Arco Principal: Mini série.
Publicação Original/ Brasil: X-Men: Phoenix Warsong #1 à #5 (2006)/ X-Men Extra #73 à #75 (Panini, 2008).
Roteiro/ Arte: Greg Pak/ Tyler Kirkham.
As Irmãs Stepford surgiram no início da fase Morrison, cinco gêmeas telepatas que trabalham como uma única mente, conhecidas como as Cinco-em-uma ou as Cucos. Rapidamente se tornaram as queridinhas da Rainha Branca, ganhando treinamento e empatia de Emma, que via a si mesma nelas, além das semelhanças físicas e de poder. Duas, entretanto, morreram: Esme é morta por Magneto/ Xorn após a destruição de Genosha; e Sophie durante a rebelião do Instituto; sobrando Phoebe, Celeste e Mindee. Informações como de onde vieram, família e como adquiriram seus poderes sempre foram um mistério, que ninguém nem se perguntava. “A Canção de Guerra da Fênix“, escrita pelo Greg Pak (Planeta Hulk e Hulk Contra o Mundo) e desenhada pelo Tyler Kirkham (Lanterna Verde: Novos Guardiões) soluciona tudo isso numa minissérie em 5 partes. Pode conter spoilers pra quem não leu.
Agora sendo as Três-em-uma, as irmãs começam a desenvolver uma espécie de mutação secundária relacionada à Força Fênix, como conseguir voar e lançar chamas. Confrontando Emma, o trio foge voando do Instituto. Enquanto a equipe de Ciclope as persegue, Wolverine enfrenta outro problema em solo: as duas Stepford falecidas voltam a vida e começam a atacá-los. Ao serem feridas pelas garras de adamantium, descobrimos que seus ossos não são de verdade e sim feitos a partir de nanotecnologia. Todos passam a se questionar como não sabiam disso antes, como não perceberam. Como que instantâneo, várias outras dúvidas pairam na mente da equipe, como a origem das garotas. Emma descobre que elas estavam bloqueando alguns pensamentos de todos, por isso ninguém percebeu.
As Três-em-uma chegam no laboratório de Sublime, onde descobrem que há muitas outras Stepford em tubos. Emma fica em choque com a cena, ao perceber que todas as meninas são, na realidade, clones seus. Sublime, através de televisores, diz que utilizou seus óvulos enquanto Emma estava num coma, criando 1000 clones/ filhas que trabalhariam como uma única mente, as Mil-em-uma, podendo destruir o que quiser. Como teste, cinco foram enviadas para o Instituto, no intuito de marcar território e colher informações. As irmãs, no entanto, não sabiam totalmente dessas informações.
Todas essas ideias se encaixaram muito bem, justificando tanto a semelhança com Emma quanto o nome delas: o cuco é uma ave parasita que deposita seus ovos em ninho de outras aves, que não percebem a diferença e acabam chocando-os. Ao nascer, o bebê cuco ainda empurra outros recém nascidos semelhantes, para tomar seus lugares. Se Grant Morrison já havia pensado em tudo isso, não sei dizer, mas Greg Pak aproveitou bem!
A Força Fênix começa a despertar cada vez mais, pelo menos uma fração sua, querendo dominar o corpo das Três-em-uma. Sublime quer que elas ativem um mecanismo que poderá acordar todas as outras irmãs. Celeste, que tem uma personalidade mais ingênua, é a única que ainda se mantém sã, tentando lutar contra as ordens, mas falha e acaba totalmente dominada pela Fênix. Emma tenta a todo custo fazer com que Celeste resista, tentando desligar seus processos cerebrais com a ajuda de um dispositivo que Fera criou, capaz de armazenar a Força.
O clímax da mini acontece quando Celeste, totalmente dominada e num ato de desespero, acaba assassinando todas as outras 995 clones. Emma fica desconsolada, mesmo sem conhecer todas, eram suas filhas. Seu destino parece ser o de perder, sempre, seus alunos/ protegidos. Um lado que os roteiristas sempre estão explorando. Como único meio de impedir que a Força cometa mais danos, Celeste a divide no coração delas três, logo em seguida transformando-o em cristal. Só assim a Força estaria para sempre aprisionada, pelo menos essa fração. As Três-em-uma sobrevivem, mas nunca mais terão sentimentos.
A Canção de Guerra da Fênix foi uma ótima mini, bem desenvolvida e que consegue fechar várias pontas que o próprio leitor sequer questionava, explorando as inovações que Morrison tinha feito (como a mutação secundária). Ajuda a perpetuar o status quo de Emma, sempre tendo perdas, além de transformar a realidade das Cuco. A arte de Kirkham é competente e bonita, mas abusa das explosões e tem momentos que nos perdemos na cena. Lendo alguns reviews, muitos pareceram não gostar da história, por acharem confusa e pela presença da já cansada Fênix, além de revirar o passado pra incluir informações. Particularmente, não achei tão forçado assim. Só incomodou o fato delas terem enganado à todos, algo bem difícil de acreditar (estamos falando de dois dos maiores telepatas do mundo: Emma e Charles), e o momento em que a Celeste é dominada, que é uma confusão só. Ah, e aquela capa lá em cima, com a Emma e o bebê, é fantástica!
Fil Felix é ilustrador e escritor. Criador dos conceitos e personagens do universo da Central dos Sonhos. Fã de HQs, gosta de escrever reviews desde 2011, totalizando mais de 600 delas em 2023. Já escreveu sobre arte para diversos blogs como Os Imaginários e a Coluna Asas da editora Caligo. Ilustrou seu primeiro livro infantil em 2021: Zumi Barreshti, da editora Palco das Letras.