[Review] Astronauta – Magnetar !

Astronauta - Magnetar

Nome Original: Graphic MSP #1: Astronauta – Magnetar
Editora/Ano: Panini, 2012
Preço/ Páginas: R$19,90/ 8o páginas
Gênero: Alternativo
Roteiro/ Arte: Danilo Beyruth
Sinopse: O Astronauta, personagem que singra o espaço sideral sozinho em sua nave há anos, visita uma galáxia distante para estudar um magnetar. Mas ele comete um erro que pode custar sua vida. Agora, com a nave danificada e sem comunicação, ele está “náufrago no espaço” e precisa encontrar uma forma de escapar antes de ser derrotado pela insanidade que insiste em tomar sua mente.

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Mauricio de Sousa é um dos maiores cartunistas do Brasil e um nome de peso para o universo das HQs. Começou sua carreira em 1959, quando lançou sua primeira tira com o Bidu, personagem que mais tarde se tornou o símbolo da Mauricio de Sousa Produções. Em seguida vieram a criação de Cebolinha (1960), Mônica e Cascão (1963) e Magali (1964), entre dezenas de outros importantes personagens como Penadinho, Horácio, Chico Bento, Piteco, Astronauta, Tina… Criou-se, então, o Império Turma da Mônica: com HQs, animações, teatro, atrações circenses, produtos diversos, CDs, shows, parques…

Astronauta - Magnetar página 1

Com o passar do tempo, porém, as crianças passaram a ler menos gibis e o público geral de HQs foi diminuindo, além do mercado ter sofrido grandes mudanças nos anos 2000 com a popularização do mangá, queda dos super-heróis e múltiplas editoras lançando coisa nova. Mas Mauricio e Cia. conseguiram manter a turma e inovaram ao apresentar a Turma da Mônica Jovem em 2008, em novo formato e com personagens reformulados, além de tratar de assuntos mais atuais e fisgar os jovens. A edição #34, por exemplo, quebrou records e ultrapassou gigantes como a Marvel e DC nas vendas. E nessa onda de reformulação, a Panini lançou os álbuns “MSP 50” (2009) em comemoração aos seus 50 anos de carreira, onde 50 artistas entre consagrados e novos criavam sua própria história utilizando dos personagens da Turma da Mônica. A iniciativa rendeu outro álbum especial (Ouro da Casa) e o lançamento da série “Graphic MSP”.

“Astronauta – Magnetar” foi o primeiro dos quatro títulos da série Graphic MSP, com história e arte do Danilo Beyruth (Bando de Dois) que já havia participado das coletâneas MSP 50. O personagem foi criado em 1963 pelo Maurício no intuito de levar um brasileiro ao espaço e discutir com o leitor temas como ficção, filosofia, solidão e saudade. Afinal de contas, o Astronauta quase não ficava em casa e sempre comentava o quanto sentia falta de sua família e por perder o amor de sua vida, Ritinha, para outra pessoa.

Astronauta - Magnetar página 2

E Danilo utiliza dessa solidão característica para narrar a história, levando o personagem ao além-terra para pesquisar o Magnetar (estrela de nêutrons) e ficando totalmente incomunicável ao ter sua nave danificada por uma onda de radiação. Sem contato com a Terra e impossibilitado de partir, o Astronauta passa dias e mais dias tentando bolar uma maneira de sair dali ao mesmo tempo em que precisa racionar os alimentos e lidar com a própria sanidade. Num determinado momento, ele até questiona se há outra pessoa na nave.

Impossível não relacionar a história ao filme Náufrago (2000) ou 2001: Uma Odisseia no Espaço (1968), tanto pelo tema quanto pelo computador inteligente. O fato é que o argumento já rendeu ótimas histórias mundo afora e não é diferente com “Magnetar”. O autor pesquisou bastante sobre o espaço para construir explicações aceitáveis e tornar tudo o mais real possível.

Astronauta - Magnetar página 3

Interessante comentar como o personagem lida com as memórias do avô e utiliza de seus conhecimentos para tentar se livrar da situação. Danilo também inclui várias referências nos diálogos, tanto literárias quanto reais, assim como do próprio Maurício (Estrela MSP?). É uma pegada diferente de Turma da Mônica – Laços. Em matéria de desenhos, o autor é um dos mais expressivos dessa geração, com um traço firme e detalhado, lembrando as HQs de heróis. Também é possível perceber que ele pegou alguns pontos de sua série Necronauta.

Algumas sequencias são sensacionais, como a que mostra a repetição de tarefas durante o passar dos dias(uma página repete a anterior e se repete em formatos pequenos), demais; e a da alucinação com o avô, por todo seu onirismo.  As cores de Cris Peter também merecem destaque, abusando do azul, amarelo e tons de vermelho/ rosa. Cores primárias sempre são excelentes ^^.

Astronauta - Magnetar página 4

O acabamento é em papel couché e nas opções capa dura ou cartonada. Possui introdução do próprio Maurício de Sousa, esboços e ideias iniciais que foram descartadas (como o encontro com um alien), bios do personagem e autor. Fecha com a reprodução da primeira história do Astronauta publicada pelo Diário de S. Paulo em 1963.

nota 9,0 ;

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