[Review] Shade, a Garota Mutável Vol. 2 – Pequena Fugitiva!

Arcos Principais: A Pequena Fugitiva (Little Runaway).
Publicação Original/ Brasil: Shade, The Changing Girl #7-12 (DC, 2017)/ Inédito.
Roteiro/ Arte: Cecil Castellucci / Marley Zarcone.

Shade, a Garota Mutável é uma série do selo Young Animal da DC, que foca em HQs mais alternativas e maduras, retomando personagens e equipes (como a Patrulha Destino) e criando novos heróis (como Mother Panic). Nessa nova roupagem, Loma é uma habitante do planeta Meta e é fanática pelo poeta Rac Shade, o Homem Mutável e protagonista da série da Vertigo nos anos 1990, além de fã da cultura da Terra, em especial o sitcom de comédia dos anos 1950 Life With Honey. No primeiro volume, Loma roubou o Traje Loucura e “desceu” pra Terra, possuindo o corpo em coma da adolescente Megan, despertando e sendo obrigada a conviver com os dramas escolares e familiares, tendo em vista que a Megan de verdade era uma completa tirana. Já neste segundo volume, A Pequena Fugitiva, conhecemos um pouco do passado de Loma e seus maiores sonhos e desejos a serem realizados na Terra. Review especial sem muitos spoilers!

A PEQUENA FUGITIVA

A edição #7 que abre o arco foca nas origens de Loma, onde também conhecemos mais dos hábitos do planeta Meta. Lá, pessoas de espécies diferentes se casam, adotam filhos e tudo o mais. Loma é um alienígena ave, adotada quando criança por pais com aparência humanas. Em todo momento o Governo local e os assistentes sociais deixam claro os instintos básicos das aves, entre eles o de migrar, de sempre querer ir para longe. Conforme o arco avança, essa ideia é bastante explorada pela roteirista Cecil Castellucci, como a adolescência rebelde de Loma, querendo fugir de casa, conhecer o mundo, roubando e colecionando objetos, até o momento que conhece a poesia de Rac Shade e fica aficionada pela cultura terrestre, principalmente da série Life With Honey. É aí que começa a pensar em ir pra Terra, utilizando do polêmico Traje L (que fora utilizado pelo Rac anteriormente). Voltando pro presente (e também pra finalizar o plot envolvendo escola e família), a Loma é humilhada pelos antigos colegas da Megan, ao clássico estilo Carrie, a Estranha, decidindo por tacar tudo pra cima e fugir pra Gotham, onde começa sua nova jornada em busca das curiosidades da Terra e, principalmente, pela sua diva Honey Rich.

Interessante comentar que, ao fim de toda edição, temos uma história bem curtinha e em preto branco simulando um episódio de Life With Honey. E nesse começo do arco, devo admitir que elas foram mais engraçadas que a própria história principal. Acho que também virei fã do seriado! Nele, Honey é uma dona de casa dos anos 1950, casada com um cientista. Tudo normal, não fosse a fixação dela por ciência, armas nucleares, bombas, radiação e cia., gerando um contraste hilário, além de trazer à tona discussões de gênero. Esses mini-episódios beiram o ridículo e à loucura. Como em um onde Honey e sua melhor amiga criam um vestido anti-radiação.

Em Gotham, Loma dispersa um pouco da loucura do Traje L e acaba interferindo na realidade, criando um rastro de loucura por onde passa (semelhante ao primeiro arco da série antiga da Vertigo). Ela passa por Museus, conversa com dinossauros, frequenta show de rock, rejuvenesce pessoas e aí por diante. Enquanto isso, em Meta, estão fazendo testes com antigos Coletes L a fim de chegarem na Terra e prenderem Loma. Lepuck, seu ex-namorado, inclusive é utilizado de cobaia e torturado. O clímax do arco é quando Agentes de Meta chegam na Terra e Loma encontra a atriz que interpretou Honey, agora uma senhora doente. É quando as coisas começam a realmente esquentar.

Apesar da história caminhar devagar no início, da metade pra frente fica mais interessante. Destaco o discurso anti-armas nas entrelinhas do roteiro. A própria Loma participa de gaiato em passeatas anti-guerra, enquanto a série Life With Honey explicita o problema das armas nucleares de maneira irônica e debochada. Um ponto pra série, ainda mais em tempos que se discutem o porte de armas. Outra parte que se destaca é quando a atriz Honey Rich vem à tona, gerando aquele conflito entre o que se espera da personagem da antiga série e o que temos de uma veterana de Hollywood. Os desenhos, na maior parte de Marley Zarcone, continuam psicodélicos, cheio de sobreposições e diagramação inusitada, como uma página dupla em que se pede pra girar a revista e começar a ler de onde parou ou outra, que simula um jogo de tabuleiro. Mas em comparação ao primeiro volume, aqui Loma é muito mais sã do que louca, além da influência do Traje L nas pessoas ser mais superficial (em contraste com a série da Vertigo, muito mais impactante). A própria Honey, em algumas edições, acabou roubando mais a cena.

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2 comentários

  1. Oi, não li tudo pq não quero spoiler, mas queria muito saber onde consigo comprar o volume 2? Não consigo encontrar! Lançou no Brasil já?

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