Arcos Principais: A Coroa Vem Abaixo (The Crown Comes Down).
Publicação Original: Aquaman #31-33 (DC, 2018).
Roteiro/ Arte: Dan Abnett/ Ricardo Federici.
No arco anterior, vimos que o Aquaman sofreu um golpe de estado e foi praticamente assassinado, caindo nos confins do oceano. Felizmente, o ex-Rei de Atlantis sobreviveu e passou a organizar uma ação para contra-atacar o atual Rei e ditador Corum Rath. Agora, nesse arco curto (edições #31-33), finalmente ocorre o contra-ataque, além do retorno da Mera! Review especial sem muitos spoilers.
A COROA VEM ABAIXO
O Aquaman continua no submundo de Atlantis, disfarçado com sua nova barba e cabelão, vivendo sua fantasia de Batman, agindo na escuridão. Aliás, a comparação com o Morcego é inevitável e até mesmo no roteiro o Arthur acaba comentando. Percebendo que o Rei Rath está indo longe demais, inclusive instalando uma onda fascista e preconceituosa, prendendo e até matando aqueles considerados fora do padrão de Atlantis, o Aquaman decide que é hora de planejar um contra-ataque. Um ponto interessante é que ele quer derrubar o atual rei, porém não quer retornar ao trono, pois acredita que não faz mais parte dele. Enquanto isso, a Viuvez também começa a mexer seus pauzinhos para sabotar Corum Rath e colocar ninguém menos que a Mera no trono, a verdadeira Rainha de Atlantis.
E falando na ruiva, ela tinha sido capturada pelo Tubarão Rei no final do arco anterior. Devido aos efeitos colaterais de sua entrada em Atlantis, ela não consegue mais respirar embaixo da água e, caso não suba à superfície, irá morrer em poucas horas. A tentativa de botar a Coroa de Espinhos abaixo, a redoma que separou Atlantis do restante do mundo, é o que move esse arco. O Aquaman até mesmo cogita a ideia de se juntar ao Tubarão Rei e outras gangues para planejarem o ataque. O roteiro continua com Dan Abnett (Ícones X-Men: Homem de Gelo) e os desenhos são de Ricardo Federici (Dark Nights: A Máquina Assassina), que mantém a qualidade da arte do arco anterior de Stjepan Sejic, com tudo muito bonito, cheio de detalhes, mas ainda delicado e clean, trazendo aquele charme e hachuras que os artistas europeus possuem. Tudo se desenvolve até que rápido, mas confesso que gostaria de ter visto algo mais épico em relação à Coroa de Espinhos.
Um outro ponto que vale comentar é a mudança de visual do Aquaman, que vem retomando seu estilo cabeludo. Não é a primeira vez que isso acontece, na década de 1990 o personagem ficou nas mãos do Peter David numa fase em que ganhou mão de arpão, cabelos e barbas maiores, para auxiliar numa visão mais brutal do personagem. É considerada uma das melhores fases do herói, diga-se de passagem. Claro que hoje em dia esse visual se deve mais à versão cinematográfica, uma tentativa de aproximar o Aquaman dos quadrinhos ao Aquaman do cinema, inclusive a DC já disse que ele vai ganhar tatuagens num arco que está para sair. Particularmente, eu gostei do tom jovem que ele trouxe no início do Rebirth, mas fica a expectativa de como vai ser.
Fil Felix é autor, ilustrador e psicanalista. A Central dos Sonhos é seu universo particular, por onde aborda questões como memórias, desejos e infância. Fã de HQs, escreve seus comentários sobre quadrinhos desde 2011, totalizando mais de 600 reviews. Já escreveu sobre arte para diversos blogs como Os Imaginários e a coluna Asas da editora Caligo. Ilustrou os livros infantis Zumi Barreshti (2021, Palco das Letras) e Meu Avô Que Me Ensinou (Ases da Literatura), entre outras publicações.