[Especial] Mulher-Maravilha Rebirth: As Mentiras!

Mulher-Maravilha - As Mentiras Destaque 1

Arcos Principais: As Mentiras (The Lies).
Publicação Original/ Brasil: Wonder Woman Rebirth e Wonder Woman #1, #3, #5, #7, #9 e #11 (DC, 2016)/ Mulher-Maravilha #1-6 (Panini, 2017).
Roteiro/ Arte: Greg Rucka/ Liam Sharp.

Mulher-Maravilha - As Mentiras 1

A DC tem o costume de reestruturar seu Universo de maneira mais agressiva que a Marvel, que prefere manter toda sua cronologia, mas reiniciando as revistas e tomando novos rumos de tempos em tempos (como a recente All-New, All-Different Marvel). Já a DC teve eventos mais drásticos como a Crise nas Infinitas Terras em 1985, que alinhou a história de todos os personagens, e mais recentemente os Novos 52 em 2011 que foi mais radical, reiniciando toda a cronologia (com poucas exceções). Algo que divide opiniões, mas que abocanha novos leitores e boas vendas a curto prazo. E nem 5 anos após os Novos 52, a DC resolve organizar a casa mais uma vez! DC Rebirth (ou Renascimento) começou em maio de 2016 e zerou todas as suas séries, mas mantendo os acontecimentos dos Novos 52 e agregando pontos de sua cronologia anterior. Uma espécie de reboot, mas com um apanhado geral de toda sua história. A Mulher-Maravilha agora é escrita por Greg Rucka (Wolverine, Elektra) num sistema bem diferente do que estamos acostumados a ver: dois arcos rolando alternadamente; enquanto as edições de número ímpar ocorrem no presente com “As Mentiras”; as pares se passam no passado com “Ano Um“. Este review comenta o recém finalizado As Mentiras (The Lies), sem spoilers.

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A fase da Mulher-Maravilha durante os Novos 52, escrita por Brian Azarello (Coringa), foi bastante elogiada pela crítica e agora, além do autor ter a responsabilidade de manter um bom trabalho, é importante lembrar que o filme dela vem aí e, como sabemos, as editoras tendem a “sincronizar” as duas mídias. Sabendo que muita gente pode vir atrás do quadrinho depois de ver o filme, é interessante para a DC que a história não seja tão distante do longa. E o resultado é um primeiro arco que apresenta as principais características da heroína, pra contextualizar o leitor: como saiu de Themyscira para salvar o mundo de Steve Trevor, seu relacionamento com as demais amazonas, como funciona seu laço da verdade, a localização da Ilha Paraíso, seus bordões e traz até a sua arqui-inimiga, a Mulher-Leopardo. Essa é a principal função desse arco: apresentar a personagem ao público. A segunda função é restabelecer a personagem no pós-Novos 52: Diana tem esquecido de várias coisas e tem dificuldade de saber o que ela realmente vivenciou ou não, por isso o nome “As Mentiras”, ela acredita que vem sendo enganada por algo, além de não conseguir encontrar Themyscira.

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A história ocorre em três frentes, que se colidem no final. A primeira é da Diana indo visitar a própria Mulher-Leopardo, pedindo sua ajuda para encontrar Themyscira. Há um embate entre as duas, mas se entendem e chegam a um acordo: ela promete ajudar à encontrar a ilha, contando que tenha seu apoio para matar Urzkartaga, o deus que a transformou em chita. A outra frente é protagonizada por Steve Trevor, que também está indo de encontro à Urzkartaga, mas para libertar as mulheres que seu súdito Cadulo aprisionou. E por último temos Etta Candy, sua melhor amiga, comandando a equipe de Trevor e lidando com uma possível agente infiltrada. O arco resolve essa pendência com Urzkartaga, mas termina aberto, dando mais conteúdo pro Rucka desenvolver.

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Os desenhos são de Liam Sharp (Testamento), num estilo mais classudo de ser, me lembrando um pouco do John Byrne (A Sensacional Mulher-Hulk). As cores de Laura Martin (Novos Vingadores) também ajudam a dar o tom de HQ mais séria, fugindo do colorismo dos super-heróis, criando cenários com efeitos de luz incríveis. Mas a arte é meio 8 ou 80: alguns momentos a Mulher-Maravilha é retratada super masculinizada, em outros mais feminina; seu rosto também tem diversas versões. E Sharp AMA cenas com as personagens de perfil. É uma constante em todas as edições. Mas no geral é um estilo muito bonito.

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As Mentiras é um arco bom, feito para contextualizar o novo leitor (e funciona muito bem pra isso), colocando a Mulher-Maravilha numa nova fase, lidando com Steve Trevor mais uma vez e buscando respostas para seu esquecimento e por não conseguir encontrar Themyscira. Porém,  é isso. Greg Rucka já havia escrito a série da Mulher-Maravilha antes (2003-2006) e tem histórico pra fazer muito mais. A impressão que fica (assim como o início do novo Demolidor, que também veio de uma ótima fase) é de termos algo genérico em mãos, sem aquele TCHAN que precisamos. Felizmente, não é uma perda total. Barbara Minerva, a Mulher-Leopardo, ganha um ótimo desenvolvimento, lidando com a perda de sua humanidade e a fome por carne humana.

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