Arcos Principais: Não Há Morada Pra Vocês Aqui (No Home For You Here) e A Busca por Steve Trevor (The Search for Steve Trevor).
Publicação Original: Trinity #16-22 (DC, 2018).
Roteiro/ Arte: James Robinson/ Patrick Zircher, Jackson Herbert e Tyler Kirkham.
A série Trindade surgiu no Rebirth da DC com a ideia de unir os três principais heróis da editora: Superman, Mulher-Maravilha e Batman. Mostrando o relacionamento entre eles, as semelhanças e diferenças. Com um primeiro volume bastante interessante e bonito em Melhor Juntos, a série seguiu com um volume dois razoável em Espaço Morto e depois se redimiu com o ótimo Destino Sombrio, o terceiro volume envolvendo uma outra trindade da DC, a de místicos: Zatanna, Constantine e Desafiador. Infelizmente a série só sobreviveu por mais um quarto e último volume, composto por dois arcos que vão da edição #16 à #22 e, pra tristeza do leitor, com uma história bem ruim! Tanto que li no final do ano passado e só agora tive ânimo pra escrever esse texto. Review especial com alguns spoilers!
NÃO HÁ MORADA PARA VOCÊS AQUI
A Mulher-Maravilha não consegue achar o caminho de volta pra Themyscira e, na tentativa de localizar um portal para o seu lar, ela e o Superman e o Batman localizam um vórtex no meio do mar, acabando por serem puxados por ele e transportados para um outro lugar, uma terra medieval com homens-lagartos guerreiros e tudo o que as “Terras Selvagens” da vida tem. Quando a gente lê muita HQ de herói, começa a perceber alguns clichês que são utilizados à exaustão. E um deles, que particularmente odeio, é esse da terra paralela/ alternativa, com pegada medieval mas ainda tecnológica, dinossauros, guerreiro, feiticeiras e cia. E nesse arco temos o pacote completo. A terra se chama Skartaris e possui um rei que está em apuros. A filha dele, uma maga, pede a ajuda da trindade para libertar o reino. O roteiro é de James Robinson (Esquadrão Supremo) e utiliza tudo que é lugar comum dessas histórias. Há momentos que são puro trash, como essa maga retirar os poderes deles como parte de um plano tosco. Mesmo quando há situações interessantes, como os três terem um super envelhecimento, acabam se perdendo no meio das tosqueiras. Os desenhos de Patrick Zircher (Shadowman) seguem um estilo mais clássico, com os personagens bem sisudos e bonitos. Mas o design e, principalmente, o figurino de alguns beiram o ridículo. Como o rei e o vilão que usam tangas.
A BUSCA POR STEVE TREVOR
O final de Não Há Morada Pra Vocês Aqui leva a Mulher-Maravilha para uma outra busca, dessa vez pelo Steve Trevor, seu namorado. O vilão Deimos de Skartaris está por detrás do sumiço do soldado e, mais uma vez, James Robinson nos entrega uma história recheada de clichês. Dessa vez é o do mocinho que se transforma num monstro e passa a atacar a todos em sua volta. Nesse caso, o Steve que se transforma numa espécie de Hulk irracional e temos o típico discurso “Fulano, não se lembra de mim? Você consegue sair do controle do ciclano”. Antes disso, nas buscas por ele, a trindade enfrenta algumas ameaças que também seguem o estilo de “primeira horda“, com as buchas de canhão indo na frente pra depois descobrirmos a real ameaça. Só que mesmo trocando o desenhista, com algumas edições desenhadas por Jackson Herbert, ainda temos Deimos e o rei de Starkaris com a tanga. Não dá pra levar a sério. E outra vez: há pontos interessantes, como a inversão dos poderes de cada um, mas que acabam tendo um desfecho ruim. Enfim, dois arcos que poderiam finalizar a série com chave de ouro, restabelecendo a conexão da Diana com Themyscira e Steve Trevor, mas que não fogem do lugar comum e entregam um roteiro batido e situações bregas.
Fil Felix é autor, ilustrador e psicanalista. A Central dos Sonhos é seu universo particular, por onde aborda questões como memórias, desejos e infância. Fã de HQs, escreve seus comentários sobre quadrinhos desde 2011, totalizando mais de 600 reviews. Já escreveu sobre arte para diversos blogs como Os Imaginários e a coluna Asas da editora Caligo. Ilustrou os livros infantis Zumi Barreshti (2021, Palco das Letras) e Meu Avô Que Me Ensinou (Ases da Literatura), entre outras publicações.