Arcos Principais: Senhores de Midgard (Lords of Midgard).
Publicação Original/ Brasil: The Mighty Thor #6-11 (Marvel, 2016)/ Thor #3-6 (Panini, 2017).
Roteiro/ Arte: Jason Aaron/ Russell Dauterman.
A série da Poderosa Thor vem sendo uma grande e boa surpresa. Quando Jane Foster protagonizou a série do Thor Odinson e conseguiu levantar o Mjolnir, em A Deusa do Trovão, não tinha botado tanta fé. Mas desde que começou sua série própria na fase All New All Different da Marvel, que é só elogios. O primeiro arco, com o início da Guerra dos Reinos, foi muito bom. Dario Agger, o dono da Roxxon, fechou um contrato com o elfo negro Malekith para conquistarem outros reinos: Malekith se tornando rei desses lugares e Dario, por sua vez, sucateando toda a riqueza material (como petróleo). O reino dos elfos de luz foi um dos que caíram, em cenas grandiosas dignas de Magic The Gathering. Enquanto isso, Asgardia sofreu um grande baque com o retorno de Odin, exilando sua esposa Freya, que acaba apunhalada por Loki, seu filho. Toda essa questão política, lidando com machismo e preconceito, foi um dos pontos altos do primeiro arco. Nesse segundo, Os Senhores de Midgard, temos uma nova reviravolta: a ganância de Dario não passou despercebida entre os mais ricos da Terra. Review com alguns (poucos) spoilers!
OS SENHORES DE MIDGARD
Tudo começa com Dario temendo que o exército de Malekith se torne poderoso demais e acabe dando uma rasteira na Roxxon. Assim, Dario chama ninguém menos que Loki para ajudá-lo a criar um pequeno exército poderoso o suficiente para bater de frente, caso Malekith o traia. Loki aproveita o momento pra contar uma história antiga, sobre o viking Bodolf, o Negro: que em toda batalha orava por Thor, pedindo ajuda e proteção, conseguindo vencer qualquer adversário que surgisse. Até o momento que o poder lhe subiu a cabeça e teve que orar por Loki, numa reviravolta. Essa história é desenhada pelo Rafa Garres, que geralmente faz capas pra DC (como de Jonah Hex) e percorre as edições #6 e #7. Ela é bem divertida e o legal é que ocorre antes do Thor conseguir o Mjolnir. Loki utiliza da história pra mostrar a Dario como alguns de seus soldados podem virar pequenos monstros a partir do sangue de um dragão. E, claro, pra servir de aviso caso Dario o traia.
O título “Senhores de Midgard” é uma alusão à uma cúpula de milionários que controlam a Terra, por assim dizer (e como é de costume entre essa galera, vide os Iluminati, o Clube do Inferno…). Entre eles temos Sebastian Shaw, o Rei do Crime, o sucessor do Samurai de Prata, Wilhelmina Kensington, o próprio Dario e outros. Todos já sabem da empreitada com os Reinos Mágicos e não gostaram nada de terem sido passados pra trás, sem dar abertura pra uma “concorrência”. Mas Dario está 100% nem aí, manda geral tomar naquele lugar e se torna um alvo, sendo capturado por uma nova figura milionária no grupo: a Exterminatrix, a filha do Doutor Midas. Ela é uma mistura de Bayonetta com Rubber Man. Muito boa. O restante do arco mostra as consequências de tirarem Dario da jogada, iniciando o “Imperativo Agger“, um sistema de auto-detonação da Roxxon (que fica numa rocha sobre NY), ameaçando cair e detonar a cidade.
Essas sequências são muito boas, principalmente pela arte de Dauterman. Tudo é super dinâmico e o roteiro do Jason Aaron, apesar de exagerado e com clichês (já cansei desses grupos milionários), consegue vender a ideia e convencer o leitor de tudo que está ocorrendo. Ver Shaw e o Rei do Crime na mesma mesa é muito bom, pena que não lutaram. Quem fez a vez foi o novo Samurai de Prata, que é uma versão 2.0 Espadachim do Homem de Ferro. Uma outra coisa boa que surge é a dupla de Agentes da SHIELD Krill e Kurdle, que falam juntos, são carismáticos e estão dispostos a desmascarar a Thor. Sim, a Thor ainda aparece no arco! Mas voltando aos Agentes, eles são ótimos. Pena que só aparecem nesse arco em específico, espero que sejam reaproveitados mais pra frente. Já a Thor deixa sua quimioterapia e se une à Agente Solomon para tentarem, de alguma maneira, libertarem Dario Agger e impedir que a Roxxon desabe sobre a cidade. O clímax é, claro, o confronto entre ela e a Exterminatrix. Eu não conhecia muito essa personagem, mas gostei de seu estilo, das balas de ouro e tudo o mais. Outras duas coisas importantes que acontecem nesse arco são um Elfo da Luz planejando retaliar o ataque de Malekith feito à sua Rainha; e uma nova (?) habilidade do martelo Mjolnir, ao perceber que Jane está em perigo. Achei um pouco forçada essa última situação. Infelizmente não temos muito a participação de Freya (que foi apunhalada por Loki) e toda a questão política, que foi ótima no arco anterior. A história do Viking é legal, mas acaba sendo um filler meio longo, ainda mais sendo uma coisa Hulkineana. Mas continua um ótimo arco, divertido e carismático.
Fil Felix é autor, ilustrador e psicanalista. A Central dos Sonhos é seu universo particular, por onde aborda questões como memórias, desejos e infância. Fã de HQs, escreve seus comentários sobre quadrinhos desde 2011, totalizando mais de 600 reviews. Já escreveu sobre arte para diversos blogs como Os Imaginários e a coluna Asas da editora Caligo. Ilustrou os livros infantis Zumi Barreshti (2021, Palco das Letras) e Meu Avô Que Me Ensinou (Ases da Literatura), entre outras publicações.