Nome Original: X-Men: Children of Atom #1 ao #6
Editora/Ano: Abril, 2001 (Marvel, 1999)
Preço/ Páginas: R$9,90/ 156 páginas
Gênero: Ação/ Super-Heróis
Roteiro: Joe Casey
Arte: Steve Rude & Esad Ribic
Sinopse: Antes de se tornarem os membros fundadores dos X-Men, eles eram apenas adolescentes confusos e assustados que ainda não sabiam como usar seus espantosos poderes. Descubra como esses cinco jovens foram recrutados pelo Professor Xavier para serem os primeiros heróis de uma nova era. A era dos Filhos do Átomo.
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Este especial mostra o que seria a primeira aventura dos primeiros x-men, se passando antes de X-Men #1 (1963). O Prof. Xavier, percebendo a fragilidade dos mutantes e a crescente fúria dos fanáticos, decide fazer o que está ao seu alcance: se torna Conselheiro numa escola e, por debaixo dos panos, ajuda alunos que por ventura esteja sofrendo preconceito ou com dificuldades de controlar seus poderes. E é nessa escola que conhece Scott, Hank e Bobby, três adolescentes distintos.
Ao mesmo tempo o Prof. tenta auxiliar uma jovem Jean Grey à se recuperar de um trauma e convencer seus pais de que seria melhor se ela estivesse em sua Mansão, onde planeja construir uma escola para alunos especiais. Warren, um jovem rico e famoso, se inspira nos heróis e veste uma máscara pra salvar inocentes, sobrevoando as ruas da cidade. Uma história que não é apelativa, relativamente simples e que cumpre seu papel, mostrar como todos se reuniram e se tornaram alunos do Prof. X e futuros X-Men. O interessante é que acrescenta fatos à mitologia mutante (como a adolescência dos membros originais) sem desrespeitar a cronologia.
O roteiro é de Joe Casey (X-Men Widescreen, Eu Sou o Homem de Ferro), que se inspira nas HQs originais dos anos 1960 com direito à várias referências da época, como a criação dos Sentinelas por Bolivar Trask. Outra clara influência está na clássica Deus Ama, o Homem Mata, principalmente porque nas duas há um líder anti-mutante tocando o terror (aqui é Metzger no lugar de Stryker) e a utilização de reportagens televisivas como recurso narrativo/ gráfico.
Um ponto interessante deste especial é seu realismo. Quando Prof. X decide abrir a escola e percebe que o trabalho não é assim tão simples, precisando de autorização da “Secretária da Educação”, entre outros momentos fazem toda a diferença. Magneto, o eterno inimigo dos X-Men, também faz uma pontinha.
Na arte temos Steve Rude & Esad Ribic (Namor: As Profundezas) bastante tradicional mas com belas cenas (como a entrada de Magneto num galpão). Apesar de ser fiel à caracterização original, tem algumas “liberdades” como o Homem de Gelo ser mais “rígido”, ao contrário do boneco de neve de 50 anos atrás.
Warren e Jean não ganham muitas mudanças, sendo o Anjo uma espécie de herói mascarado e a futura Garota Marvel apenas uma moça descontrolada, mas admirável. Os outros 3 tiveram mais informações acrescentadas à cronologia. Bobby, por exemplo, sofreu de um grande frio antes de se transformar em gelo. Scott esteve sobre a tutela de um criminoso, forçando-o à arrombar portas ou matar pessoas com suas rajadas, além de muito introspectivo. Já Hank possui um background mais interessante. Apesar de sempre ter sido “grande” e inteligente, tentava esconder sua mutação sendo jogador de Futebol Americano, ficando bastante popular e “normal”.
“X-Men: Os Filhos do Átomo” é um especial bastante agradável e divertido, publicado pela Abril em 2001 com lombada quadrada, cartonado e miolo LWC, além das ótimas capas. Mostra como o Prof. encontrou e reuniu os X-Men originais, cujo final é exatamente o começo da HQ de 1963, o que aumenta a credibilidade. Entretanto, tem alguns pontos negativos. Há muitas semelhanças com Deus Ama, o Homem Mata, algumas até demais. Além de vários clichês que cercam os X-Men, como o “anti-mutante que descobre ser mutante e muda de lado/ é morto pela própria gangue” que já vimos um milhão de vezes.
*Ainda bem que Charles Xavier melhorou no decorrer dos anos, porque ele era chato pra cacete!
Fil Felix é autor, ilustrador e psicanalista. A Central dos Sonhos é seu universo particular, por onde aborda questões como memórias, desejos e infância. Fã de HQs, escreve seus comentários sobre quadrinhos desde 2011, totalizando mais de 600 reviews. Já escreveu sobre arte para diversos blogs como Os Imaginários e a coluna Asas da editora Caligo. Ilustrou os livros infantis Zumi Barreshti (2021, Palco das Letras) e Meu Avô Que Me Ensinou (Ases da Literatura), entre outras publicações.