e Laura Allred (Art Ops, Red Rocket 7), surge uma equipe de “heróis” despreparados e egoístas, que filmam todas as suas missões com o único objetivo de fazer sucesso. Sem medo de arriscar, mortes “de verdade” já ocorreram nas duas histórias anteriores e, infelizmente, ocorre uma outra nesta história. Citando uma frase da Panini: “será que restará alguém vivo nessa equipe?”.
Desta vez, eles precisam resgatar um menino que está sendo utilizado para vários testes, ao estilo Laranja Mecânica de ser. Porém, precisam acreditar nas informações de um cara que “vende” informações, o que pode não dar certo. Além de toda a arte estilizada, a narrativa é bastante dinâmica e o destaque fica para as cenas onde apresentam os membros, em especial do Bloke, o mutante capaz de se camuflar. É a primeira vez que vejo um beijo gay numa série mutante, prova da ousadia de Milligan (lembrando que a equipe possui outros membros do “movimento”, ainda não revelados). O estranho é que, na sessão de cartas, alguns leitores demonstram não gostar dessa nova X-Force. Bom, eu já era um fan dos autores (Milligan por O Extremista e o casal Allred por Madman) e estou curtindo bastante essa série.
Finalizando a edição, a segunda parte (de 4) da série Vampira, da linha Icons da Marvel, responsável por (re)contar algumas origens ou momentos obscuros de certos personagens. A moça, depois de tocar (sem querer) no Professor X e ser xingada por seus colegas, logo em seus primeiros dias como X-Man, acaba correndo e se refugiando numa cidadezinha. Lá, conhece um pastor de ovelhas e se mete numa encrenca. É uma história agradável, mas sem nenhuma surpresa. O roteiro é da Fiona Kai Avery (Aranã – Coração de Heroína, Witchblade – Obakemono), acostumada a lidar com heroínas; e arte de Aaron Lopresti (Liga da Justiça: Geração Perdida), menos badalado na época. Infelizmente, a Panini não reproduziu a capa original numa página inteira, e sim num minúsculo quadro. Infelizmente, pois elas são da Julie Bell, brilhante pintora e esposa do badalado Boris Vallejo.
Em suma, X-Men Extra #9 mantêm o padrão das histórias anteriores, quem está gostando de determinada série continuará gostando e quem não está gostando… bem, terá que continuar lendo 🙂 Apesar de ser uma leitura agradável para fans dos mutantes, está longe de ser ótima, como foi em X-Men #9, com a estréia de Grant Morrison.
Fil Felix é autor, ilustrador e psicanalista. A Central dos Sonhos é seu universo particular, por onde aborda questões como memórias, desejos e infância. Fã de HQs, escreve seus comentários sobre quadrinhos desde 2011, totalizando mais de 600 reviews. Já escreveu sobre arte para diversos blogs como Os Imaginários e a coluna Asas da editora Caligo. Ilustrou os livros infantis Zumi Barreshti (2021, Palco das Letras) e Meu Avô Que Me Ensinou (Ases da Literatura), entre outras publicações.