X-Treme X-Men: Khan seqüestra Tempestade, desejando torná-la sua rainha. Os habitantes de seu planeta não concordam plenamente com a decisão, mas ele segue seu plano. Shaitan utiliza da tecnologia local para se transformar numa cópia de Ororo e enganar os x-men que vierem ao local. Na Terra, o resto do grupo combate os soldados de Khan e se dividem para decidir quem irá resgatar Tempestade. Claremont e Larroca sabem narrar cinematograficamente cada cena da história, porém a criatividade do roteirista (um dos mais importantes na década de 1980) parece não ter sido modernizada.
Tudo acontece com bastante sofrimento, além de recordatórios que parecem não ter fim, suas marcas registradas. As ações de Khan são épicas, mas não empolgam; assim como o exagero (naves com milhões de m²), as já conhecidas apresentações de personagens e o que, pra mim, é a gota d’água nas revistas mutantes: o famoso “…temidos e odiados pela humanidade que juraram proteger”. É uma das máximas dos X-Men, porém cansa quando aparece em todas as edições. Mesmo assim, por ser mais “tradicional”, a série possui muitos fans e é o carro chefe do mix.
Exilados: parte final do arco Ataques Atlantes. O grupo é transportado para uma realidade onde Namor e seu exército resolve invadir à superfície e dominar o mundo, começando pela Latveria e prestes a ativar uma máquina capaz de “reprogramar” o ar, deixando-o respirável para os atlantes e sufocável para os humanos. É interessante ver os heróis ajudando o vilão Dr. Destino, além dele mesmo ser egoísta e colocar o pessoal lá em baixo. A história é rápida, com poucos balões e recordatórios, com destaque para a violenta luta de Namor Vs Mímico e as cenas finais, com os Exilados começando a dar a mínima às realidades que frequentam, focando no objetivo de voltar pra casa.
X-Force: História interessante que fecha um ciclo. Com a morte de Edie, a equipe precisa contratar um novo membro e para isso abrem uma espécie de concurso. Os dramas pessoas ficaram mais nítidos, como a relação entre VIvissector e Adiposo, enfrentando o desafio de se assumirem ou não; Ike e Falecida, num conturbado e rápido namoro; Sr. Sensível lamentando a morte de sua amada; e a ex-integrante Lacuna tentando tirar proveito dos últimos acontecimentos. Fica claro que Peter Milligan deu uma freada no roteiro, deixando mais “normal” e com menos absurdos, apesar do sensacionalismo típico ainda continuar presente, o que é bom, principalmente agora com a morte de Edie.
O desenhista convidado foi Duncan Fegredo (Enigma) que “emula” o estilo pop de Mike Allred. Seu traço é bem nítido, com belas expressões, porém deixa o clima mais “pesado” para a série, que é mais descontraída; as cores de Laura Allred continuam ótimas. Última edição da revista original X-Force, no número #129. Na verdade, a antiga equipe (Cable e Cia.) já não dava as caras faz tempo e a Marvel resolveu cancelar a revista e dar um nome próprio para a nova equipe, lançando sua série a partir do zero. Em X-Men Extra #22 estréia, então, os X-Táticos! Interessante comentar que a X-Force tradicional só voltaria em título próprio em 2008.
Mekanix: fecha a edição a estréia de Mekanix, série escrita por Claremont e arte de Juan Bobillo e Marcelo Sosa. Apesar da equipe de criação ser diferente, a história segue os moldes de X-Treme, parecendo até um spin-off. Kitty Pride é a protagonista, apresentando seu dia-a-dia na Faculdade e as dificuldades enfrentadas por tentar ser “normal” e esconder sua condição mutante do resto da instituição; é a volta da Lince Negra às histórias X. Para quem não se lembra, Kitty sumiu após uma missão com os X-Men e foi dada como morta, porém mais tarde revela que se ausentou do grupo para levar uma vida comum. Mais detalhes, leia [Guia] X-Men Premium #1 à #17 + Acontecimentos Anteriores (Pt 2). Esse início de série não empolga, mas também não desaponta. Claremont segue a cartilha básica dos X-Men: Kitty tenta esconder seus poderes, mas uma situação de risco irá obrigá-la à usá-los (assim como ocorreu na edição anterior). O destaque fica para Karma, que faz uma pontinha.
A briga Exilados Vs X-Force, como de costume, aparece na sessão de cartas. Um leitor comenta sobre Claremont e todo seu legado, além de elogios à X-Treme. Outro comenta que os mutantes estão deixando suas raízes de lado, já que agora são “pop”. Quando se lê uma série por muito tempo, mensalmente, fica perceptível os inúmeros clichês, imagina se o contexto não for modificado ^^ Chega de x-clichês!
Fil Felix é autor, ilustrador e psicanalista. A Central dos Sonhos é seu universo particular, por onde aborda questões como memórias, desejos e infância. Fã de HQs, escreve seus comentários sobre quadrinhos desde 2011, totalizando mais de 600 reviews. Já escreveu sobre arte para diversos blogs como Os Imaginários e a coluna Asas da editora Caligo. Ilustrou os livros infantis Zumi Barreshti (2021, Palco das Letras) e Meu Avô Que Me Ensinou (Ases da Literatura), entre outras publicações.