Meu primeiro contato com alguma história do Vaughan foi nas páginas de X-Men Extra, com as minisséries do Ciclope e do Câmara, muito boa esta última, por sinal. Em Ex Machina ele mistura super-heróis com política e assuntos sociais, num fundo bastante realista, abusando de referências históricas. Mitchell Hundred era um engenheiro civil especialista sobre a Ponte do Brooklyn e, numa inspeção dessa mesma ponte, acaba exposto à um estranho objeto que lhe confere o poder de se comunicar com qualquer tipo de máquina. Como qualquer fan de quadrinhos faria no seu lugar, ele decide usar uniforme e tentar combater o crime, se transformando na Grande Máquina, tendo seus amigos Kremlin e Bradbury como parceiros, sendo o primeiro e único super herói do mundo.
Mas salvar vidas e prender ladrões não é tão fácil como mostrado nas histórias do Superman, e muito menos bem vista pela maioria das pessoas. No atentado às Torres Gêmeas, a Grande Máquina conseguiu impedir que um dos aviões atingisse seu alvo, mas falhou com o outro. Isso o faz refletir sobre seus atos e, aproveitando o sucesso, resolve se candidatar à prefeitura de Nova York para, verdadeiramente, conseguir ajudar as pessoas. Sua vitória é inacreditável e agora Mitchell precisa enfrentar os problemas da cidade e crises dentro da própria política, além de aposentar seu traje de Grande Máquina.
A série irá narrar os 4 anos que Mitchell esteve no poder, com diversos flashbacks passeando sobre sua infância e os dias como a Grande Máquina. Nesse primeiro arco conhecemos a origem de seu poder e sua subida ao cargo de prefeito, além de enfrentar dois problemas na cidade: uma artista pinta a palavra “Crioulo” numa foto do famoso Abraham Lincoln, o presidente que aboliu a escravidão nos EUA, e expõe no Museu de Arte do Brooklyn, gerando protestos das “minorias” da cidade; e motoristas de trator estão sendo assassinatos, causando paralisação dos outros funcionários, em plena temporada de neve.
Na realidade Mitchell é uma criança brincando de ser prefeito, pois teme tratar de certos assuntos (como terrorismo e racismo) e não sabe lidar com outros temas políticos. Seus assistentes são os destaques do volume: a comissária Angotti que não concorda com muitas características dele; a estagiária Journal Moore, promovida recentemente à “Assessora Para Assuntos da Juventude”; o Chefe de Segurança e ex-parceiro da Grande Máquina,Bradbury; entre outros. Vaughan fecha todas as pontas no final e cria expectativa para os próximos problemas. O caso da artista ficou muito bom e a resolução dos assassinatos ficou um pouco artificial, pois muda de rumo subitamente.
Os desenhos são de Tony Harris com as cores de J.D. Mettler, dupla responsável por Homem-Aranha: Com Grandes Poderes… e pelas capas de Conan, o Cimério. O traço de Harris é bastante característico, com quadros grandes e sequências cinematográficas, já as cores de Mettler são um destaque a parte, principalmente com as cenas embaçadas por conta da neve e as texturas “brilhantes”. A arte, no geral, é um dos pontos alto em Ex Machina. O acabamento da Panini segue o padrão dos encadernados de banca das séries Vertigo: capa cartonada e miolo LWC, além de um glossário ao final explicando termos e eventos comentados pelos personagens. Um início de série bastante competente que só deixa a desejar em alguns pontos, como a resolução do crime, mas que deixa expectativa.
Fil Felix é ilustrador e escritor. Criador dos conceitos e personagens do universo da Central dos Sonhos. Fã de HQs, gosta de escrever reviews desde 2011, totalizando mais de 600 delas em 2023. Já escreveu sobre arte para diversos blogs como Os Imaginários e a Coluna Asas da editora Caligo. Ilustrou seu primeiro livro infantil em 2021: Zumi Barreshti, da editora Palco das Letras.
[…] ainda lia o mix da Vertigo e a edição #35 trouxe um preview da série. Na época, as séries Ex Machina e Y – O Último Homem estavam chegando ao fim e a Panini precisava trazer outras duas séries […]
[…] ainda lia o mix da Vertigo e a edição #35 trouxe um preview da série. Na época, as séries Ex Machina e Y – O Último Homem estavam chegando ao fim e a Panini precisava trazer outras duas séries […]