Arcos Principais: O Imparável (The Unstoppable).
Publicação Original/ Brasil: Aquaman #7-10 (DC, 2016)/ Inédito.
Roteiro/ Arte: Dan Abnett/ Scot Eaton e Brad Walker.
Eu gostei bastante do primeiro arco do Aquaman nessa fase Rebirth. Eu nunca tinha pego pra ler sua série antes, nunca nem tive muito interesse no personagem. Mas esse comecinho conseguiu me ganhar. Gostei de como trataram Atlantis e sua soberania, de como o Aquaman quer a paz entre os reinos (como de costume), as dificuldades enfrentadas e tudo mais…. mas o que gostei mesmo foi da Mera chutando várias bundas e do reforço de Atlantis ao final, com as criaturas marinhas chegando pra ajudar seu rei. Aquela cena foi sensacional! Mas eis que as histórias seguintes não mantém a mesma força (ou impacto). Review especial sem spoilers do arco curto O Imparável (The Unstoppable).
O IMPARÁVEL
O arco em si só ocorre nas edições #8 e #9, mas aproveito pra comentar as edições #6 e #10, já que são correlacionadas. Depois de fazer a maior confusão na superfície, chegando a brigar com o Superman, Aquaman volta pro seu reino e começa a repensar suas atitudes, recebendo os conselhos dos “Anciões”. Pensei que a questão burocrática entre as nações iria continuar, mas ela é colocada de escanteio. No lugar temos um pouco mais do Arraia Negra sendo o líder da corporação N.E.M.O, após matar o antigo chefão. A N.E.M.O. meio que quer controlar o mundo e pratica diversos crimes colocando a culpa em Atlantis, como o último atentado aos EUA. Eles querem a todo custo acabar com o Aquaman. Apesar da organização não ser totalmente ruim, não comprei a ideia. Quer dizer, o Arraia Negra é resgatado por eles, mata o chefão e da noite pro dia vira o líder? Okay que ele matou quem se opôs, mas cadê todo o poder do lugar? E ele ainda posa como se fosse o maior entendedor do negócio. E pra provar sua autoridade, autoriza que liberem um monstro do fundo do mar, uma criatura que não para enquanto não atinge seu alvo. Sim, bem no estilo “Release the Kraken!”.
Enquanto isso, Mera é convidada a se retirar do reino e ir ter umas aulas com as Viúvas, um grupo de velhas que treinam as noivas do rei. Como Mera é uma espécie de estrangeira, elas não gostam da ideia de casar com o Arthur. Mas na verdade essas freiras aquáticas tem outros propósitos com a moça. Um outro ponto que não gostei tanto, já que ela foi da esposa em fúria pra uma aprendiz de bons modos. Em todo instante ela quer fugir do lugar, mas acaba sem muita saída. Já o monstro solto é um pé grande que sai quebrando tudo que encontra pelo caminho, conseguindo se adaptar aos ataques do adversário, se revelando um velho conhecido da Liga da Justiça. Também não comprei muito esse monstro, que é algo bem genérico. Poderia ser algo mais mirabolante, o fundo do mar guarda alguns dos animais mais tenebrosos.
Um ponto legal é que o Aquaman não quer chamar a Liga, não quer chamar ninguém, pra provar que consegue se virar sozinho e proteger seu reino. Ele leva um cacete danado, mas ainda guarda alguns truques na manga. Já a Mera e seu treinamento com as velhas tem um final catastrófico, resultando num prólogo para o arco seguinte: O Dilúvio. Essas quatro edições deixaram a desejar, principalmente levando em consideração o primeiro arco, que foi bom. A história não empolga tanto, o Arraia Negra comandando a organização da noite pro dia foi meio forçado, sem contar o “monstro da semana”. Não foi de todo ruim, a Mera continua sendo uma personagem super carismática e prometendo chutar mais bundas e até o Arthur querendo provar que é um herói de verdade, independente do que dizem ou acham dele, são os pontos altos, mas poderia ser melhor. Espero que o Dan Abnett (Guardiões da Galáxia) tenha colocado novos ares ao personagem, com algo mais grandioso nos arcos seguintes. Já a arte continua boa, com Scott Eaton (X-Men Legado: Os Pecados do Pai) alternando com Brad Walker (Sinestro) nos desenhos, com destaque para os “efeitos marinhos”, como cabelos esvoaçando, bolhas e cia., dando maior realismo às cenas. Ah, e o design das bruxas também é show. Fiquei com vontade de ver alguma história do Aquaman assim…. mais exótica.
Fil Felix é autor, ilustrador e psicanalista. A Central dos Sonhos é seu universo particular, por onde aborda questões como memórias, desejos e infância. Fã de HQs, escreve seus comentários sobre quadrinhos desde 2011, totalizando mais de 600 reviews. Já escreveu sobre arte para diversos blogs como Os Imaginários e a coluna Asas da editora Caligo. Ilustrou os livros infantis Zumi Barreshti (2021, Palco das Letras) e Meu Avô Que Me Ensinou (Ases da Literatura), entre outras publicações.