Arcos Principais: Guerra Civil II (Civil War II).
Publicação Original/ Brasil: The Ultimates #7-12 (Marvel, 2017)/ Avante Vingadores #6-? (Panini, 2017).
Roteiro/ Arte: Al Ewing/ Kenneth Rocafort, Djibril Morrisette-Phan e Christian Ward.
Os Supremos (The Ultimates) foi uma das novas séries que a Marvel criou para o evento All New-All Different, quando relançou todas as suas revistas em 2015. Seu primeiro arco, Comece Com o Impossível, foi bem interessante: o Pantera Negra reúne um supergrupo para resolver problemas cósmicos e impossíveis. Capitã Marvel, Espectro, Miss América e Marvel Azul completam o time. O primeiro grande problema que eles resolveram foi com o Galactus, colocando-o em sua incubadora cósmica, terminando sua “evolução” e deixando de ser o Devorador de Mundos para se tornar o Portador da Vida, com direito a um novo uniforme alaranjado. No review comentei sobre esse problema ser resolvido muito facilmente, já que o Quarteto Fantástico está há anos enfrentando o vilão. Já nesse segundo e último arco do primeiro volume da série, os problemas cósmicos tomam outra proporção com a chegada de Thanos, do Anti Homem e, claro, com os eventos da Guerra Civil II. Review com poucos spoilers!
GUERRA CIVIL II
Antes de tudo, considerei a proposta dos Supremos bastante ousada. E sua narrativa visual também acompanha a ousadia, numa pegada super arrojada. Uma equipe de heróis com foco em energia e uma arte estilizada. Nesse segundo arco, o roteirista Al Ewing (Loki: Agente de Asgard e Novos Vingadores) mantém tudo isso e vai além, com a descrição de tantas camadas cósmicas e espaciais que, em alguns momentos, não sei bem sobre o que estou lendo. São inúmeros termos e personagens-entidades pra tudo quanto é detalhe. Se você não é um ótimo entendedor do Universo Marvel, tem que cair na magia da história. O que desencadeia os eventos desse segundo arco é um Complexo que vem trabalhando numa espécie de Cubo Cósmico gigante, o Projeto PEGASUS. Isso chama a atenção dos Shiars, que começam a discutir com a Capitã Marvel. Enquanto isso, o Anti Homem permanece preso no Triskelion.
Um novo inumano, o Ulysses, possui o poder de prever as coisas e chama os Supremos: ele viu Thanos invadindo a Terra. Assim, toda a equipe passa a se organizar pra enfrentar o Titã Louco. O desenvolvimento foi semelhante à incubadora do Galactus, com tudo se resolvendo bem rápido. Mas dessa vez a culpa é da Guerra Civil II, que foi um dos maiores eventos da Marvel na época e que, obrigatoriamente, se desdobrou em quase todas as revistas. Se você não leu a saga, acaba perdendo um monte de referências. Sem dizer que muitas coisas acontecem na saga e tem sua consequência na revista. Então, pra quem está lendo só o arco, fica a sensação de que a história está se atropelando. Superando isso, o arco é muito bom. A grande consequência da Guerra Civil II, com o Thanos no meio, foi a morte do Máquina de Combate e a divisão dos superhumanos: um lado ficando com a Capitã Marvel, acreditando que Ulysses precisa ser utilizado pra propósitos maiores; e do outro ficaram com o Homem de Ferro. O embate entre os dois não chega a ser aprofundado na revista, mas fica subentendido.
O arco vai mostrando essa fixação da Capitã com o novo inumano, utilizando-o pra resolver outros assuntos, dentre eles o Infinauta, uma espécie de viajante do tempo que sempre que chega na Terra tem o perigo de explodir tudo. No passado, o Marvel Azul que o repelia de volta pra seja lá de onde veio. Mas com Ulysses prevendo a situação, eles conseguem se preparar melhor. Aqui fica bem claro o quanto a série é arrojada e poderia ir muito além. Toda a estética colorida e espacial lembra Jack Kirby, o mestre e ícone da Marvel, responsável pelo visual de boa parte dos personagens, possuindo um traço bem característico com os seres cósmicos. E por ser uma equipe que trata desses assuntos, nada melhor que beber da fonte original. Sem contar que os poderes de todos eles, em especial a America Chavez, rende cenas incríveis, já que são a base de energia. No meio de tudo isso, temos flashbacks de como o Pantera reuniu a equipe e também ficamos sabendo que há um velho investigando os passos dos heróis, informando tudo para o Governo e pra um grupo misterioso, num clima Arquivo X (os velhos do Sindicato).
Aos poucos as diferenças de cada um dos membros vai ficando mais nítida. Temos o Pantera Negra, soberano de uma das maiores nações do mundo, com decisões muito práticas, como eliminar o Anti Homem de uma vez por todas; e do outro lado, o Marvel Azul, mais diplomático e humanista. A Capitã Marvel se tornou um pé no saco, sua presença em outras séries (como Luke Cage e Punho de Ferro) durante essa Guerra Civil II, foi marcada por ela ser ignorante. Mas aqui até que está tragável. Miss América é colocada como esquentadinha e prática, resolvendo os problemas na porrada. Já Espectro vem mais discreta, seguindo o estilo humanista do Marvel Azul. O clímax do arco ocorre quando Thanos e Anti Homem estão presos no Triskelion e algo sai errado, gerando um caos. De maneira geral, a série é finalizada muito bem. Toda sua arte e propostas arrojadas a colocam num patamar acima das outras revistas mais superficiais, mas ainda tem alguns probleminhas. Miss América protagoniza um momento bem trash, surtando do nada! Num outro momento, a Espectro é transportada pro além e depois ressurge, também, do nada! Apesar do Kenneth Rocafort (Capuz Vermelho e os Foragidos) ser o desenhista principal, acho que ele não conseguiu dar conta de tudo e em algumas edições acaba dividindo com Djibril Morrisette-Phan (Glitterbomb), que não é ruim, mas acaba destoando por ser mais simples. E assim como no primeiro arco, temos Chris Ward (ODY-C) fechando. E ele é fantástico! A série meio que “acaba” aqui, mas foi continuada em Supremos 2. Ela promete trazer Galactus, agora como Portador da Vida, numa outra pegada de Invasão e Conquista dos Planetas, além do “Sindicato” misterioso. Um arco um pouco confuso, mas com uma equipe carismática e colorida que acabei curtindo.
Fil Felix é ilustrador e escritor. Criador dos conceitos e personagens do universo da Central dos Sonhos. Fã de HQs, gosta de escrever reviews desde 2011, totalizando mais de 600 delas em 2023. Já escreveu sobre arte para diversos blogs como Os Imaginários e a Coluna Asas da editora Caligo. Ilustrou seu primeiro livro infantil em 2021: Zumi Barreshti, da editora Palco das Letras.