Arcos Principais: Um Natal Cheio de Fantasias e Quase Tudo Por Dinheiro.
Publicação Original/ Brasil: Histórias principais originalmente publicadas em 1996 e 1997 (Walt Disney)/ Zé Carioca #2439 (Abril, 2017).
Roteiro/ Arte: Gérson L. B. Teixeira e Arthur Faria Jr. / Gustavo Machado e Eli Leon.
Todas as mensais Disney desse mês foram especiais de Natal e Fim de Ano, com capas e histórias temáticas. A do Zé Carioca trouxe duas histórias principais: Quase Tudo Por Dinheiro e Um Natal Cheio de Fantasias, publicadas originalmente entre 1996 e 1997, com 11 páginas cada. E outras mais curtinhas fecham a edição. Como de costume, nenhuma é inédita, sendo republicações dos anos 1960, 1970, 1980 e 1990. E apesar da chamada Feliz Natal na capa, algumas das histórias não são natalinas. Ah, eles usaram a mesma capa da edição #2246 de 2003! Review sem spoilers!
UM NATAL CHEIO DE FANTASIAS
Publicada originalmente em 1997, a história que abre a edição é escrita por Gérson L. B. Teixeira e com desenhos de Gustavo Machado. Nela, o Zé Carioca tenta bolar um plano pra entrar na festa de Natal da Rosinha, já que teve sua presença proibida pelo Rocha Vaz. O Zé tem a ideia de se vestir de Papai Noel, porém o Zé Galo escuta tudo e resolve sacaneá-lo. Duas coisas ficaram bem legais aqui, a primeira é em como o Rocha Vaz morre de medo que sua filha case com o Zé, tendo um piripaque ao saber que os dois poderiam fugir e se casar às escondidas, já que ainda são noivos. E perto do final, quando eles estão na Vila Xurupita, num clima super sambista, aquele clima de roda de música, muito legal!
A maioria das histórias curtas focam no fato do Zé não gostar de trabalhar. Na segunda, A Zebra de Natal (1981), ele junta um dinheiro pra comprar um presente pra Rosinha. Só que em vez de comprar o presente direto, ele compra um ticket de loteria, porque o que vale é a intenção! A terceira, Natal de Fechar o Comércio (1968), temos uma outra questão bem interessante nessa edição, que é a interação dos personagens do núcleo dele com outros de Patópolis, como o Donald. E também é uma história bem bacana, com um milionário chegando na cidade e querendo bancar a maior Festa de Natal que os cidadãos já tiveram, provando ser tão rico quando o Patinhas. Na quarta história, O Guia Turista (1973), Zé arrisca de guia turístico e percebe não fazer muito o seu perfil, viajando por pontos essências do Rio, que me lembrou da animação Você Já Foi à Bahia?. Enquanto na quinta, O Dedo-Duro (1988), vemos seu lado espertão, subindo no telhado pra avisar o que está acontecendo pela vizinhança, recebendo presentes em troca.
QUASE TUDO POR DINHEIRO
A segunda história principal, Quase Tudo Por Dinheiro, foi publicada originalmente em 1996, escrita por Arthur Faria Jr. e com desenhos de Eli Leon (que também assina a capa). E apesar de não ser natalina, talvez seja a minha preferida dessa edição. Nela, o Pedrão fica furioso ao cair num programa de pegadinha. Claro que se trata de uma paródia do clássico programa Topa Tudo Por Dinheiro, que fez sucesso nos anos 1990 e passava no SBT. Só isso já deixa o clima bem cômico, com várias cenas hilárias, impossíveis de não associar ao Silvio Santos. Fecha a edição a curtinha Ano Novo, Vida Nova (1968), sobre o fim de ano e os novos objetivos para o ano que chega, claro que nenhum deles é trabalhar. De maneira geral, essa Zé Carioca #2439 foi bem divertida, trazendo histórias de 4 décadas, dando um panorama de como eram escritas e desenhadas, fazendo o gosto dos leitores mais nostálgicos e nos mostrando um Rio que sempre adoramos ver. Porém mantém algo que vários leitores, até mesmo esses nostálgicos, estão pedindo há tempos: a presença de histórias inéditas. A Abril não publica algo inédito na revista há anos, além de manter a cor e os textos originais, que reforçam a nostalgia, mas permitem certos erros como coloração fora da linha e uma grafia que não se usa mais (como “êle”).
Fil Felix é autor, ilustrador e psicanalista. A Central dos Sonhos é seu universo particular, por onde aborda questões como memórias, desejos e infância. Fã de HQs, escreve seus comentários sobre quadrinhos desde 2011, totalizando mais de 600 reviews. Já escreveu sobre arte para diversos blogs como Os Imaginários e a coluna Asas da editora Caligo. Ilustrou os livros infantis Zumi Barreshti (2021, Palco das Letras) e Meu Avô Que Me Ensinou (Ases da Literatura), entre outras publicações.