Arcos Principais: A Dupla Personalidade (Zio Paperone e le streghe in azione), O Celular Enfeitiçado (Zio Paperone e il telefonino stregato), A camélia contumélia (Zio Paperone e la camelia per Amelia).
Publicação Original/ Brasil: Topolino #812, #2628 e #2630 (Walt Disney, 1971, 2006)/ Essencial Disney #1 (Abril, 2012).
Roteiro/ Arte: Rodolfo Cimino, Carlo Gentina, Stefania Lepera/ Giorgio Cavazzano, Stefano Intini, Alessio Coppola.
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Tava com saudade de ler alguma HQ da Disney! Resolvi pegar a coleção “Essencial Disney” que a editora Abril publicou em 2012, com cada edição trazendo um mix de histórias inéditas e republicações em torno de um tema ou núcleo de personagens, uma maneira de apresentar um pouco do Universo Disney aos leitores. E como sou bem novo nesse universo, acho que será uma boa! A primeira edição se chama Tio Patinhas versus Maga Patalójika, com 3 histórias grandes e 1 curtinha estreladas pelo velho muquirana e sua arqui-inimiga! E o melhor, com exceção da primeira, todas elas são inéditas! Review especial sem muitos spoilers!
A DUPLA PERSONALIDADE
“A dupla personalidade” é uma história de 1971 escrita por Rodolfo Cimino e com os desenhos de Giorgio Cavazzano (Pato Donald: O Pato Sem Passado), que já havia sido publicada aqui no Brasil ainda na década de 1970, mas com algumas alterações na diagramação. Essa, então, é a primeira vez que saiu em seu formato original. Nela, o Tio Patinhas instala um robô gigante no telhado da Caixa-Forte, funcionando como um para-raios anti bruxaria, uma maneira de impedir os feitiços da Maga Patalójika. Vendo que precisa pensar numa outra maneira de roubar a moeda número 1, a Maga pede ajuda da pata Roberta (essa edição, inclusive, é a primeira onde ela aparece). As duas resolvem seguir até a Montanha Invertida, onde ficam as personalidades anuladas dos grandes personagens, na tentativa de encontrar a personalidade generosa do Tio Patinhas. Seguindo o contexto dessa coleção “Essencial Disney“, foi uma boa maneira de se iniciar, trazendo uma história mais antiga e reforçando a intriga que há entre o Patinhas e a Maga, envolvendo o desejo dela pela moedinha número 1, que reza a lenda dará mais força à bruxa.
Os sobrinhos do Donald (que protagonizam a edição seguinte da coleção), os escoteiros mirins, também fazem uma participação importante e pensam em trazer a personalidade corajosa do Tio Donald, viajando até a Montanha. É preciso entrar na magia em algumas situações, já que acontece várias viagens de um lugar pro outro num curto espaço de tempo, tudo acontecendo bem rápido e o final também é pá pum, do nada. Cavazzano tem algumas sacadas bem interessantes na arte, como uma pequena sequência “invertida” quando adentram na Montanha (que inclusive forma um rosto de ponta-cabeça).
O CELULAR ENFEITIÇADO
A segunda história é mais recente, de 2006, escrita por Carlo Gentina e com desenhos de Stefano Intini (Mickey: A Arca da Arte). Um vendedor porta a porta vende um par de celulares mágicos para a Maga: ela manda um de presente pro Patinhas e, quando ela liga pra ele, o velho acaba fazendo tudo que ela manda em linha. Ela pede, além da própria moeda número 1, que ele passe a se vestir de coelho ou pinte toda a Caixa-Forte (parecia até que o Romero Britto tinha passado lá), tirando o maior sarro! Ela quer que o Patinhas perca toda a sua fortuna. Os escoteiros mirins entram em cena mais uma vez pra tentar reverter o feitiço. Uma história engraçada e inédita, com participação especial do Pardal. Os desenhos do Stefano Intini são bastante estilizados, indo mais pro cartoon dos desenhos animados, particularmente não curti tanto sua versão da Maga (gosto do estilo tradicional nela).
UHUUU, ANIMAL!
E falando na Maga Patalójika, ela é uma das minhas personagens preferidas! As vezes morro de rir só de olhar pra ela, pro cabelo preto a lá Morticia Addams e suas caras e bocas. E “Uhuuu, Animal“, uma história curtinha de apenas 3 páginas e publicada em 2010, retrata muito bem isso! Escrita por Terry LaBan e com desenhos de Jordi Alfonso, a Maga utiliza uma poção para se transformar em animais, lembrando sua raízes na deusa grega Circe, a fim de se passar por um rato, gato ou cachorro e entrar na Caixa-Forte. Mas com um detalhe: todos os animais continuam com o seu cabelo preto, como uma peruca. Simplesmente hilário! Morri de rir só de ver os desenhos. Queria até que fosse mais longa.
A CAMÉLIA CONTUMÉLIA
Finalizando essa primeira edição de Essencial Disney, a Camélia Contumélia é uma história de 2006 escrita por Stefania Lepera e com desenhos de Alessio Coppola. Depois de mais uma tentativa frustrada de roubar a moedinha, a Maga começa a chorar sem parar por horas, tudo na frente do Patinhas. Eles começam a conversar e chegam num acordo: se ele encontrar uma flor rara pra ela, a tal da Camélia contumélia, a bruxa promete dar uma trégua. O Tio Patinhas, então, entra numa viagem pelo mundo tentado localizar a misteriosa flor. Mas quem pode acreditar numa bruxa? Numa sequência, o velho precisa interagir com duas patas japonesas vestidas com kimono e tudo, visualmente bem engraçado!
À essa altura do volume, o leitor já tem bem definido a rixa que há entre o Patinhas e a Maga, sempre envolvendo a moedinha número 1, assim como os principais pontos da personalidade de cada um. Como leitor ainda novato no Universo Disney, foi uma leitura bastante agradável, pude aumentar meu repertório da velha intriga entre os dois, reforçando também alguns pontos importantes dessa mitologia. Mas ao contrário de algumas histórias que li nas mensais, principalmente do Tio Patinhas (como Natal no Orfanato), nenhuma dessas aqui realmente me impressionou ou tocou, mas ainda assim foram uma leitura divertida (especialmente a curtinha Uhuuu, Animal), além de uma boa introdução pra contextualizar tudo.
Fil Felix é autor, ilustrador e psicanalista. A Central dos Sonhos é seu universo particular, por onde aborda questões como memórias, desejos e infância. Fã de HQs, escreve seus comentários sobre quadrinhos desde 2011, totalizando mais de 600 reviews. Já escreveu sobre arte para diversos blogs como Os Imaginários e a coluna Asas da editora Caligo. Ilustrou os livros infantis Zumi Barreshti (2021, Palco das Letras) e Meu Avô Que Me Ensinou (Ases da Literatura), entre outras publicações.