Nome Original: X-Men #151, #152; #153 e #154; Uncanny X-Men #437, #439, #439 e #440; New Mutants #9, #10 e #11; X-Men Unlimited #1 e #2
Editora/Ano: Panini, 2005 (Marvel, 2004)
Preço/ Páginas: R$6,90/ 100 páginas
Gênero: Ação/ Super-Herói
Roteiro: Grant Morrison; Chuck Austen; Nunzio Defilippis & Christina Weir
Arte: Salvador Larroca; Carlo Barberi; Marc Silvestri
Sinopse: Novos X-Men: último arco do Grant Morrison a frente dos X-Men: Ecos do Amanhã, um futuro apocalíptico onde um Ovo da Fênix pode garantir a extinção dos mutantes. Fabulosos X-Men: Início do arco Dormindo com Anjos. Escalpo visita sua família no Kentucky e se envolve num confronto com a família rival Cabot. Novos Mutantes: A volta de Lupina ao Instituto causa uma reviravolta nos alunos e nas ex-Novos Mutantes Karma e Miragem. E mais: X-Men Unlimited.
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Depois de ler essas 3 edições de X-Men, quis explodir alguns mutantes/ roteiristas e desenhistas. Com exceção dos Novos X-Men, que geralmente são bons e que estreiam o último arco escrito por Grant Morrison, as demais séries estão sofríveis. Tanto Novos Mutantes quanto Fabulosos X-Men estão tratando de romances e tragédias, mais parecem uma novela que qualquer coisa. De brinde, vêm duas histórias de X-Men Unlimited.
Novos X-Men: e chegamos ao último arco escrito por Grant Morrison, autor que irá deixar saudades… afinal, trouxe coisa muito boa aos mutantes em meio à bombas como X-Treme do Claremont e Fabulosos do Austen. Hoje em dia, passados 10 anos de sua fase na revista, os leitores dividem opinião quanto à sua qualidade. Particularmente, gostei muito. A Sala Especial do Xorn, Irmãs Stepford, a pele de diamante da Emma e a transformação em felino do Fera foram só alguns dos pontos alto.
Nesse último arco, após revelar que Xorn é o Magneto e assassinando Jean Grey, viajamos 150 anos no futuro e Morrison mostra sua versão apocalíptica dos mutantes. Nessa realidade, o Fera foi dominado por um parasita, transformando-o numa versão maligna, um geneticista que aniquilou quase que toda a humanidade, incluindo tantos os mutantes quanto não-mutantes. Um grupo, porém, sobreviveu aos ataques e planeja uma retaliação. Mas tudo sai errado quando o Fera encontra o “ovo da Fênix”, conseguindo liberar a força cósmica dentro dele e iniciando seu plano final, ao lado de seu exército de “Noturnos”.
A equipe de X-Men é formada por Martha, Cassandra Nova, uma versão do Bico, EVA (a nave do Fantomex, agora como uma mulher), Tom e seu Sentinela e o único sobrevivente da equipe original: Wolverine. No decorrer vemos outros personagens conhecidos como as Irmãs Stepford, também. A história é um pouco confusa no início e começa a clarear perto do fim, mas a construção das cenas e status-quo dos heróis merecem destaque. A morte de Cassandra, por exemplo, é fenomenal. Outro ponto que gostei muito é a relação de Tom e o Sentinela defeituoso, que o criou. Os dois são muito próximos, por mais que a máquina só diga “destruir”. Nas cenas finais, quando o Sentinela fica com “ciúmes” de EVA e acaba sendo atingido pelo inimigo, é emocionante.
A arte de Mark Silvestri (Darkness & Witchblade) é muito bonita e dinâmica, fechando com chave de ouro a passagem do escocês pela série. No final temos Ciclope observando o túmulo da Jean (que, por incrível que pareça, continua morta até hoje) e Emma chegando perto, perguntando se já é a terceira vez que ele a enterra (por que ela foi de biquíni?). Finalmente os dois ficam juntos, deixando claro que passarão a dirigir o Instituto. Esse último arco do Morrison não chega a ser seu melhor, mas é muito competente e acima da média se comparado com as demais séries. Só me incomodou o exército de Noturnos, por me lembrar do arco “Draco” de Fabulosos.
Fabulosos X-Men: início do arco “Dormindo com Anjos”. Título bastante sugestivo. É focado na família Guthrie, que mora no Kentucky, cujos filhos são mutantes e possuem um racha familiar com os Cabot. Depois de um Guthrie machucar um dos filhos de Cabot, inicia uma briga sem tamanho e com proporções e desdobramentos trágicos, pra não dizer horríveis. Escalpo, que é uma Gutrhie (assim como o Míssil) viaja com Anjo até o interior pra tentar amenizar as coisas. Em paralelo, um outro irmão seu (que também tem asas) inicia um romance proibido e patético com uma Cabot. Sim, bem ao estilo Romeu e Julieta.
As frases de amor entre esses dois estão entre as piores coisas que vêm acontecendo aos mutantes. Eles se conheceram quando crianças e de repente o amor floresceu quase dez anos depois. Sem contar que o Anjo resolve se abrir com a mãe de Paige. Pra dizer que a série ainda é “Os Fabulosos X-Men”, a dupla chama Wolverine, Noturno e Polaris pra caso da coisa ficar feia. Parece até desnecessário, já que é apenas uma briguinha familiar, mas as coisas realmente complicam quando o Pai Cabot e seus filhos entram em super-armaduras e resolvem destruir toda a família rival. Oi?
Polaris até encontra os “robôs” e se gaba deles serem de metal e que irá vencê-los num segundo, mas eles não são de metal e quem acaba se ferrando é ela. Depois de tantos anos como X-Men, será que ela não sente o metal? Mas a ação nesse arco é bem pouca, focado mais nesses (des) encontros amorosos, uma ladainha. Numa cena, inclusive, o Anjo levanta voo com a Paige e começam a tirar a roupa no ar, enquanto os X-Men e até sua mãe estão embaixo.
A arte é do Salvador Larroca, que desenhou o inicio dos X-Treme X-Men e cria capas sensacionais, mas aqui ele está muito estranho (não sei se devido o arte-finalista ou as cores). Os personagens parecem todos iguais e o que mais me incomodou é o Anjo, que ganha praticamente mais uma versão, com traços muito diferentes.
Novos Mutantes: essa nova reencarnação da equipe original vem sendo simpática, mas decaiu bastante nessas edições. A história principal é focada na procura da mutante Faísca, uma menina abandonada com poderes elétricos e que já apareceu anteriormente parecendo uma mendiga e que foi expulsa por um dos alunos. Miragem e Karma vão procurá-la e impedem os outros alunos de saírem, mas eles são coagidos a realizarem a missão escondidos por uma outra ex-Novos Mutantes: Rahne, a Lupina! Sim, ela voltou. Desde o assassinato de Moira, sua mãe adotiva, que Rahne estava sumida. Só pra relembrar, ela havia perdido seus poderes e foi baleada por Mística na época.
Ela volta totalmente reformulada, com cabelos longos, descolada e irritadinha. Mas assim como acontece em Fabulosos, aqui também tem muita melação. Laurie, que consegue controlar seu feromônio, é apaixonada por Josh, que por sua vez está apaixonado por Rahne. E vira um círculo vicioso ao estilo Malhação. A última história é um pouco mais interessante, mostrando o passado de Laurie e Lupina ao mesmo tempo. Além de conhecer sobre as personagens, percebemos que não são tão diferentes quanto parece. Emma Frost faz uma aparição especial, se tornando monitora de alguns alunos.
Mas o que ferrou mesmo com esse arco dos Novos Mutantes é o desenhista Carlo Barberi. Ele tem um estilo muito cartunesco e mangá/ anime like que ficou horroroso na série. Os personagens estão feios, todos possuem uma franja cobrindo um olho, além de expressões estranhas e parecidas. To sentindo a mesma coisa de quando o Kia Asamiya desenhou Fabulosos. Pra não dizer que tudo é ruim, a transformação de Rahne em Loba (sim, ela recupera os poderes) ficou bem interessante e a arte na última história está menos exagerada.
X-Men Unlimited: Duas histórias curtas de X-Men Unlimited. A primeira é focada na Sábia entrando numa mansão pra roubar um cofre que guarda um pertence seu. Nada de muito espetacular, mas agradável. Ela invade ao estilo Mulher-Gato e o interessante é podermos ver a extensão de seus poderes. Ela, que é um computador vivo, está assaltando a casa, conversando com o Bishop e jogando xadrez on-line ao mesmo tempo. Uma das personagens mais interessantes que ressurgiu com X-Treme X-Men. Já a segunda história é da Jubileu, a eterna side-kick do Wolverine e que solta fogos de artifício. Ela está no shopping com umas amigas e, para defender um “casinho”, agride alguns seguranças. História boba, com o famoso “humano que deixa de gostar do outro ao saber que é mutante” e só vale pra mostrar que agora Ciclope e Emma estão no comando do Instituto.
O último arco do Morrison à frente dos X-Men salvaram esse review, já que Fabulosos e Novos Mutantes foram sofríveis. Agora que não teremos mais o escocês na revista, quero só ver como vai ser daqui pra frente…
Fil Felix é autor, ilustrador e psicanalista. A Central dos Sonhos é seu universo particular, por onde aborda questões como memórias, desejos e infância. Fã de HQs, escreve seus comentários sobre quadrinhos desde 2011, totalizando mais de 600 reviews. Já escreveu sobre arte para diversos blogs como Os Imaginários e a coluna Asas da editora Caligo. Ilustrou os livros infantis Zumi Barreshti (2021, Palco das Letras) e Meu Avô Que Me Ensinou (Ases da Literatura), entre outras publicações.