[Review] O Julgamento de Jean Grey!

Arcos Principais: O Julgamento de Jean Grey (The Trial of Jean Grey).
Publicação Original: Guardians of the Galaxy #11-13 e All-New X-Men #22-24 (Marvel, 2014).
Roteiro/ Arte: Brian Michael Bendis/ Stuart Immonen e Sara Pichelli.

Uma das sagas mais clássicas dos X-Men, se não a mais icônica, é a Saga da Fênix Negra. Publicada originalmente no final dos anos 1970 e início dos anos 1980, ela elevou o status da Jean Grey para outro patamar, quando se torna a hospedeira da Fênix e, totalmente consumida por essa divindade cósmica, se transformou numa verdadeira força da natureza e, em sua fome, se alimentou da estrela D’Bari, causando uma supernova e matando toda a população que ali vivia. Essa fato marcou toda a história da personagem, que foi acusada de genocídio e passou pelo tribunal intergaláctico. Apesar da pena de morte, foi a própria Jean que optou por se sacrificar, ao perceber que a Fênix era poderosa demais pra ser contida. Anos depois, com a presença da Fênix pairando sobre outros membros da família Grey, a Guarda Imperial Shiar tomou uma decisão polêmica e brutal: assassinou todos os familiares ligados diretamente à Jean Grey. O tempo passou, Jean e sua família estavam mortos, mas o retorno dos X-Men originais ao presente acabou mexendo com todo mundo. E, claro, os Shiars não gostaram nada de saber que Jean Grey estava de volta. E não importa se era sua versão jovem, antes de ser a hospedeira da Fênix, eles querem vingança! E é assim que esse arco, na verdade um crossover entre a revista dos Novíssimos X-Men com a dos Guardiões da Galáxia, começa: Jean Grey precisa ser levada novamente à julgamento. Review especial com spoilers!

O JULGAMENTO DE JEAN GREY

Não sou muito fã de crossovers ou dessas sagas que envolvem um monte de séries, mas aqui até que funciona bem e de maneira orgânica. É interessante ver como os acontecimentos, como o retorno dos X-Men originais, vão afetando outras personagens do Universo Marvel. A Saga da Fênix Negra é considerada uma das mais clássicas dos quadrinhos, então é bom que os roteiristas retomem esse ponto com a volta da Jean. O problema é que essa Jean, além de ser jovem e estar aprendendo a lidar com os próprios poderes e problemas, sendo deslocada do tempo, não tem conhecimento da Fênix. Seria justo ela ser condenada por algo que ainda iria cometer? Essa é a grande questão do arco. Para o Gladiador, chefe da Guarda Shiar, ela não somente é culpada como deve ser condenada. Toda a Guarda Imperial cai matando em cima dos X-Men e levam-na presa.

Os Guardiões da Galáxia, que lidam com esses problemas envolvendo alienígenas e afins, descobrem o que os Shiars estão planejando, mas chegam tarde demais na nova Escola Xavier. Kitty leva os membros originais para a nave dos Guardiões e, coincidentemente, acabam encontrando o Corsário e a nave dos Piratas Siderais. As três equipes se juntam para salvar a Jean. E olha, é gente pra caramba! Um ponto para o roteiro de Brian Michael Bendis é o reencontro do Scott Summers jovem com o seu pai, o Corsário, que ele acreditava estar morto. É um momento feliz e emotivo entre os dois. Uma outra personagem que ganha destaque é a Angela, a ex-caçadora de recompensa de Spawn e atual filha de Odin: a mulher tem sangue no olho! Além de ser explosiva e sanguinária, também dá em cima da Gamora. Mal conheço, mas já gostei!

Toda a trupe segue em direção ao planeta Shiar, enquanto a própria Jean continua presa e é interrogada psiquicamente pela Oráculo, membro da Guarda Imperial. O legal é que nem todos estão do lado do Gladiador e acham que a Jean realmente mereça ser punida, levando em conta todo esse contexto. A própria Oráculo dá a entender que isso não é uma boa ideia, dizendo pra Jean que ela precisa se defender e ser declarada inocente. Assim, o Gladiador fica parecendo um insano, um herói amargurado que guarda rancor e que quer se vingar, principalmente agora que a Jean, supostamente, está mais indefesa (ou menos poderosa).

As coisas começam a esquentar quando a Angela toma a frente para invadir o perímetro Shiar, deixando todos da nave (e olha que tem gente pra cacete) em alerta. E o J’son de Spartax, pai do Senhor das Estrelas, invade o tribunal do Gladiador pra plantar a semente da discórdia, trazendo à tona o massacre que o Esquadrão da Morte Shiar fez ao matar toda a família Grey. A arte do crossover fica por conta de Stuart Immonen e Sara Pichelli, que fazem um ótimo trabalho, tudo muito bem definido, colorido e ágil, com cenas e sequências muito boas. Alguns personagens, como Rocket Raccoon e Groot, ganharam um design bem selvagem. Com a fúria crescendo dentro da Jean, tudo o que o leitor espera é que tenha algum clímax, que a Fênix talvez retorne ao seu corpo ou que a garota simplesmente quebre tudo. E temos indícios disso, principalmente quando a Jean consegue quebrar a barreira que a prendia e foge do tribunal. Mas confesso que o final é menos explosivo do que eu gostaria.

Ao fugir e confrontar o Gladiador cara a cara, mesmo com a Guarda Imperial de um lado e os X-Men/ Piratas Siderais/ Guardiões da Galáxia do outro, o grande trunfo está numa nova forma que a Jean Grey toma, uma forma psíquica rosa, bastante poderosa e diferente de tudo que já viram. O Anjo e o Homem de Gelo chegam a fazer um comentário interessante, dizendo que eles estão em maior quantidade, mas recebem a resposta de que estão lidando com a Guarda Shiar, os soldados mais poderosos do Universo. Porém não dá tempo de ver todo esse poder de perto, os membros vão se perdendo em meio a multidão de personagens. Particularmente, eu gostaria de ver mais deles em ação, até porque não é sempre que a Guarda ganha destaque nas histórias. “O Julgamento de Jean Grey” é um crossover que faz referência à uma das maiores sagas da Marvel, que foi a Saga da Fênix Negra, e mesmo sem ser tão explosiva e chocante (como matar a população de uma estrela) ou com mais uma cena de mártir, ainda é um arco divertido, interessante, cheio de histórias paralelas que valem a leitura, como o Scott decidir ir viver com seu pai, o Corsário, junto dos Piratas Siderais; ou o affair que brota entre a Kitty e o Peter Quill.

Comments

comments

Conte-me o que achou do artigo :)