Arcos Principais: Loki – Feiticeiro Supremo (Loki – Sorcerer Supreme).
Publicação Original/ Brasil: Doctor Strange #381-385 (Marvel, 2017)/ Inédito.
Roteiro/ Arte: Donny Cates/ Gabriel Walta.
No segundo semestre de 2017 a Marvel começou uma nova iniciativa (sim, mais uma) chamada Marvel Legacy, com o intuito de retomar o legado das principais personagens da empresa (algo que muitos estavam reclamando, do quão distante certos heróis estavam de seu status quo), ao mesmo tempo em que manterá os novos heróis e heroínas que surgiram nos últimos tempos. E como parte dessa iniciativa, várias revistas retomaram sua numeração original, ao invés de começar com uma nova #1. A revista do Doutor Estranho pulou da edição #26 para a #381, já dentro da Marvel Legacy, começando o arco Loki – Feiticeiro Supremo (#381-385). Review especial com alguns spoilers!
LOKI – FEITICEIRO SUPREMO
Stephen Strange perdeu o seu manto para o Loki num misterioso torneio. Agora, o Deus da Mentira é o novo Feiticeiro Supremo, frequentando as rodinhas de magos e bruxas, tentando se enturmar e seguir seu próprio caminho; enquanto Strange está quase sem poderes, abriu uma clínica veterinária e vem tentando levar uma vida comum ao lado de Bats, seu cão falante. Assim, do nada. Claro que no decorrer do arco vamos encontrando respostas, de que torneio é esse, qual a ideia real do Loki, o que realmente Strange quer e por aí vai. Mas pra começar uma iniciativa chamada “Legado”, meio que passou longe da ideia. O roteiro é de Donny Cates (God Country), que faz um belo link entre Strange e o universo de Loki, Asgard, abordando pontos que estamos vendo na mensal da Poderosa Thor. Numa cena, por exemplo, a própria Thor surge e confronta Loki, questionando sobre esse seu novo “hobbie“. Um outro ponto legal é a interação do Loki com a Feiticeira Escarlate que, como o nome diz, também é feiticeira (inclusive a capa da edição #381 lembra muito o uniforme dela). Aliás, há vários pontos interessantes no arco, como a (ex) casa de Strange estar flutuando e sua assistente, Zelma, tentando controlar a situação, num clima a lá “Casa dos Mistérios“.
Porém, senti que algo não ficou legal. Loki descobre que na casa há uma porta que não abre de jeito nenhum. E ele acredita que lá dentro está guardado o maior feitiço de todos, capaz de reunir a magia de todos na terra pra uma só pessoa. Claro que já arregalou os olhos e o arco se constrói em cima disso. O Strange percebe que o mundo pode se dar mal caso Loki encontre esse feitiço e, finalmente, decide fazer algo. Os desenhos são de Gabriel Walta (O Visão), um dos meus artistas preferidos. Ele é o principal destaque do arco, criando sequências e visuais incríveis. Numa das passagens que mais gostei, Strange invade Asgard e tenta tomar um pouco da magia de Yggdrasil, a Árvore do Mundo. É lindo! Difícil o Walta não fazer um grande trabalho, tudo fica bem estilizado e diferente do que estamos acostumados a ver. E ainda com as cores de Jordie Bellaire (Cavaleiro da Lua), criando magias e flashes em neon maravilhosos.
Porém, conforme a história caminha, acabei não comprando muito as ideias lançadas. Tudo surge e termina muito rápido, como uma transformação bizarra do Strange, quase um Dragon Ball. O próprio Loki não está tão mau quanto de costume e tudo poderia ter sido resolvido com a velha “senta aqui, vamos conversar direito“, que sempre se torna uma grande porradaria em histórias de herói. Pra se ter ideia (e lá vai um pequeno spoiler), o Strange chega a liberar o Sentinela de sua “prisão” após os eventos do Apocalipse, pra ajudá-lo. E se tem Sentinela, claro que também terá o Vácuo. O próprio Torneio, a magia suprema ou o desfecho do Loki acabam perdendo um pouco a importância no final. Apesar desses pormenores, os desenhos de Walta fazem toda a diferença e são o ponto alto da HQ, além de que Cates soube trabalhar bem o Universo Mágico da Marvel, principalmente nas cenas finais, onde vemos outros membros que dividem dessa magia (como a Magik, Wanda e cia.). Ótimos easter eggs e uma leitura divertida, espero que ele continue nessa pegada mais mágica e colorida.
Fil Felix é autor, ilustrador e psicanalista. A Central dos Sonhos é seu universo particular, por onde aborda questões como memórias, desejos e infância. Fã de HQs, escreve seus comentários sobre quadrinhos desde 2011, totalizando mais de 600 reviews. Já escreveu sobre arte para diversos blogs como Os Imaginários e a coluna Asas da editora Caligo. Ilustrou os livros infantis Zumi Barreshti (2021, Palco das Letras) e Meu Avô Que Me Ensinou (Ases da Literatura), entre outras publicações.