Nome Original: Batman: Mr. Freeze
Editora/Ano: Mythos, 2003 (DC, 1997)
Preço/ Páginas: R$5,90/ 52 páginas
Gênero: Ação/ Super-Herói
Roteiro: Paul Dini (a editora creditou erroneamente John Francis Moore)
Arte: Mark Buckingham & Wayne Faucher (a editora creditou erroneamente Brian Apthorp & Stan Woch)
Sinopse: Victor Fries, o Sr. Frio, quer vingança pela morte da esposa, culpando o Batman pelo ocorrido. Insano, congela Robin e gera um caos em Gotham, matando todos que cruzarem seu caminho.
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Faz tempo que não lia uma one-shot tão sem sal quanto esta “Batman: Sr. Frio”, que me desapontou em diversos níveis, pois considero o vilão bem interessante e esperava mais… bem mais. A começar pelo erro da Mythos, que creditou John Francis Moore e Brian Apthorp como roteirista e desenhista, respectivamente, sendo que na realidade ambos estão em “Batman: Hera Venenosa“, a editora deu uma confundida e copiou o expediente dessa outra HQ. Como tinha comentado no review da Hera, as duas fazem parte de um especial produzido pela DC em 1997 para acompanhar o lançamento do filme “Batman & Robin”. Além desses dois títulos (Hera Venenosa e Sr. Frio), saíram um da Batgirl (também lançado pela Mythos) e um do Bane, ainda inédito por aqui.
O verdadeiro roteirista de “Batman: Sr. Frio” é Paul Dini, o mesmo da excelente LJA – Liberdade e Justiça e uma das mentes por trás das animações da DC. Um nome de peso, porém com pouca expressividade nessa HQ. A história é extremamente simples e clichê, utilizando de um recurso narrativo pra lá de batido pra mostrar o passado do Victor Fries. Em resumo: o Sr. Frio está congelando todo mundo em Gotham City, porque odeia a cidade e se acha no direito de decidir quem vive e quem morre; o Batman está planejando como atacá-lo, pois errou da primeira vez e Robin acabou sendo congelado. Em meio a falação do vilão, ele relembra a infância e temos um flashback de sua história (que é praticamente a HQ inteira), até chegar no presente.
Tudo muito caricato. Fries foi uma criança problemática que sempre teve uma queda por congelar animais; sofreu nas mãos dos pais e da escola; cresceu reprimido e só encontrou a felicidade ao se casar com a linda Nora Fries. Empenhado em sua pesquisa com criogenia, acabou congelando a esposa ao saber que estava prestes a morrer de um câncer raro. Tudo culmina num embate com o Batman, acabando por quebrar o invólucro de Nora e explodindo o laboratório. É nesse momento que Victor ganha seus poderes, se tornando o Sr. Frio e jurando vingança contra o Homem-Morcego.
Sua história é interessante, porém toda a narrativa é fraca e sem profundidade. Suas intenções até teriam sentido (ele congelou Robin e Gothan pra atingir o que o Batman mais ama), se não fosse o clima caricato e sequencias desnecessárias. Num momento o Batman luta até com ursos polares e uma foca geneticamente modificados. Os capangas de Fries, aqueles com roupas de inverno, tem utilidade nenhuma. Não há emoção quando Robin é congelado. As pessoas morrendo em Gotham não possui clímax. E assim por diante.
Os desenhos são de Mark Buckingham, da série Fábulas, outro grande artista que não estava em seus melhores dias. A sua versão do Sr. Frio, com o capacete embaçado, é muito estranha e inferior à versão clássica (com os óculos), que ele também desenha pra retratar seu passado. Algumas sequências são bonitas, mas nada de muito extravagante, sem nenhuma sequência visualmente interessante, nem os ornamentos típicos da série Fábulas.
“Batman: Sr. Frio” mostra pela primeira vez (segundo a chamada da DC) o passado e origem do vilão e assim possui alguma relevância. Fora isso, a HQ é simplista com um roteiro batido e clichê (mais um vilão destruindo Gotham…); a arte é okay, mas nada além disso. Tanto Paul Dini quanto Mark Buckingham, excelentes criadores, falharam em produzir algo que tinha grandes potenciais. Sem contar o erro da Mythos. Mesmo assim, vale a aquisição pelo valor “coleção”, já que o especial da Hera é bem melhor e fica bonito ter os três álbuns juntos.
Os quatro álbuns dessa coleção não passam de fillers do filme de 1997, mas acabam sendo peças de colecionador, pena que a Mythos não publicou o do Bane. Aqui a imagem de todos:
Fil Felix é autor, ilustrador e psicanalista. A Central dos Sonhos é seu universo particular, por onde aborda questões como memórias, desejos e infância. Fã de HQs, escreve seus comentários sobre quadrinhos desde 2011, totalizando mais de 600 reviews. Já escreveu sobre arte para diversos blogs como Os Imaginários e a coluna Asas da editora Caligo. Ilustrou os livros infantis Zumi Barreshti (2021, Palco das Letras) e Meu Avô Que Me Ensinou (Ases da Literatura), entre outras publicações.