Arcos Principais: Viva Eu, Viva o Entrudo! e O Pandeiro Mágico.
Publicação Original/ Brasil: Histórias principais originalmente publicadas em 1983 e 1961 (Walt Disney)/ Zé Carioca #2441 (Abril, 2018).
Roteiro/ Arte: GIvan Saidenberg e Cláudio de Souza / Roberto O. Fukue e Jorge Kato, Waldyr Igayara de Souza.
A edição de fevereiro da Zé Carioca traz, como de costume, 6 republicações de histórias antigas. Destaque para duas de Carnaval, comemorando esse mês de folia: Viva Eu, Viva o Entrudo! e O Pandeiro Mágico. Por algum motivo que ainda não entendo muito bem, a capa traz uma piada e não tem nada a ver com o conteúdo da revista, algo que é comum nessas mensais Disney (ou até da Mônica). Review especial sem spoilers!
VIVA EU, VIVA O ENTRUDO!
A história que abre é escrita por Ivan Saidenberg e com desenhos de Roberto O. Fukue, publicada originalmente em 1983. “Entrudo” era uma festa que se fazia no Brasil imperial e que deu origem ao Carnaval de maneira que conhecemos hoje, com as brincadeiras, confetes pro alto e cia. Aqui, a Rosinha dá uma festa de Carnaval em sua casa, imitando os costumes do Brasil colônia, com Fukue recriando vestimentas típicas e tudo o mais. Ver o Zé de baiana é impagável! No lugar, estão alguns membros da ANACOZECA (Associação Nacional dos Cobradores do Zé Carioca), que começam a persegui-lo. Um desenvolvimento muito legal, engraçado e com um bom texto, com eles citando várias marchinhas, mas trocando a letra pra algo do momento.
O PANDEIRO MÁGICO
A segunda história carnavalesca foi publicada originalmente em 1961 e traz a estréia do Pedrão Feijoada, sendo escrita por Cláudio de Souza e com desenhos de Jorge Kato e Waldyr Igayara de Souza. Nela, Zé está com uma doença que o impede de sambar, acabando por encontrar um curandeiro que tem o remédio ideal pra isso. O interessante é fazer um contra-ponto com a história anterior, de como os personagens mudaram esteticamente, de como a Rosinha é mostrada, do rosto do Pedrão (que aqui é desenhado com aquela pegada estereotipada ainda). O tal do Pandeiro Mágico surge no meio do caminho, um item que leva o samba por onde vai. Legal que, por se passar no Rio de Janeiro, relembra essa pegada do samba, típico da cidade. Há cenas muito bonita, como essa acima, mostrando o efeito do pandeiro.
CINTO DE… UTILIDADES? e TANTO BARULHO POR NADA
Essas duas histórias foram escritas por Arthur Faria Jr., ambas da década de 1990. Cinto de… Utilidades? traz desenhos de Paulo Borges e o Zé no papel de Morcego Verde, a paródia do Batman, testando um novo cinto de utilidades com o Nestor. Enquanto Tanto Barulho Por Nada é desenhada por Eli Leon, muito engraçada. O Nestor deixa um saco cheio de moedas pro Pedrão e o Zé olharem, só que os dois são bem folgados e acabaram deixando o lixeiro levar o saco (já que não sabiam o que tinha dentro). O desenrolar é hilário!
DUREZA DE LIMPEZA e MAL DE FAMÍLIA
As duas histórias finais são Dureza de Limpeza, que traz o estranho alienígena Limpos, viciado em limpeza, ajudando o Zé e o Nestor na casa da Dona Josefina, após se comprometerem a lavar a louça depois de uma feijoada. Os desenhos são de Carlos Edgard Herrero, datando de 1978, e talvez os meus preferidos dessa edição, o traçado e a cor mais definidos se destacam. E Mal de Família, onde o Zé tenta passar a perna no INSS, se disfarçando de velho, mas acaba confundido com seu vô, o Zé Paiva, que era tão caloteiro quanto ele. Uma boa edição da mensal Zé Carioca, com duas histórias carnavalescas bem engraçadas e interessantes por trazer essa estréia do Pedrão e dar ao leitor um panorama de como eram desenhados esses personagens e como evoluíram com o passar do tempo. A capa, como comentei, poderia ter seguido a temática.
Fil Felix é autor, ilustrador e psicanalista. A Central dos Sonhos é seu universo particular, por onde aborda questões como memórias, desejos e infância. Fã de HQs, escreve seus comentários sobre quadrinhos desde 2011, totalizando mais de 600 reviews. Já escreveu sobre arte para diversos blogs como Os Imaginários e a coluna Asas da editora Caligo. Ilustrou os livros infantis Zumi Barreshti (2021, Palco das Letras) e Meu Avô Que Me Ensinou (Ases da Literatura), entre outras publicações.