Nome Original: Ex Machina #11 ao #16
Editora/Ano: Panini, 2009 (WildStorm, 2005)
Preço/ Páginas: R$19,90/ 148 páginas
Gênero: Alternativo/ Ação
Roteiro: Brian K. Vaughan
Arte: Tony Harris
Sinopse: Depois de entender que o fato de ter superpoderes não ajuda muito quando o seu maior problema é a ira dos eleitores ou a opinião pública, Mitchell Hundred está disposto até a fazer pequenos sacrifícios para melhorar sua imagem… mesmo que tudo possa dar completamente errado
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Comecei a ler Ex Machina no final de 2012, aproveitando que a Panini havia relançado os dois primeiros volumes e se encontravam disponíveis no mercado. Li o segundo no começo de 2013 e, pra minha surpresa, o terceiro estava esgotado e sendo vendido a preços exorbitantes. Desde então parei de acompanhar a história de Mitchell Hundred, o super-herói que virou prefeito de NY. Assim como fiz com Fábulas (que também estava parado devido não encontrar as edições) volto a ler Ex Machina, mas desta vez tive que desembolsar um pouquinho pra conseguir, já que a Panini não mostra sinais que irá relançar =/
Apesar de um pouco enferrujado, afinal se passaram mais de um ano da última vez que li, consegui acompanhar a história numa boa. Nesse terceiro volume temos 3 arcos distintos, sendo o principal o que leva o subtítulo (Fato Vs Ficção), todos muito bons. Mas assim como aconteceu nos anteriores, ainda falta um Q em Ex Machina, alguma coisa que dê realmente um BOOM na sua cabeça. Não que a série seja ruim, pelo contrário, ela é muito boa (por isso resolvi continuar), mas ela ainda precisa deslanchar de vez.
O primeiro arco, que na verdade é uma história só, retrata o prefeito Mitchell tentando fechar estabelecimentos “místicos”, de pessoas que tentam ler a sorte de alguém. Ele está bem irritadinho, até diferente de como estava sendo retratado, falando mil palavrões. Apesar da história não se estender muito e nem ser algo de outro mundo, o legal mais uma vez está na arte de Tony Harris e no sombreamento de JD Mettler.
O segundo arco, Fato Vs Ficção, ocupa três história e é mais interessante. Mitchell é convocado à participar de um painel de juris num caso de NY. Ele decide ir de prontidão, no intuito de alavancar sua carreira, mas o caso é mais difícil do que aparentava, e sua escolha poderá deixar um lado de seus votantes com raiva. Enquanto eles deliberam, um louco faz uma senhora refém e o ameaça. Tudo isso na sala de deliberação, onde não há câmeras. Uma sequência muito boa, além de mostrar um pouco dos poderes do prefeito, que tem um alcance até que alto, conseguindo emitir uma mensagem em painéis pela cidade.
Em paralelo, surge em NY uma máquina auto-denominada Autômato, que tenta combater o crime. As autoridades iniciam uma investigação pra descobrir a identidade do novo vigilante, mas os amigos de Mitchell saem na frente e conseguem persegui-la. Vaughan sempre coloca em meio à história passagens da vida do protagonista antes de se eleger, da época em que era a Grande Máquina ou ate mesmo de sua infância, um ótimo recurso narrativo. Pra quem não sabe, a série é focada nos anos de mandato dele. Nesse arco tem uma passagem de quando era criança que faz ficar meio óbvio a identidade do Autômato, mas pra minha surpresa o final é bem inesperado.
O terceiro e último arco, Fora de Circuito, são duas histórias com foco na mãe de Mitchell, dada como desaparecida até então. Funcionam pra revelar várias coisas do protagonista, como seu convívio familiar, como seu pai realmente morreu e, mais uma vez, colocam a sexualidade dele na berlinda. Quero só ver onde isso vai dar ^^. Também tem uma cena incrível, que é esta da imagem acima.
“Ex Machina Vol. 3” segue o mesmo estilo narrativo das edições anteriores, com ótimas histórias, um fundo político bastante crível e uma arte excelente, principalmente nas cores de JD Mettler, translúcidas. Mas ainda falta aquele momento WOW que comentei lá em cima, mesmo assim, é uma ótima leitura.
Fil Felix é autor, ilustrador e psicanalista. A Central dos Sonhos é seu universo particular, por onde aborda questões como memórias, desejos e infância. Fã de HQs, escreve seus comentários sobre quadrinhos desde 2011, totalizando mais de 600 reviews. Já escreveu sobre arte para diversos blogs como Os Imaginários e a coluna Asas da editora Caligo. Ilustrou os livros infantis Zumi Barreshti (2021, Palco das Letras) e Meu Avô Que Me Ensinou (Ases da Literatura), entre outras publicações.