Arcos Principais: O Bebê de Lupina (Hard Labor) e Supernatural (Super Unnatural).
Publicação Original/ Brasil: X-Factor #220-228 (Marvel, 2012)/ X-Men Extra #129-135 (Panini, 2012).
Roteiro/ Arte: Peter David/ Paul Davidson, Dennis Calero, Emanuela Lupacchino, Leonard Kirk, Valentino De Landro.
A equipe da X-Factor Investigações possui uns 10 membros fixos, mas mesmo assim o autor Peter David conseguiu explorar bem a personalidade de cada um, sem parecer que tem gente aleatória por ali (como geralmente acontece em equipes grandes). Um exemplo disso é a questão da gravidez da Syrin uns arcos pra trás, cujo bebê era uma cópia do Madrox e foi absorvida ao nascer, trabalhando um tema inusitado. Nesses dois arcos sem nome (edições #220-228) foi a vez de vermos o que deu a gravidez da Lupina, que havia engravidado do ser mitológico Hrimhari. Mas diferente do arco da Syrin, achei as coisas um pouco bagunçadas aqui. Review especial com spoilers.
O BEBÊ DE LUPINA
Acho interessante comentar que o run de X-Factor pelo Peter David está entre as séries X mais consistentes daquela época, mesmo agora (com 80 edições resenhadas aqui no site), sinto que a equipe continua avançando. Claro que tem seus altos e baixos na história, mas acho que a rotatividade de desenhistas prejudicou um pouco. Valentine DeLandro, que foi o desenhista “oficial”, digamos assim, é ótimo. Mas nem todos que pegaram a revista conseguiu manter a qualidade. Nessas 10 edições, por exemplo, passaram 5 desenhistas. E uns que, particularmente, não curti.
O primeiro arco (#220-224) foca no bebê que a Lupina está esperando. Em Necrosha, vimos que ela estava numa gravidez de risco, após namorar o lobo mitológico Hrimhari. O que ela não esperava era que essa união chamasse a atenção de diversas outras divindades, de vários panteões, que estão interessadss nessa mescla de mutante com divindade. Assim, várias criaturas surgem pra tentar tirar o bebê de dentro de sua barriga, desde Cerberus à Bast. A perseguição se estende até o QG da X-Factor, onde Layla já estava agindo e pondo sal nas portas (porque ela sabe das coisas) seguindo pra uma casa no meio da floresta, onde ela dá a luz. Antes de falar do nascimento, interessante comentar em alguns pontos que o autor conseguiu trabalhar aqui: o relacionamento entre Guido e Monet, dando um beijo “sem querer” e mudando o contexto desses personagens; e também o afastamento de Shatt e Rictor, que começaram a se estranhar, principalmente após Rictor recuperar seus poderes. Também é interessante que, no meio da confusão entre cães e gatos mitológicos, surge o espírito da falecida Feral pra perturbar a sanidade da garota! Mas voltemos ao nascimento do bebê. Se Syrin conseguiu parir uma duplicata e já achamos bizarro, a Lupina simplesmente cospe o bebê pela boca! Um pequeno lobo endemoniado que sai matando geral. É um arco interessante por esses pontos, porém é um pouco “too much“. Literalmente, muita coisa acontecendo, muitas personagens, muito auê, me senti numa salada. E a arte, como comentei, tem momentos bem ruins no início, mas depois se recupera com o estilo mais clean de Emanuela Lupacchino, ao contrário da pegada dark e pesada dos outros.
SUPERNATURAL
O segundo arco começa na edição 224.1, com desenhos do DeLandro. E aí que percebemos a diferença em relação à arte, já que o DeLandro manda muito bem e realmente é a “cara” da equipe (apesar de Lupachino também não deixar por menos). A X-Factor investiga uma senhora-monstro e acaba entrando numa busca pelo assassino “Forca” que, por algum motivo, utiliza uma roupa que lembra a Ku Klux Klan e está associado à algumas mortes por enforcamento e ódio racial. A mulher do Forca é assassinada e seu filho está em perigo, tudo graças à uma entidade chamada Bloodbath, que suga a alma das pessoas. Mais uma vez, temos pontos muito interessantes acontecendo na interação dos membros, como descobrir que Guido está sem alma (foi ressuscitado pelo poder da Layla recentemente) e a suposta morte do Madrox original pelas mãos do Bloodbath, deixando a equipe sem reação.
Esses pontos interessantes reforçam a ideia da X-Factor funcionar como revista de “equipe”, com seus dramas e conflitos, lidando com casos estranhos. Mas nesses arcos temos uma overdose de personagens com pouco carisma surgindo e morrendo. Quando a falecida Feral é, talvez, a presença que mais marcou entre todos que apareceram, é porque temos algum problema. O Bloodbath é o típico vilão que sabemos que dará em nada, que nunca mais o veremos. Mesmo com seu contexto de matança hollywoodiana, ele tem cara de vilão genérico. Somado com a arte duvidosa de algumas edições, temos dois arcos medianos de X-Factor Investigações.
Fil Felix é ilustrador e escritor. Criador dos conceitos e personagens do universo da Central dos Sonhos. Fã de HQs, gosta de escrever reviews desde 2011, totalizando mais de 600 delas em 2023. Já escreveu sobre arte para diversos blogs como Os Imaginários e a Coluna Asas da editora Caligo. Ilustrou seu primeiro livro infantil em 2021: Zumi Barreshti, da editora Palco das Letras.