Naves-Mãe são sonhos extraordinários que navegam entre as camadas da Central dos Sonhos. Vigiando, abduzindo sonhos ordinários errantes, conduzindo sonhadores e respondendo diretamente à Criadora. Todas possuem uma anatomia base, sendo espelhadas e voadoras, com uma boca ou núcleo inferior por onde realizam a sucção/ abdução. Cada qual possui sua história e função dentro da Central. Até o momento, nove Naves-Mãe já foram analisadas e dissecadas. Segue suas histórias, com comentários de como surgiram:
Aquarius: essa foi a 1° Nave-Mãe que criei, em 2015. Se chama Aquarius, a única capaz de sugar o líquido onírico, por isso seus propulsores são aquáticos, tendo asas pequenas. Seu núcleo de energia funciona como uma flor, fechando suas pétalas em caso de perigo. Suga o líquido onírico ou abduz sonhadores com suas garras, colocando-os dentro de si. É cega e não possui boca, seu canal de comunicação está localizado em amplificadores, além de poder se comunicar por sinais. Sua força vem da confusão, podendo disparar raios ou pisar, gerando caos.
Trust No One: a segunda Nave-Mãe, criada em 2016, pegando carona no retorno de Arquivo X. Por isso seu nome é Trust no One. É uma nave de vigilância, não possuindo um tubo de abdução. Porém tem consciência de tudo que ocorre entre as camadas da mente, sabendo onde e o que estão fazendo as outras Naves, graças aos seus dois pares de olhos. Também possui dois pares de bocas, mas se comunica apenas pelas duas frontais. Para aguentar tanta informação é preciso dois núcleos de energia onírica, não expostos e protegidos por todas as suas garras. Sua habilidade envolve uma visão como de Raio X, servindo de farol e localizadora para a Criadora. Há um tubo propulsor na parte inferior de cada asa, por qual faz seus movimentos, apesar de permanecer parada na maior parte do tempo, poupando energia.
Faith: sua visão está além dos olhos e, assim como a Justiça, julga e sentencia mentes sonhadoras a mando da Criadora. Para isso utiliza de sua arma especial: o Leque do Julgamento; abduzindo o sonhador com o seu tubo, degustando-o em seu interior e o expelindo através do leque. Se julgar necessário, aniquila a mente com o juntar das lâminas, como uma guilhotina, deixando o réu catatônico. Suas asas não são funcionais, servindo de suporte para carregar os livros sagrados com todas as crenças um dia sonhadas. É silenciosa e com suas garras captura os desavisados.
Soul: talvez a minha preferida. Sua história é muito interessante, ela surgiu a partir de um Artefato onírico, gerado pela Criadora: o Disco da Alma. Ao passar das eras, o Disco foi absorvendo as mais variáveis frequências de cor dos sonhadores, transformada em substância onírica e ganhando maior forma e consciência, se tornando uma Nave-Mãe. O Disco permanece intacto, sendo o seu núcleo. Tanto ele quanto sua substância são muito vulneráveis, voando baixo entre as camadas e engolindo sonhos depressivos, os transformando em sonhos coloridos. Os resíduos do processo de transformação permanecem em sua substância, os quebrando em cores primárias.
Medusa: seu núcleo de energia fica localizado entre seus cabelos de cobra, girando e gerando a força necessária para realizar sua habilidade, podendo petrificar sonhadores que alcançam a lucidez e tentam cruzar a camada da Central dos Sonhos. Assim, ela auxilia os Infectores, que são a defesa natural da Central, impedindo as mentes de se conscientizarem. Por ser uma sentinela, é bastante solitária, vagando eternamente nos limites da 4° camada. Originalmente, sua cabeça pertencia a outra Nave, sendo decepada. A Criadora, então, criou um novo corpo à ela. Essa parte inferior possui uma turbina vermelha de movimento e realiza a abdução de maneira diferente das demais, sendo frontal.
Cio-Cio: também conhecida por Madame Butterfly. É a portadora do ecstasy onírico, com um núcleo de energia exposto e muito delicado, de onde cresceram suas duas coroas, que possuem diversas funções: emitem um brilho ecstasy capaz de cegar sonhadores perdidos pelas camadas da Central; como visor; e como casca protetora, apesar de parcial, do próprio núcleo. Por ser praticamente oca, é capaz de voar em alta velocidade, mesmo com suas asas pequenas. Seu tubo de sucção está localizado na parte superior de seu corpo, diferente das demais Naves, a tornando muito mais uma Nave receptora que de apreensão.
eXquisite: a Joia da Coroa da Central dos Sonhos. Talvez uma das Naves mais poderosas geradas pela Criadora. Sua estrutura é presa ao seu Anel de Poder, que é seu núcleo. Apesar de poderoso, é bastante vulnerável. Do anel surgem suas asas, garras e penas, como uma Apanhadora dos Sonhos. Ela navega entre as camadas e utiliza suas habilidades para retornar os sonhadores conscientes ao sono profundo, não os punindo (como outras Naves). Seu Anel e penas brilham, criando um transe hipnótico que adormece as mentes. Em raros momentos é agressiva, por conta do seu Anel não aguentar e poder estourar, mas é capaz de emitir rajadas de substância onírica através de seu tubo de abdução.
Beleza Interior: uma Nave gerada a partir dos sonhos e ideais de beleza que trafegam pela Central, personificados. Uma Nave solitária, com seu núcleo de energia exposto e repartido, sendo muito vulnerável e preferindo se esconder entre as camadas, atrofiando seu tubo de sucção e criando espinhos ao redor como forma de se proteger. É uma das poucas que possui um contato direto e quase inofensivo com sonhadores, até os inconscientes, tanto pela solidão quanto pela vontade de se sentir acolhida, uma vez que não foi gerada diretamente pela Criadora, que não a considera.
Birdy: é uma das poucas que possui duas cabeças independentes, que pensam diferente uma da outra, mas agem em sincronia. Suas asas são geradas pela substância onírica e ficam à parte do corpo. As cabeças são ligadas por uma fina camada, que é bastante vulnerável, de onde surge seu núcleo de energia. É uma Nave que navega entre as camadas como batedora, derrubando mentes que se conscientizam, facilitando para as demais Naves.
Fil Felix é autor, ilustrador e psicanalista. A Central dos Sonhos é seu universo particular, por onde aborda questões como memórias, desejos e infância. Fã de HQs, escreve seus comentários sobre quadrinhos desde 2011, totalizando mais de 600 reviews. Já escreveu sobre arte para diversos blogs como Os Imaginários e a coluna Asas da editora Caligo. Ilustrou os livros infantis Zumi Barreshti (2021, Palco das Letras) e Meu Avô Que Me Ensinou (Ases da Literatura), entre outras publicações.