Arcos Principais: O Único Jogo da Cidade (The Only Game in Town) e Invasão Secreta (Secret Invasion).
Publicação Original/ Brasil: X-Factor #28 ao #38, She-Hulk #31 e X-Factor: Quick and Deadly (Marvel, 2008)/ Wolverine #54 ao #61 (Panini, 2009).
Roteiro/ Arte: Peter David/ Pablo Raimondi, Valentine de Landro, Larry Stroman, Vincenzo Cucca.
A série X-Factor Investigações foi criada pelo Peter David em 2006 e teve um primeiro ano excelente, principalmente por manter uma equipe artística mais ou menos fixa e apostar no clima sombrio e noir. Sem dúvida, foi uma das melhores séries dessa época. O segundo ano da revista foi menos impactante, lidando com o vilão não muito carismático Isolacionista. Em seguida Madrox e Layla Miller tiveram uma participação importante na saga Complexo de Messias. Este especial comenta os eventos que aconteceram logo em seguida, com alguns spoilers. O terceiro ano da revista, que cruza a saga Invasão Secreta.
O ÚNICO JOGO DA CIDADE
O ponto alto de qualquer história X quase sempre não é a ação, como em boa parte das outras séries de heróis. O ponto alto está nas crises e relacionamentos dos personagens, não sendo diferente em X-Factor. O primeiro grande arco desse terceiro ano, O Único Jogo da Cidade, traz importantes mudanças na mitologia das personagens: Syrin descobre estar grávida de Madrox e Monet, claro, sugere que ela aborte. Rahne resolve deixar a equipe, pois teme prejudicar os amigos (ela acaba entrando na X-Force). Um ponto interessante, nesse pós-Complexo de Messias, é que Jamie Madrox adquiriu a cicatriz em forma de “M” que sua duplicata teve no futuro.
A equipe, com todos esses problemas, precisa enfrentar o vilão Arcade, que coloca uma redoma sobre a cidade, impedindo qualquer um de sair ou entrar nela, além de capturar Rictor numa máquina de tortura. Há alguns destaques nesse conflito, principalmente pra M: ela leva um choque num determinado momento, ficando com o cabelo armado o resto da história. Imagina a reação dela… É hilário.
Com a cidade ainda presa sob a redoma e pessoas pegando fogo, Val Cooper fica furiosa. Rictor, que está sem poderes, vê que a única saída é destruir o computar/ base do Arcade, anulando a redoma. Mas a situação não está fácil para o grupo. Val dá duas opções a eles: ou ficarão sob proteção do Governo (terão que desistir da carreira de investigação) ou terão que trabalhar para a UNI. Claro que ninguém aceita e o desenrolar é muito bom, com Jamie explodindo todo o QG na cara da Val e desaparecendo com sua equipe, mudando de cidade.
INVASÃO SECRETA/ O PRÊMIO DARWIN
Passados cinco meses, a XFI está com novo QG em Detroit e com direito a Syrin de barrigão. Eles recebem a missão do pai de Darwin, que está procurando pelo filho. Apesar de terem fugido de Val, ela continua sabendo de tudo da equipe. Aqui que começa um pequeno crossover com a série da Mulher-Hulk: Darwin está pela redondeza andando com Longshot, um skrull disfarçado.
Na série da Mulher-Hulk, ela chega em Detroit com sua parceira Jazinga para pegar um “amuleto” e tentar impedir que ocorra a Invasão Skrull. A verdona é sempre engraçada, acabando por brigar com Monet, Fortão e Madrox. É o famoso bate primeiro, pergunta depois. Nenhuma novidade, mas vale pelo humor. Monet e Darwin conseguem revelar a identidade Skrull de Longshot, que é o “amuleto” Talismã. A Mulher-Hulk se une ao XFI para enfrentar o alienígena e a conclusão é meio tosca: Darwin retira forças do além, porque está a fim de M, e bate de frente com o Talismã, mudando de cor.
O Longshot verdadeiro aparece na cidade e se junta à equipe, entregando Darwin ao Sr. Munoz. Mas tudo não passava de um truque: Munoz entrega o filho ao Projeto Karma, pensando que receberia um dinheirão, mas só ganha um tiro na testa. Darwin passa a ser torturado e, mesmo com seus poderes, não consegue se livrar de uma espécie de bolha.
O clímax ocorre quando o grupo invade o QG do projeto e precisa enfrentar um exército de cópias do Darwin. O próprio líder do local, percebendo que está perdendo, já que seus experimentos possuem várias falhas, explode o subterrâneo. Claro que todos ainda sobrevivem, mas as cópias começam a derreter, libertando o Darwin original. Enquanto isso, Val está conversando com Syrin e acabam numa discussão, que faz a bolsa dela estourar. Aqui acontece uma cena muito boa: Val, pedindo ajuda aos seus soldados do lado de fora, acaba levando um tiro por acidente. Sy, mesmo com a bolsa estourada, pega Val e sai voando para o Hospital mais próximo!
Esses últimos arcos tem momentos interessantes e engraçados, principalmente envolvendo M e a Mulher-Hulk. Mas foram todos meio pombo. Sem grandes pretensões nem emoções. A mudança de desenhistas também não ajuda, principalmente porque o estilo de Larry Stroman (Legião Alien) é voltado pro cartoon e estilo mais Image, que não sou muito fã e seus rostos parecem de sapo. Enquanto Valentine de Landro (Marvel Knights: 4) e Raimondi (Madrox) possuem um traço mais polido e são muito bons, mas não fazem tudo. A “pseudo-obrigação” de entrar na Invasão Secreta e um crossover também tira aquela aura do início da série, de funcionar paralelamente, ainda que em conjunto com o Universo X (ao contrário de Surpreendentes X-Men, que é a parte mesmo).
RÁPIDO E MORTAL
Só pra finalizar e perceber como X-Factor deu uma decaída, temos o especial em one-shot Rápido e Mortal. Mercúrio é protagonista, preso logo depois da briga com Layla Miller. Ele está delirando, virando chacota para os outros detentos. Mas em meio às ilusões ele vê, através da janela da cela, uma mulher sendo jogada de um prédio, acabando por despertar seus poderes DO NADA e destruindo a cela para salvá-la. Extasiado, dá a volta ao mundo. Mas, do nada, perde mais uma vez os poderes. O roteiro ainda é do Peter David e arte de Vincenzo Cucca, que cumpre seu papel. Mas a história, mesmo, não tem nada de mais.
Fil Felix é autor, ilustrador e psicanalista. A Central dos Sonhos é seu universo particular, por onde aborda questões como memórias, desejos e infância. Fã de HQs, escreve seus comentários sobre quadrinhos desde 2011, totalizando mais de 600 reviews. Já escreveu sobre arte para diversos blogs como Os Imaginários e a coluna Asas da editora Caligo. Ilustrou os livros infantis Zumi Barreshti (2021, Palco das Letras) e Meu Avô Que Me Ensinou (Ases da Literatura), entre outras publicações.