A Panini, ao contrário dos dois exemplos citados, preferiu lançar no mesmo “mix” duas edições da mesma série. Sendo uma revista mensal, fica óbvio que não iria demorar para a numeração nacional alcançar a original e a editora já se pronunciou a respeito, informando que terá uma pausa entre um arco e outro. A fim de curiosidade, o Desafiador protagoniza as edições #1 à #5 originais e os próximos personagens à estrelar a revista são: Desafiadores do Desconhecido (#6 à #8), Escândalo e Vandal Savage (#9 à #11) e Kid Flash a partir da #12.
Boston Brand era um trapezista egoísta, estrela do circo onde trabalhava que, num fatídico dia, é assassinado enquanto realizava um de seus números. Seu espírito se encontra com Rama, uma misteriosa entidade. Para redimir seus erros e ter outra oportunidade de “andar” sobre a Terra, ele se transforma num morto-vivo/ espírito com o objetivo de ajudar àqueles que estão passando por problemas. Entre os poderes adquiridos, o Desafiador é capaz de possuir corpos e manter sua própria forma etérea. Cansado em pular de pessoa em pessoa e perseguido pela memória das mesmas, ele convoca Rama para descobrir o real motivo dessas “missões”. Sem sucesso, decide procurar pela Bibliotecária (possuidora dos “livros da vida”) dentro da boate Rocha Luna, freqüentada por figurões de Gotham City como vampiros, lobisomens e feiticeiros, sendo recebido com hostilidade. Essa cena na boate lembra filmes como Blade e Constantine.
Escrita por Paul Jenkins, a trama se mostra bastante interessante nesse primeiro momento e, se não fosse por algumas pistas de que está situada no Universo DC, poderia passar facilmente por uma série de outra linha da editora. A principal diferença entre esta nova versão e a “pré-reboot” é o objetivo de Boston: no original, ele precisava descobrir seu assassino. Jenkins é conhecido por sua fase em Hellblazer (1995-1998) e por especiais como Revelações e Mitos Marvel.
A arte está muito boa. As capas são de Ryan Sook (7 Soldados da Vitória) com destaque para a segunda, reproduzida no miolo; e os desenhos são de Bernard Chang (Superman, Mulher-Maravilha) que criou ótimas sequencias, como a que Boston cai e “mergulha” no submundo e numa em que entra no corpo de várias pessoas. A narrativa também está bastante ágil, importante para personagens onde o movimento é sua marca registrada. As cores ficaram com Blond, o mesmo de Capuz Vermelho e os Foragidos.
O acabamento da edição segue o padrão das demais revistas de banca: capa couché, miolo pisa brite e reprodução das capas originais. O diferencial fica para uma matéria de três páginas ao final explicando a origem do herói, seu histórico editorial, principais números e como foi lançado por aqui. É comentado, também, sobre a aclamada mini-série Deadman: Amor Após a Morte. Uma série com começo promissor, recomendo a leitura. O Desafiador também aparece no mix Dark, sendo um dos integrantes da Liga da Justiça Dark.
Fil Felix é autor, ilustrador e psicanalista. A Central dos Sonhos é seu universo particular, por onde aborda questões como memórias, desejos e infância. Fã de HQs, escreve seus comentários sobre quadrinhos desde 2011, totalizando mais de 600 reviews. Já escreveu sobre arte para diversos blogs como Os Imaginários e a coluna Asas da editora Caligo. Ilustrou os livros infantis Zumi Barreshti (2021, Palco das Letras) e Meu Avô Que Me Ensinou (Ases da Literatura), entre outras publicações.