Fil Felix é autor, ilustrador e psicanalista. A Central dos Sonhos é seu universo particular, por onde aborda questões como memórias, desejos e infância. Fã de HQs, escreve seus comentários sobre quadrinhos desde 2011, totalizando mais de 600 reviews. Já escreveu sobre arte para diversos blogs como Os Imaginários e a coluna Asas da editora Caligo. Ilustrou os livros infantis Zumi Barreshti (2021, Palco das Letras) e Meu Avô Que Me Ensinou (Ases da Literatura), entre outras publicações.
[Review] Fábulas Vol. 3 – O Livro do Amor !
Nome Original: Fables #11 à #18
Editora/Ano: Panini, 2013 (Vertigo, 2003)
Preço/ Páginas: R$22,90/ 196 páginas
Gênero: Alternativo/ Fantasia
Roteiro: Bill Willingham
Arte: Mark Buckingham; Bryan Talbot; Lan Medina; Linda Medley
Sinopse: A frase “e então viveram felizes para sempre” não é muito comum no mundo de Fábulas. Como refugiados das terras do faz de conta, esses seres deixaram os mundos de suas histórias e foram obrigados a se mudar para a nossa mundana realidade. Mas isso não quer dizer que eles abriram mão de suas vidas românticas – nem da dor, da traição ou dos ciúmes raivoso que fazem parte do pacote. Na verdade, o amor parece estar no ar para pelo menos duas das fábulas mais cabeça-dura e turronas da comunidade.
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Depois de apresentar a comunidade das Fábulas em Lendas no Exílio e a repaginada de personagens conhecidos como Branca de Neve e Lobo Mau, Bill Willingham conseguiu uma sequencia ainda mais animadora em A Revolução dos Bichos, trazendo à tona as fábulas da Fazenda numa guerra civil liderada pela rebelde Cachinhos Dourados. Neste terceiro volume o autor amplia o universo da série e mantém a qualidade.
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“O Livro do Amor” começa com um “quem é quem”, um resumo dos principais personagens que apareceram até agora, além de notas sobre os eventos ocorridos nas edições anteriores. Antes do arco principal que dá o nome ao volume, temos duas histórias curtas: a primeira é sobre João das Lorotas, passada durante a Guerra Civil americana. Sempre astuto e esperto, ele consegue um saco mágico numa aposta de cartas e aprisiona a Morte dentre dele, quando soube que a entidade levaria uma linda (e enferma) moça. Como prêmio, ela acaba cedendo à seus desejos…. porém prender a Morte não foi algo muito inteligente à se fazer… Destaque para a cena dos animais e soldados mortos-vivos, sangue para todo lado!
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Já a segunda história é dividida em duas partes, sobre um repórter que descobriu o segredo das fábulas e ameaça Bigby à publicar tudo no jornal. Ele pensa que a comunidade é repleta de “vampiros imortais”. Com a ajuda do Barba Azul, Príncipe Encantado, João e Papa-Moscas, Bigby invade o apê do cara para lhe ensinar uma lição. Também é a estréia da Bela Adormecida na série, que sempre dorme ao espetar o dedo em qualquer coisa, fazendo crescer um jardim de espinhos em volta do local. O uso do Pinóquio pra fechar a trama ficou sensacional.
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Enfim chegamos ao arco principal: o Príncipe Encantado, com ajuda da “Guarda Roedora”, investigam o Barba Azul para tentar incriminá-lo e ficar com sua riqueza. Porém, o careca está escondendo Cachinhos Dourados e acaba sendo descoberto. Com medo, usa um feitiço para hipnotizar Branca e Bigby, mandando-os para um lugar distante e enviando Cachinhos em seguida para matá-los. Com as autoridades fora de linha, percebemos a rede de intrigas entre os personagens e o Príncipe aproveita para eliminar Barba Azul.
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Já na selva, Bigby e Branca se espantam ao recobrar a consciência e perceber que pode ter ocorrido “algo” a mais entre os dois. Mas não dá tempo pra pensar, pois uma Cachinhos insana está a caminho e protagoniza uma excelente sequencia de briga. A moça leva até uma machadada na cabeça e continua firme e forte! Aliás, ela foi uma das personagens que mais gostei até agora… numa cena com o Barba, ela comenta que está acostumada à ter uma vida sexual “diversificada” (alguém lembra que ela namorava um dos Ursos?). Será uma pena se ela sumir, assim como o próprio Barba, que guarda raiva do Lobo.
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Os desenhos de Mark Buckingham (Hellblazer) são bonitos e cheios de detalhes, com quadros ornamentados e tudo, porém a caracterização do Lobo ficou estranha, parecendo com o Wolverine de mau-humor. Cadê o Lobão que vimos no primeiro volume? Fecha a edição uma história especial sobre os habitantes de Liliput, sua chegada à Fazenda e de como conheceram Polegarzinha, a única mulher do mesmo tamanho. Willingham aproveita para reformular a história d’As Viagens de Gulliver e do conto de Hans Christian Andersen (o mesmo de Patinho Feio) sobre a Cemente da Cevada. Os desenhos são de Linda Medley (Batman & Robin Adventures), com traçados fortes que lembram Mike Allred. O acabamento permanece o mesmo da série (papel especial e lombada quadrada). Apesar dos destaques como a cena entre Cachinhos e Branca na selva, este volume ficou mais “disperso” que os demais, devido a quantidade de histórias.