[Review] Aventuras Disney: A Volta do Zé Carioca e Outras Histórias!

Arcos Principais: Volta, Zé… Volta!, Um Cochilo de Marajá (Pennichella numero uno), A Seleção Científica (Paperina e la selezione scientifica), O Bem Malquisto (The Unwanted Will).
Publicação Original/ Brasil: Topolino #3353, #3354 e Anders And & Co. 2012-30 (Walt Disney, 2020)/ Aventuras Disney #18 (Culturama, 2020).
Roteiro/ Arte: Arthur Faria Jr. e Paulo Maffia, Giorgio Salati, Gaja Arrighini e Daan Jippes/ Moacir Rodrigues Soares, Enrico Faccini, Silvia Ziche e Daan Jippes.

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Faz um tempo que não pego uma mensal Disney pra ler ou acompanhar desde que a Culturama passou a publicar as revistas, em vez disso passei a focar em algumas histórias especiais como Mickey: Tudo Isso Acontecerá Ontem e Essencial Disney: Tio Patinhas versus Maga Patalójika. Na época da Editora Abril, eu lia e acompanhava pelo Social Comics (já que o lançamento era simultâneo com o das bancas) e me acostumei ao digital. Mas recentemente a Culturama havia anunciado que traria o Zé Carioca de volta e o melhor: com histórias inéditas! A expectativa foi lá em cima e tive a certeza que era o momento de retornar. Com quatro histórias inéditas, sendo uma do Zé Carioca, essa edição de Aventuras Disney não desapontou! Confira o review especial sem muitos spoilers:

VOLTA, ZÉ… VOLTA!

A história que abre a edição é Volta, Zé… Volta, com argumento de Paulo Maffia e roteiro do Arthur Faria Jr. (Cinto de… Utilidades e Tanto Barulho por Nada) com os desenhos de Moacir Rodrigues Soares, 12 páginas tratando literalmente do sumiço do Zé! Na vila Xurupita não se fala em outra coisa a não ser o paradeiro do papagaio, que não dá as caras faz tempo. A Rosinha, coitada, só chora e se lamenta com o pai, morrendo de saudade do namorado! Rocha Vaz, seu pai e inimigo do Zé, começa a mexer uns pauzinhos pra tentar pelo menos descobrir onde ele está a fim de agradar a filha. Até mesmo Nestor, Pedrão e Afonsinho tentam levantar fundos para ajudar na volta do Zé Carioca. E o interessante na história é exatamente essa metalinguagem com o mundo real, já que o roteirista poderia simplesmente criar uma história comum do personagem, com alguma de suas tramoias ou calotes. Mas preferiu mostrar que ele estava longe da vila há muito tempo e que todos estão com saudade.

Só pra contextualizar melhor, o Zé Carioca surgiu no filme Alô, Amigos de 1942, mesmo ano que estrearia nas tiras de jornal e em revista em quadrinhos. Aqui no Brasil, a primeira história escrita por um brasileiro e estrelada por ele foi em A Volta do Zé Carioca de 1960, publicada em Pato Donald #434 (Editora Abril). E até o ano 2001, a Abril chegou a publicar centenas de histórias com o Zé, porém depois dessa data o ritmo baixo muito. Entre 2001 e 2018 (quando a Abril parou de publicar as HQs Disney) ela produziu ou traduziu poucas histórias do Zé, bem esporadicamente! Ou seja, a mensal própria do Zé Carioca sobrevivia de republicações. Cheguei a resenhar algumas das últimas aqui como Um Natal Cheio de Fantasias e Viva Eu, Viva o Entrudo. A editora Culturama, que agora publica o material Disney, aproveitou que o público e os fãs estão órfãos de conteúdo novo do papagaio há anos e produziu essa HQ inédita, brincando justamente com essa ausência.

E a decisão foi muito bem acertada, gerando barulho nas redes sociais e uma alta expectativa por parte dos leitores. Um ponto que vale comentar é que essa edição também calhou de acontecer junto do retorno da editora às bancas, já que muitos estavam com dificuldade de encontrar as revistas pra comprar. Uma outra decisão acertada da Culturama foi incluir a matéria Zé Carioca: a Grande Aventura Editorial Brasileira, com informações, curiosidades, referências e imagens da história do personagem. Algo que agrega e muito à revista, tanto como material de apoio pra quem já conhece quanto para quem está começando agora a ler. E eu me encaixo nesse segundo grupo: passei a acompanhar mais em 2017 (e foi justamente com o Zé Carioca, na história Os Incríveis Anos 50).

UM COCHILO DE MARAJÁ

As três histórias seguintes são protagonizadas por outras personagens, mas a Culturama prometeu que teremos mais inéditas do Zé Carioca! Em Um Cochilo de Marajá, o Pato Donald precisa ir até a Caixa Forte do Tio Patinhas e acaba levando acidentalmente o seu gato Ronron. Com o roteiro de Giorgio Salati e desenhos de Enrico Faccini, é uma história inédita italiana narrada pelo ponto de vista do gatinho, que tenta a todo custo tirar um cochilo entre as moedas e notas do Patinhas. Ela é simples, mas conta com a participação da Maga Patalójika, que sempre é resultado de boas risadas.

A SELEÇÃO CIENTÍFICA

Apesar da revista trazer como destaque o retorno do Zé Carioca, a história italiana A Seleção Científica possui 26 páginas e é escrita por Gaja Arrighini e desenhos de Silvia Ziche, além de outras 5 páginas de material extra. Ou seja, ela ocupa quase metade da revista! Margarida recebe a visita de duas patas cientistas, uma que conversa com robôs e outra especialista em cheiros, que estão na cidade para darem uma palestra. Professor Pardal e Peninha também fazem uma participação especial, cada um com sua invenção. É uma história bastante longa e não foi das minhas preferidas, se estendendo muito em algumas partes e com poucas cenas engraçadas, mas vale por trazer várias personagens diferentes fazendo uma ponta, mostrando a interação entre elas, algo que não é muito comum de se ver, já que geralmente cada história traz seu núcleo bem definido. A Margarida parecia que estava virada na cafeína!

O material extra, entretanto, agrega valor à história: conhecemos as cientistas Luisa Torsi e Barbara Caputo, que inspiraram diretamente a criação das duas cientistas que aparecem na porta da Margarida. Além de fotos e curiosidades do mundo da ciência, tem também um bate papo rápido com elas abordando a profissão e a importância de haver mais mulheres nesse meio. Muito legal.

O BEM MALQUISTO

Fechando Aventuras Disney #18, temos a história O Bem Malquisto escrita e desenhada por Daan Jippes (O Mapa Perdido). Gansolino recebe um terreno e a missão de encontrar água nele como herança de um desconhecido, por ser a pessoa com nenhuma ambição que ele já chegou a conhecer! E isso vai ficando evidente quando o Gansolino encontra várias coisas de valor no terreno, mas nada que lhe chame a atenção, preferindo muito mais um copo d’água. Um diferencial na história é que os desenhos seguem no formato de 4 tiras por página, em vez das 3 tradicionais que vimos nas anteriores.

Gostei muito dessa edição, tanto pelo conteúdo quanto pelo acabamento e capricho da editora. Algo que eu sempre reclamava e sentia falta nas mensais da Abril era exatamente a falta de material extra, algo que vi em dobro aqui. Não cheguei a ler as outras mensais, mas espero que seja algo que ela esteja realmente adotando, pois faz totalmente a diferença na leitura. E fica a expectativa de como vão trazer o Zé Carioca para 2020 (já que nessa história só tivemos um gostinho), como vão modernizá-lo e preencher essa lacuna de 20 anos. Muita coisa que acontecia lá em 1990, por exemplo, estão bem diferentes hoje em dia.

E só pra não esquecer: Culturama, coloca as revistas de novo na Social Comics!!

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