Nome Original: Wolverine: Inner Fury
Editora/Ano: Abril, 1993 (Marvel, 1992)
Preço/ Páginas: R$?/ 52 páginas
Gênero: Ação/ Super-Herói
Roteiro: Dan “D. G.” Chichester
Arte: Bill Sienkiewicz
Sinopse: O cientista da Hidra conhecido como Baleia, desenvolve um virus nanotecnologico chamado Nanotec, Wolverine em missão com a Shield é infectado, um novo personagem surgi seu nome Grande, alem de lutar com sua furia assassina ele tem que derrotar os nanovirus que está derretendo o adamantium e impedir que o virus espalhe e contamine toda a humanidade.
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Antes de mais nada, quero compartilhar que este é o meu 300º review! Nem acredito que escrevi sobre tantos quadrinhos em pouco mais de 3 anos ^^. E comemorando, lhes apresento essa pérola desconhecida do Wolverine! Lançado como especial em 1993 pela Abril, “Wolverine: Fúria Interior” é uma daquelas one-shots que passou despercebido e que nunca mais se ouviu falar. Trata-se de um HQ extremamente experimental e abstrata, o famoso “ame ou odeie“.
O roteiro de Dan “D. G.” Chichester (Elektra – A Raiz do Mal) é até simples: Logan é infectado por um vírus que “corrói” seu adamantium, liberando-o dos ossos e prejudicando seu fator de cura, o que levará à uma morte certa. Ele passa a investigar a Hidra, que o contaminou, destruindo tudo que vê pela frente. Típica história do Wolverine, se não fosse pelo seu desenvolvimento que deixa tudo bastante confusocomplexo, com passagens que quase não dá pra entender. Só fica nítido que alguém cujo codinome é “Baleia” está por detrás disso, um cientista com cabeça de tubarão, e que um baixinho esquisito também quer capturá-lo.
Em parte essa confusão se deve à arte incrível do Bill Sienkiewicz (Demolidor, Elektra Assassina), que é uma explosão. Mas sou suspeito de comentar, já que amo HQs com arte mais experimental, surreal e exagerada (não é atoa que sou um dos poucos que curto muito Dentes-de-Sabre: Caçada Mortal) e Bill é animal. Muitos, entretanto, não curtiram “Fúria Interior” justamente por isso, é muita informação e situações ocorrendo ao mesmo tempo, com um quadro puxando o outro e formando uma única imagem, cenas “sujas” com vários traços que mais parecem esboços, entre outros pontos que, pra mim, são qualidades e não defeitos.
A página com a presença do Nick Fury possui uma construção incrível, impossível de se negar, algo raro em HQs de heróis. Num outro momento, a “câmera” entra no corpo do Wolverine mostrando como seus glóbulos brancos estão lutando contra o vírus, sendo totalmente cartoon e surreal. A história, apesar de um pouco batida, guarda um final bem interessante e com uma boa sacada do tio Wolvi.
“Fúria Interior” é um especial que se destaca pelo seu visual e, por ser nada usual, pode agradar ou não. Bill Sienkiewicz recebeu as cores de Sherilyn Van Valkenburgh (Blood – Uma História de Sangue) pra auxiliar na construção da arte, que são ótimas, abusando de tons vivos e vibrantes que se mesclam, além da luz e sombra. Outro destaque são as “splash pages”, onde uma ilustração ocupa a página inteira, geralmente com Wolverine em alguma pose cheia de parafernálias visuais.
Os personagens também são bem retratados. Wolverine faz o Batman e aparece como um ser bastante misterioso, quase não dá pra vê-lo com nitidez. Já os demais, que não são muitos, destaco o “Baleia” que é grotesco e se revela um inimigo bem diferente do que aparenta.
‘Wolverine: Fúria Interior” foi laçado pela Abril em 1993 em formato americano e em papel de qualidade, inclusive o “Wolverine” da capa vem numa tinta brilhante. Uma visão diferente do personagem e que irá agradar àqueles que curtem uma boa arte surreal e exagerada, até mesmo confusa. E desagradar os que procuram por algo mais clean e clássico. Agora faz parte dos meus títulos favoritos dos X-Men e, ao lado de Arma X, um dos melhores do Logan ^^. Sim, sou tiete do desenhista. #Psychedelic
Fil Felix é autor, ilustrador e psicanalista. A Central dos Sonhos é seu universo particular, por onde aborda questões como memórias, desejos e infância. Fã de HQs, escreve seus comentários sobre quadrinhos desde 2011, totalizando mais de 600 reviews. Já escreveu sobre arte para diversos blogs como Os Imaginários e a coluna Asas da editora Caligo. Ilustrou os livros infantis Zumi Barreshti (2021, Palco das Letras) e Meu Avô Que Me Ensinou (Ases da Literatura), entre outras publicações.
Cara, concordo com o que você escreveu, curti muito essa HQ, e nem achei a história confusa! A arte e a narrativa do Sienkiewicz são soberbas, como sempre!
Parceiro; artes “sujas” como a de Bill Sienkiewikz, Sam Kieth e Ashley Wood, infelizmente são uma raridade atualmente. Hoje em dia os desenhos são todos pausterizados, limpos e sem graça. Bill Sienkiewicz é um mestre. E essa série do Wolverine é absurdamente boa. Excelente resenha.