Arcos Principais: O Dilúvio (The Deluge).
Publicação Original/ Brasil: Aquaman #11-15 (DC, 2016)/ Inédito.
Roteiro/ Arte: Dan Abnett/ Scot Eaton e Philippe Brionnes.
A série do Aquaman foi uma das grandes surpresas nesse Rebirth, pra mim. Nunca o acompanhei e também não conhecia tanto de sua história, mas o primeiro arco (Atentado à Embaixada Atlante) foi muito divertido, mostrando como o povo da superfície (aka EUA) possuem medo de Atlantis, como o Aquaman quer preservar a paz entre as nações e o Arraia Negra vem organizando uma guerra entre os lados. Foi um ótimo primeiro arco, mostrando as bases de sua mitologia. Sem contar a Mera, que é maravilhosa. Mas no segundo arco, Imparável, vieram com uma história super batida e um monstro idem. Felizmente, agora nesse terceiro, o roteirista Dan Abnett (Guardiões da Galáxia) voltou a focar no que importa, numa trama empolgante e cheia de momentos “WOW”. Review sem (muitos) spoilers de O Dilúvio!
O DILÚVIO
O confronto do Aquaman com a fera Imparável trouxe diversas avarias ao herói, que foi internato com a cara toda arrebentada. Mas o plano do Arraia Negra, que agora está no comando da NEMO, acabou dando errado. Os noticiários passam a informar que a cidade foi salva pelo Aquaman, tendo sua credibilidade aumentada. Ainda no hospital, ele recebe a visita de Mera e da Liga da Justiça, que lhe dão o benefício da dúvida. Mas o Arraia é duro na queda e resolve iniciar o plano final da NEMO: a Operação Dilúvio. Diversas naves e feras atlantes, que estavam sob o controle da companhia, passam a invadir diversas cidades dos EUA, destruindo e inundando tudo no caminho. A nova notícia é: Atlantis inicia guerra contra a América.
O arco se desenrola com Arthur tentando convencer tanto os EUA quanto a Liga que Atlantis não tem nada a ver com isso, que estão sendo enganados por um terceiro. Os desenhos de Philipe Brionnes (Novo Esquadrão Suicida), que fez quase todas as 5 edições, são muito bons. Toda a galera fica bonita em suas mãos. O que gostei nessas histórias do Aquaman é em mostrar o outro lado da briga entre nações, com menos lycra e mais burocracia e vidas em jogo. Não chega a ser violento ou mega realista, mas pessoas acabam morrendo, cabeças explodindo e a moral do protagonista sendo colocada lá em baixo. Não é a toa que os momentos mais estranhos e meio toscos são quando a Liga chega em Atlantis, com a Mulher Maravilha usando seu uniforme em baixo d’água, ficando muito caricato. Um outro ponto que achei meio ruim, que poderiam ter pulado, é a equipe de contra-ataque do Governo Americano, os Aquamarines: um super-grupo de pessoas geneticamente modificadas para combate marinho. Assim como a Fera do arco anterior, são coisas que vemos aos montes em HQs de heróis.
Tirando esses dois pontos, a história deu uma animada muito boa. Ainda temos Mera com receio de que a profecia das Viúvas, de que a Rainha colocaria toda a nação e o Rei em risco, seja verdade e evita um contato direto na situação. É empolgante ver a batalha entre americanos e atlanteanos (assim que diz?) e as forças da NEMO. Eu, pelo menos, fiquei bastante aflito com o caminhar das coisas, pensando que o Aquaman pudesse ser exilado ou algo assim, literalmente se dar mal. Por mais que tenha suas falhas, como uma horda de ARRAIAS NEGRAS robôs/ naves atacar e ninguém suspeitar da autoria do atentado, tudo ficou bem carismático. Mera e Aquaman são muito bons juntos e a gente se importa com eles. O final também não deixa a desejar, com o Arraia Negra dando as caras, sem rodeios. No primeiro arco, a luta entre os dois foi diplomática, com muito papo. Dessa vez o negócio foi diferente, mostrando o Arthur que queremos ver. Falando nisso, é muito bom quando ele se impõe, até mesmo pro próprio Presidente americano. Praticamente dizendo que Atlantis não é bagunça! Mas ele ainda é um herói, mantendo a calma e sendo bonzinho. Quebre o pau, Aquaman!
Fil Felix é autor, ilustrador e psicanalista. A Central dos Sonhos é seu universo particular, por onde aborda questões como memórias, desejos e infância. Fã de HQs, escreve seus comentários sobre quadrinhos desde 2011, totalizando mais de 600 reviews. Já escreveu sobre arte para diversos blogs como Os Imaginários e a coluna Asas da editora Caligo. Ilustrou os livros infantis Zumi Barreshti (2021, Palco das Letras) e Meu Avô Que Me Ensinou (Ases da Literatura), entre outras publicações.