Arcos Principais: Os 7 Magníficos (The Magnificent Seven).
Publicação Original/ Brasil: All-New, All-Different Avengers #1-6 (Marvel, 2015)/ Avante, Vingadores #1-? (Panini, 2016).
Roteiro/ Arte: Mark Waid/ Adam Kubert e Mahmud A. Asrar.
Diferente da DC, que já “reiniciou” seu Universo duas vezes nos últimos 5 anos (com os Novos 52 em 2011 e agora em 2016 com Rebirth ou Renascimento), a Marvel costuma zerar suas séries através de grandes eventos, mas sem abdicar de sua cronologia. Em 2015, a editora terminou o mega evento Guerras Secretas, que culminou no relançamento de todas as suas séries, dando inicio a fase All New, All Different Marvel. O que importa destacar é que, ao contrário da DC que tenta manter toda sua mitologia de maneira mais conservadora (e isso não significa que vá ser ruim), a Marvel apostou numa nova perspectiva de seus personagens e na diversidade (e isso também não significa que vá ser bom). A Panini traduziu esta nova fase de Totalmente Diferente Nova Marvel. All-New, All-Different Avengers é um dos destaques, que começou a sair por aqui na mensal Avante, Vingadores! e do qual comento o primeiro arco neste review especial, sem spoilers.
Os Vingadores, que é o maior grupo da editora, foi desligado após as Guerras Secretas e seus membros foram espalhados, inaugurando novos grupos (e mensais). Dentre eles, temos este novo grupo liderado pelo Homem de Ferro que, sem dinheiro e com a Torre dos Vingadores vendida, acaba juntando uma equipe bastante distinta e por acaso, prometendo ser os novos “Vingadores”, já que nenhum grupo está utilizando o nome, tornando-se a formação principal e um dos carros-chefe da Marvel, seguindo a nova proposta da editora, sendo super diversificada: Homem de Ferro, como membro-fundador; Visão e Capitão América (Sam Wilson), como membros experientes; a nova Thor e os jovens Nova, Homem-Aranha e Ms. Marvel como novatos.
A primeira trama do arco, responsável por reunir os membros, não é nada de novo ou diferente: um suspeito comprador da Torre dos Vingadores faz um acordo com o o vilão Warbringer, mostrando onde estão escondidos três artefatos mágicos que lhe darão super poder e fama entre os chitauris. Warbringer, então, passa a destruir tudo em seu caminho para encontrá-los. Homem de Ferro acaba encontrando por acaso o Capitão América e o Homem-Aranha (Miles Morales), no momento em que o alienígena está atacando. Eles formam um time improvisado, que em seguida recebem a adição do Nova, Ms. Marvel, Visão e Thor. Como estão sem dinheiro, Tony Stark utiliza um galpão abandonado como QG, chamando Jarvis para ajudar.
Nada de novo no front, mas o roteiro de Mark Waid (o mesmo da nova Viúva Negra), guarda alguns detalhes importantes: logo no início, Sam Wilson salva uma galera de um acidente. Ele, que antes era o Falcão, agora veste o manto do Capitão América (mas ainda com as suas asas e o falcão Asa Vermelha como mascote) e sofre preconceito tanto por ser negro quanto pelo novo uniforme. Nesse início algumas pessoas dizem “não o meu Capitão América” (not my Captain America), uma referência ao “not my president” que muitos norte-americanos proclamavam contra o ex-Presidente Obama. Em outro momento, ele é abordado por várias crianças vendendo biscoito, mas só tem dinheiro pra comprar uma caixa e todos a volta (com celulares em mãos) querendo saber se ele irá escolher a garotinha negra ou branca.
A resolução desse primeiro conflito dura 3 edições e é desenhado pelo ótimo Adam Kubert (Novos Mutantes). Mas é só a partir da edição #4 que as coisas realmente dão uma guinada. Percebemos que Mark Waid quer abordar as diferenças entre os membros, mas com leveza e bom humor. A segunda parte do arco foca em como a equipe começa a se estruturar e lidar com seus próprios problemas. Visão, que também estreou uma nova e ótima série solo, é o fio condutor: após passar por uma “recauchutada” em sua programação, passa a ter um comportamento suspeito e afetando os colegas.
O clima bem humorado fica por conta do trio de jovens e inexperientes: Ms. Marvel (Kamala Khan), que é super fã da equipe, com direito a fazer fanfics deles; o mais novo integrante da Corporação Nova, Sam Alexander, que é impulsivo e tem um affair pela Khan; e o queridinho Miles Morales, o Homem-Aranha do Universo Ultimate que foi absorvido pelo Universo tradicional da Marvel, sempre pronto pra tirar um sarro dos clichês vilanescos. O convívio dos três adolescentes com os mais adultos é cheio de conflitos e bons momentos. A Thor também consegue se destacar, sendo a integrante poderosa, divertida e pronta pro combate. Num momento até dizem que ela está mais para o Hércules que para o Thor Odinson.
A segunda parte é desenhada por Mahmud A. Asrar (Wolverine e os X-Men), que continua o bom trabalho de Kubert, criando cenas de ação muito boas, com destaque para o combate entre Visão e o Ciclone. A Marvel fez questão de caprichar no visual da revista, todas as capas principais são feitas pelo Alex Ross (LJA – Liberdade e Justiça) e são incríveis. A da edição #4, com Sam Wilson beijando a Thor, já indica a relação que a editora quer desenvolver entre os dois, que começa bem sutil e delicada. A nova Thor, que é a Jane Foster (como vimos em sua estréia em A Deusa do Trovão) sofre de câncer e, quando des-transforma, fica bastante fragilizada.
Como li numa resenha, esta Novos e Diferentes Vingadores trata-se de pessoas, acima de tudo. E sobre como elas, independente de cor, religião e idade, decidem se juntar e formar um novo grupo do zero. Como geralmente ocorre nas histórias dos X-Men, o destaque são estas relações e suas problemáticas. O pano de fundo, porém, não é novidade pra ninguém: é a velha história genérica de supers, com vilões de longa data e sem muito carisma junto de viagens no tempo que causam x problemas (e que nem tento mais entender). Não há algo realmente extraordinário, mas vale a leitura por trazer personagens mais humanizados e que cativam.
Fil Felix é ilustrador e escritor. Criador dos conceitos e personagens do universo da Central dos Sonhos. Fã de HQs, gosta de escrever reviews desde 2011, totalizando mais de 600 delas em 2023. Já escreveu sobre arte para diversos blogs como Os Imaginários e a Coluna Asas da editora Caligo. Ilustrou seu primeiro livro infantil em 2021: Zumi Barreshti, da editora Palco das Letras.