Arcos Principais: Colisão (Collision) e Fábulas da Reconstrução (Fables of the Reconstruction).
Publicação Original/ Brasil: X-Men Legacy #238-244 (Marvel, 2010)/ X-Men #121-122 e #124 (Panini, 2012).
Roteiro/ Arte: Mike Carey/ Clay Mann e Paul Davidson.
Após os eventos do Segundo Advento, a última parte da trilogias da “Messias”, esses são os dois primeiros arcos de X-Men Legado, ainda sob o roteiro de Mike Carey (Lucifer, O Inescrito), que tenta explorar personagens menos conhecidos ao mesmo tempo que mostra as consequências do ataque de Bastion. O resultado tem seus pontos altos, mas no geral é meio mais do mesmo. Review especial com spoilers.
COLISÃO
Ciclope ainda tá bravo com Vampira por ela não ter obedecido suas ordens durante o Segundo Advento. E como “punição” (ou pegação no pé), ele pede que ela acompanhe o bonitão do Indra até a Índia, resolver uma urgência familiar, nesse arco em 4 partes. Loa e Anole se juntam na viagem, assim como Magneto, que tem um problema pra resolver lá também, percebendo uma espécie de distúrbio magnético no lugar. A “urgência” é que o irmão de Paras está em coma, devido estranhos raios que vem assolando a cidade, prejudicando seu casamento. O pai dele quer, então, que ele se case no lugar do irmão, honrando a família. Só que nesse processo, uma estranha surge de um dos raios e diversos robôs estilo Sentinela surgem para capturá-la e matar quem estiver no caminho (como a turminha).
Mais ataques de Sentinelas! A estranha se chama Luz e é uma das 30 pessoas que os Filhos da Câmara vão usar para estabelecer sua “cidade” entre as dimensões. Como ela fugiu, foram enviados para recuperá-la. Mike Carey reúne, num só arco, vários personagens flopados: Indra e Loa praticamente não tiveram nenhum momento de destaque até então, eu mesmo nem sabia direito os poderes deles! Anole teve um pouco mais de sorte, ganhando um papel importante após seu braço ter sido arrancado no arco Em Busca de Magia. Os Filhos da Câmara surgiram no interessante Supernovas, criados pelo Carey. Mas não voltam com a mesma força. Com os Sentinelas derrotados, os próprios Filhos aparecem para fazerem o trabalho. Engraçado que com o pau comendo, o pai do Indra ainda pensa no fucking casamento!
Magneto e Vampira são capturados pelos vilões e Indra precisa casar antes de tentar salvá-los… Impressionante! Quando pensei que tudo floparia, até que dá uma engatada perto do final. Luz é uma personagem cativante, ela consegue criar e modelar “luz”, estando 100% nem aí com os outros, trocando de lugar com a noiva (usando seus poderes para “maquiar”), a enviando pros Filhos enquanto ela finge casar com o Paras, arruinando tudo. Como eles levaram a “Luz falsa”, a máquina com as 30 pessoas dos (dentre elas o Magneto) acaba falhando e a cidade entra em colapso, saindo de entre as dimensões e se chocando com a cidade indiana. Tudo termina em paz, claro, com Paras dando um chega pá lá na família. Curioso que, em alguns reviews, tem gente que achou o arco muito bom. Eu achei meio qualquer coisa, algo que já li várias vezes, não apenas nos X-Men como do próprio Mike Carey. Além dele ter trazido de volta os Filhos da Câmara, mas com menos impacto que em Supernovas, todo o lance interdimensional lembra o arco Demônio na Encruzilhada, com o Sangria. A arte é do Clay Mann (Hera Venenosa: Ciclo de Vida e Morte), com alguns momentos bons e outros nem tanto, com algumas sequências meio sem sentido (num momento está cheio de gente, logo em seguida tem ninguém, por exemplo).
FÁBULAS DA RECONSTRUÇÃO
O arco seguinte é curto, em duas edições só, mostrando a Dra. Rao criando mãos metálicas para o Satânico usar, já que as suas foram destruídas pelos Sentinelas do Bastion. Mas ele tá revoltado e manda tudo e todos pra PQP. Ciclope, pra tentar manter a imagem mutante limpa, envia uma equipe à São Francisco para ajudarem na reconstrução da cidade, dentre eles Vampira, Colossus, Magneto, Satânico, Setinela Ômega e a menina Esperança, que ainda usa aquele cachecol podre. Mas como qualquer história padrão dos X-Men, o que acontece durante a ajuda? Sim, algo dá errado e bota tudo pra fu#$. Nesse caso, o sistema da Sentinela foi afetado durante o Segundo Advento, ela fica descontrolada e começa a atacar todo mundo. Até que o Satânico, ao defender Esperança e uma criança, acaba detonando Karima, praticamente matando-a. De volta à Utopia, ele recebe um esporro de Ciclope, que recebe de volta algumas verdades. Esse final até que ficou legal, colocando em xeque nas últimas ações de Scott, mas o arco também é um lugar-comum dos X-Men. Os desenhos são de Paul Davidson (X-Club), que tem umas feições bizarras, mas é bem empolgante e ágil.
INIMIGO INVISÍVEL
Como prelúdio da próxima grande saga, A Era X, a edição #244 mostra Olhos Vendados prevendo algo grande e terrível em Utopia. Ciclope não dá tanta bola, mas pede que Vampira fique de olho na menina. Enquanto a própria Olhos inicia suas investigações, fazendo perguntas pra galera (funcionando também pra dar ao leitor um panorama de como estão as coisas, como Gambit ainda sob influência de Apocalipse e Legião sendo tratado pelo Clube X), a Vampira vai investigar o possível sumiço de alguns alunos e acaba encontrando um monstro da dimensão do Sangria. A arte é de Harvey Tolibao (Arqueiro Verde), bem mais interessante que Mann e Davidson, num estilo reluzente muito bonito. Colisão e Fábulas da Reconstrução tem seus bons momentos, como a Luz (que é mais interessante que metade da galera que foi pra India), a tentativa de explorar o Indra (mas que pouco faz, de fato) e a porradaria entre Satânico e Sentinela Ômega, mas no geral é algo bem qualquer coisa que fica no terreno comum e super explorado das tramas dos X-Men.
Fil Felix é autor, ilustrador e psicanalista. A Central dos Sonhos é seu universo particular, por onde aborda questões como memórias, desejos e infância. Fã de HQs, escreve seus comentários sobre quadrinhos desde 2011, totalizando mais de 600 reviews. Já escreveu sobre arte para diversos blogs como Os Imaginários e a coluna Asas da editora Caligo. Ilustrou os livros infantis Zumi Barreshti (2021, Palco das Letras) e Meu Avô Que Me Ensinou (Ases da Literatura), entre outras publicações.