[Especial] X-Factor: Mística Entra Pra Equipe!

Arcos Principais: Em Busca de Havok (Wreaking Havok).
Publicação Original/ Brasil: X-Factor #108-114 (Marvel, 1994)/ X-Men #101, Os Fabulosos X-Men #16, X-Men #102-103, #109-110 (Abril, 1997)
Roteiro/ Arte: John Francis Moore/ Jan Duursema, Jeff Matsuda, Jerry Bingham, Steve Epting.

A Mística é uma das minhas personagens preferidas, ela leva o terrorismo mutante a outro nível, sendo capaz de manipular e agir até mesmo contra o próprio filho humano, em prol de seus objetivos. Pesquisando seus uniformes, cheguei nesse preto que ilustra a capa da X-Factor #114 (1994). Fiquei apaixonado e resolvi começar a ler a fase em que ela o usa, quando é caçada e presa pela X-Factor e forçada a se juntar à equipe. Um arco em 7 edições (#108-114) escrito pelo John Francis Moore, antes da série seguir rumo com o Howard Mackie. Tenho certo preconceito com alguns materiais de herói da década de 1990, mas dei um voto de confiança e acabei me surpreendendo! Review especial com spoilers!

CAÇADA AO LEGIÃO

Confesso que de início foi difícil pegar o jeito da narrativa, que é reflexo da época. Hoje estamos acostumados com narrativas super ágeis e menos diálogos, e nesse arco temos a típicas caixas de recordatórios, explicando as cenas, e muitos balões com falas explicando as ações. Passando isso, vemos a Mística tramando assassinar o Legião, que encontra-se em coma. É um início que faz parte da saga clássica Era do Apocalipse. Até então a Mística estava dada como morta, porém ela ressurge e quer vingança pela morte da Sina, ocasionada por um Legião fora de controle no passado. Esse confronto dura duas edições (#108-109) e é muito interessante por trabalhar a Mística da maneira que mais gostamos: insana, calculista e sem medo de atingir seus objetivos. Ela chega a tentar o velho golpe da enfermeira: se disfarçando de uma pra dar uma injeção letal no filho do Xavier, que acaba despertando do coma na hora e contra-atacando. Essa sequência é muito boa, a Raven fica com sangue no olho e arremessa uma van na multidão, pra despistar a X-Factor (que era formada pelo Destrutor, Forge, Polaris, Guido e Lupina) que vem perseguindo-a, pra depois pensar se salva ou não uma Val Cooper inconsciente no mar, pra chegar na conclusão que foda-se! Um outro ponto muito bom é que, mesmo ficando nas entrelinhas, vemos o quanto ela gostava da Sina (talvez a única pessoa que, de fato, ela amou e se importou), dando a entender que eram namoradas. Algo que gostei no roteiro do John Francis Moore é como ele utiliza de ironia em diversas situações, deixando algumas cenas bem engraçadas e mais descontraídas. A cena em que ela deixa a Val pra trás é hilária! As duas edições terminam com o Legião saindo louco e mandando toda a X-Factor pra Madripoor.

A CHEGADA DE LILA CHENEY

Essas primeiras edições são desenhadas por Jan Duursema (Star Wars: Legacy), que traz todo o estilo que fez a cara dos anos 1990, que por um lado curto muito (quando bem estilizado) e por outro detesto (quando sai tudo torto). Adoro o visual da Mística na mini Caçada Mortal (1993) desenhada pelo Mark Texeira: pernas longas, botas, jaqueta, cabeleira farta, tudo bem exagerado. E esperava algo do tipo nesse arco, que ocorre logo em seguida. Mas não é bem assim… Duursema tem uma pegada mais rústica, faz um cabelo espetado, as mulheres com a cintura fina e em posições bem bizarras. Mas uma hora acabamos entrando na magia e nas duas edições seguintes (#110-111), a arte fica mais suave e a história foca na X-Factor perdendo a Mística de vista e caindo no olho do furacão, com um monstro gigante surgindo de um ovo no lago de Madripoor. É o momento que a Lila Cheney também aparece no lugar, ela que é rockstar e ladra interestelar, ex-patroa do Fortão. O ovo que gerou toda a confusão era dela, que já era fruto de um roubo, e acabou roubado por um terceiro, indo parar na Terra. Uma confusão só! E uma parada divertidíssima, já que a Lila também é insana e muito louca. Infelizmente, num momento crítico, o Fortão acaba absorvendo o impacto de um prédio e desmaiando. Seu coração não aguentou.

EM BUSCA DE HAVOK

As três edições seguintes (#112-114) fecham essa fase escrita pelo Moore e ocorrem logo após X-Men: Gênesis (o final da saga Era do Apocalipse), onde a X-Factor precisou continuar sua busca pela Mística, agora sem a Lupina (que foi pra Ilha Muir) e sem o Fortão (que entrou em coma), colocando o Selvagem no lugar. Nessa edição especial, Val Cooper localiza a terrorista numa barragem, onde ela pretendia explodir uma bomba, e acaba sendo capturada pelo Forge. Apesar da captura, o Destrutor fica com os poderes fora de controle, explodindo o lugar do mesmo jeito e desaparecendo. A edição #112 começa com ele no Japão, após passar por diversos lugares, sendo perseguido por dois grupos diferentes: a espiã Scarlett McKenzie (da mini Destrutor e Wolverine: Fusão), que quer levá-lo à Genosha; e por Fatale, a assassina europeia contratada pra impedir isso. Forge coloca um implante inibidor de poderes na Mística e a força a cooperar com a equipe, na busca pelo Destrutor. Os desenhos dessa edição são de Jeff Matsuda e, como quase toda história dos X-Men que se passa no Japão, temos ninjas robóticos, mafia japonesa e afins. Um ponto positivo é que a a Mística ganha uma nova aparência, agora de cabelo curto e uniforme preto com detalhes em branco. É também quando começa sua birra com o Forge, o qual já teve um relacionamento no passado, jogando na cara o romance que ele teve com a Tempestade.

E como quase toda história dos X-Men que se passa no Japão², também temos a presença da querida Yukio! A edição #113 foca no Destrutor, meio inconsciente e descontrolado, sendo capturado por Fatale, que consegue tombar com toda a X-Factor. A mulher é do bicho! Ela tem um ferrão retrátil, envenenando geral. A Yukio faz uma ponta especial, surgindo pra salvar o Alex do cativeiro, logo antes dele explodir com tudo. Os desenhos são de Jerry Bingham, bem mais suaves que os anteriores e com menos cara de anos 1990. É o momento em que o Destrutor veste seu uniforme clássico, que inibe seus poderes, e dá uma esculhambada por ver a Mística na equipe. Destaque para a luta entre Fatale e Yukio, muito boa.

A última edição, fechando essa fase com o Francis Moore, é excelente. Foi a minha preferida. Todos voltam pro QG da X-Factor e é hora de colocar os pontos nos is. Forge e Val decidem que a Mística ficará na equipe, que será mais útil assim do que presa. Afinal de contas, os três já trabalharam antes na Força Federal. E como parte dos procedimentos, seus inibidores são testados periodicamente: ela não pode ficar em outra forma por mais de 30 segundos, levando choque quando ocorre. Os desenhos passam a ser de Steve Epting (Batwoman), ótimos, todo mundo fica bem mais bonito em seu traço. A Mística ganha um novo visual, agora com jaqueta e botas pretas (mais semelhante ao que comentei no início, da mini Caçada Mortal) e também ganha uma franja. Linda! Sem contar que ela fica debochadíssima! São várias ironias envolvendo Forge e a Tempestade, além de começar a circular pela X-Factor com um ar de deboche sensacional. Numa cena, a Val pega ela vendo as câmeras de segurança, estampando um sorriso impagável. Em tão pouco tempo ela foi capaz de quebrar a segurança do local, imagina o que ela não vai aprontar se for mantida “presa”?

Acabei me surpreendendo com este arco da antiga X-Factor. Apesar de alguns momentos meio trashs, no geral é muito interessante, explora várias características da Mística, e prepara terreno pra uma nova fase da equipe. A ideia era ler somente esse arco, mas fiquei entusiasmado com o final, trazendo a Raven do jeito que gosto, além de uma tensão entre o Forge e o Destrutor, sem contar que a trama envolvendo a Fatale e Scarlett não foi concluída. Talvez eu continue lendo e resenhando aqui no site. O que me deixa com um pé atrás é que o Francis Moore, autor que gosto bastante (ele também escreveu outra personagem preferida minha: Batman: Hera Venenosa e Um Conto de Batman: Estufa) só fez este arco. A fase seguinte continua nas mãos de Howard Mackie (Capitão América), que não conheço tanto, porém ainda com a arte de Epting, o que já é um ponto positivo. Veremos…

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