Arcos Principais: O Submundo (The Underworld).
Publicação Original/ Brasil: Aquaman #25-30 (DC, 2017)/ Aquaman Vol. 5 (Panini, 2018).
Roteiro/ Arte: Dan Abnett/ Stjepan Sejic.
Depois de muito tempo, consegui retomar a leitura de Aquaman. Nesse quarto volume da série, após os eventos de Pela Coroa de Atlantis, vemos Arthur Curry na Nona Zona tentando sobreviver e passar despercebido pelos habitantes, após ter sofrido um ataque e sido deposto do cargo de rei. O roteiro continua com Dan Abnett (Ícones X-Men: Homem de Gelo), mas Stjepan Sejic (Witchblade) assina as capas e a arte interna desse arco, com seu estilo mais realista. Também é uma fase em que o Aquaman retoma sua cabeleira, que há anos não era utilizada, se aproximando um pouco mais da versão cinematográfica. Review especial sem muitos spoilers!
O SUBMUNDO
No último arco Corum Rath deu um golpe pela coroa de Atlantis, confrontando Arthur e o tirando do trono à força, com Murk dando-lhe um golpe no peito. Arthur aparentemente tinha morrido na ocasião, caindo nas profundezas do oceano. Mas ele sobreviveu, passando a morar na Nona Zona, se recuperando dos ferimentos e ajudando os moradores vez ou outra. Com barba e cabelos grandes, ele tenta passar despercebido, mas já começa um burburinho de que o ex-Rei Arthur não estaria morto. Enquanto isso, o atual Rei Rath inicia um processo de higienização em Atlantis, eliminando os pobres e mestiços. Mera, que foi banida da cidade, está em estado de choque e enfurecida. O arco aborda várias situações que surgiram com a derrocada do Aquaman, mas também as tentativas de Rath em localizá-lo e terminar o serviço.
Na edição #26 a Mera teta destruir o domo de espinhos que foi levantado em torno de Atlantis, pedindo ajuda ao Tempest dos Titãs, o antigo Aqualad e ajudante do Aquaman. É uma interação interessante entre os dois, principalmente por mostrar que existem outros atlantes na superfície e como eles estão reagindo com tudo isso. Um outro ponto legal são as freiras da Viuvez planejando um golpe de estado no atual rei. Isso ajuda a ampliar a mitologia do Aquaman, elevando seu nível.
Já na Nona Zona, o próprio Aquaman precisa lidar com a máfia do submundo, entre eles o crustáceo gigante e mutante Krush, que lembra aquele do filme Moana! Mas como todo vilão possui seus lacaios, Krush também possui alguns truques na manga, rendendo ótimas cenas de ação envolvendo ele e o Aquaman. Uma outra personagem interessante que dá suas caras, pela primeira vez no Rebirth, é a Delfim, com poderes de fosforescência. Ela não diz uma só palavra e se comunica por gestos, se tornando uma aliada de Arthur nas profundezas. Antes do Rebirth ela era a esposa do Tempest, mas isso não é deixado claro nessa nova fase, qual será seu atual status quo.
Um outro destaque são os fantasmas das tumbas do tesouro real, em que a arma do Aquaman está guardada. Além da batalha entre Murk e Krush, além da própria Mera conseguindo atravessar o domo de espinhos (de uma maneira inesperada). Desde o início, quando comecei a acompanhar a série, um dos grandes pontos positivos era o teor político das histórias. E isso não é diferente aqui. Ver cenas como a Viuvez aplicando um golpe, tendo em vista os danos causados por Rath, é excelente. Outro fator que ajuda a alavancar o arco é a arte de Stjepan Sejic. Não são raras as vezes em que vemos uma capa de HQ muito boa e, quando vemos a arte interna ou a cena da capa reproduzida, ficamos com aquele gostinho de frustração. Aqui, felizmente, Sejic assina tanto as capas quanto a arte interna, então as cenas são tão lindas quanto as capas, tudo cheio de detalhes e cenas de ação incríveis. Claro que também não tem como evitar a comparação desta versão que surge do Aquaman com o Batman. Ver o Arthur no submundo, agindo nas sombras e quase com uma identidade secreta, lembra e muito nosso Bruce Wayne. Mas comparações à parte, fico na torcida de Atlantis conseguir uma mitologia tão boa e extensa quanto Gotham. Um ótimo arco, depois de alguns medianos.
Fil Felix é ilustrador e escritor. Criador dos conceitos e personagens do universo da Central dos Sonhos. Fã de HQs, gosta de escrever reviews desde 2011, totalizando mais de 600 delas em 2023. Já escreveu sobre arte para diversos blogs como Os Imaginários e a Coluna Asas da editora Caligo. Ilustrou seu primeiro livro infantil em 2021: Zumi Barreshti, da editora Palco das Letras.