Direção/ Ano: Jack Cutting, 1939
O Patinho Feio é um conto infantil criado por Hans Christian Andersen e publicado em 1843 na Dinamarca, com sucesso de público e crítica e ganhando diversas adaptações, sendo o curta da Disney uma das mais famosas. A história é sobre um ovo de cisne chocado por uma pata e, ao nascer, o filhote é discriminado pelos outros animais por ser diferente dos outros patos, por ser “feio”. Com o passar do tempo o patinho feio cresce e se torna um lindo cisne. Uma das diferenças entre o conto e o curta é o tempo em que o patinho demora para “se encontrar”, levando meses no original e minutos nesta versão da Disney.
É uma animação muito simpática e de fácil assimilação à qualquer pessoa, desde crianças à adultos. Não há falas, sendo reproduzidos apenas os sons das aves, quebrando a barreira da língua, e a trilha-sonora segue o bom e velho estilo da série Silly Symphonies. No início, logo quando o ovo é chocado, há uma discussão entre o Sr. e a Sr. Pata sobre a “paternidade” do filhote, fica nas entrelinhas que o pai imagina que a pata o tenha traído. Não aceito pela família, o patinho feio tenta se enturmar com outros animais, mas sempre sem sucesso.
A história passa diversas mensagens, como aceitação do diferente e de se auto-aceitar, muito indicado às crianças. Não tem como passar indiferente com as tentativas de socialização do patinho, frustradas até encontrar sua “tribo”. A animação é muito suave e finaliza a série das “Sinfonias Ingênuas” de boa maneira, após 74 curtas (1929-1939). A mudança de planos na produção de animações do estúdio é perceptível já no Oscar do ano seguinte, onde a Disney não recebe indicações, após 8 vitórias consecutivas desde o surgimento da categoria.
O legado do conto Patinho Feio se estende até hoje e este curta é um dos responsáveis por eternizar o personagem. A Dinsey é, sem dúvidas, uma das produtoras que mais adaptou contos e fábulas com sucesso, como os curtas anteriores Os Três Porquinhos, A Tartaruga e a Lebre, O Primo do Campo e Ferndinando, o Touro. Tudo isso somente na década de 1930.
Fil Felix é autor, ilustrador e psicanalista. A Central dos Sonhos é seu universo particular, por onde aborda questões como memórias, desejos e infância. Fã de HQs, escreve seus comentários sobre quadrinhos desde 2011, totalizando mais de 600 reviews. Já escreveu sobre arte para diversos blogs como Os Imaginários e a coluna Asas da editora Caligo. Ilustrou os livros infantis Zumi Barreshti (2021, Palco das Letras) e Meu Avô Que Me Ensinou (Ases da Literatura), entre outras publicações.