Nome Original: Bando de Dois
Editora/Ano: Zarabatana, 2010
Preço/ Páginas: R$41,00 / 96 páginas
Gênero: Alternativo/ Ação
Roteiro / Arte: Danilo Beyruth
Sinopse: Dois últimos sobreviventes de um bando de vinte cangaceiros partem em busca das cabeças decepadas de seus companheiros, preparados para enfrentar um exército. Cada um com os seus motivos. Bando de Dois é o bangue-bangue à brasileira.
***
Os cangaceiros Tinhoso e Caveira di Boi são os únicos sobreviventes de um bando massacrado pelos “macacos” do Tenente Honório numa emboscada. Os mortos foram decepados e suas cabeças guardadas em caixas para Honório exibí-las como prêmio. Deixado pra morrer, Tinhoso sonha com seu antigo comandante pedindo ajuda: que encontre sua cabeça, assim como a dos demais companheiros, para que possam descansar em paz. Ele se une à Caveira di Boi para bolar uma armadilha e se vingarem.
Danilo Beyruth é o criador da série independente Necronauta e do recente Astronauta – Magnetar. Em Bando de Dois ele pega todo o clima dos filmes de faroeste, bang-bang e cowboys e transforma numa aventura de cangaceiros em busca de vingança pelo interior do país. A ideia por si só já é interessante e muito bem desenvolvida, mostrando um outro lado de histórias passadas em meio à seca.
Interessante comentar como Bando de Dois é fiel em diversos pontos à respeito da cultura do cangaço, que tinham como prática decepar a cabeça de suas vítimas. O próprio Lampião e sua companheira, Maria Bonita, foram chacinados e degolados numa emboscada. Beyruth também se inspirou nos filmes do diretor italiano Sergio Leone, citado na introdução do álbum. Leone é conhecido por ter popularizado o gênero “western” e dentre seus filmes estão “Era Uma Vez no Oeste” e “Três Homens em Conflito”, ambos da década de 1960.
Os desenhos do autor são bonitos e sua marca registrada está na construção detalhada dos personagens, com belas expressões faciais e cenas em perspectiva excelentes. A sequencia inicial (primeira imagem) é ótima, com Tinhoso caindo e a “câmera” girando ao mesmo tempo. Vale comentar a caracterização dos cangaceiros e o uso de sombra/ luz, que mesmo sendo em preto e branco é visível o calor e o solzão do sertão.
Por ser curta e se desenvolver rapidamente, não dá tempo de aprofundar outras questões. A história é direta e reta, mas sem parecer apressada. O final é bastante inesperado, sendo a sequencia da areia sensacional e o ponto alto da HQ. Infelizmente, alguns detalhes passaram batidos como o sotaque “caipira” ora lembrado, ora esquecido e o personagem Zeca, que “sumiu” sem deixar saudades ^^.
O acabamento segue o padrão da editora Zarabatana, num formato semelhante ao magazine (maior que o tradicional), capa cartonada e miolo off-set em alta gramatura. Bando de Dois foi um dos escolhidos do programa ProAc (Programa de Ação Cultural) em 2009 e venceu o Troféu HQMix em três categorias: melhor roteirista, desenhista e publicação especial nacional de 2011.
Fil Felix é autor, ilustrador e psicanalista. A Central dos Sonhos é seu universo particular, por onde aborda questões como memórias, desejos e infância. Fã de HQs, escreve seus comentários sobre quadrinhos desde 2011, totalizando mais de 600 reviews. Já escreveu sobre arte para diversos blogs como Os Imaginários e a coluna Asas da editora Caligo. Ilustrou os livros infantis Zumi Barreshti (2021, Palco das Letras) e Meu Avô Que Me Ensinou (Ases da Literatura), entre outras publicações.