Escalpo: muitos acontecimentos nessa conclusão de arco. O chefe dos Hmong foi até a reserva e deu uma coça em Corvo Vermelho, porém ele não deixou barato e preparou uma vingança que colocará um fim nessa situação. Dash leva Diesel à um lugar distante e o mata. A testemunha que poderia dar vantagem à Nitz acaba sendo morta e Carol descobre estar grávida. Tudo isso numa tacada só, em ótima sequências.
O único ponto que causa certo estranhamento no leitor é Corvo Vermelho ter primeiro apanhado para depois se vingar, o que pode gerar diversas conclusões, como ele ter deixado por mostrar aos Hmong que eles ainda são os chefes do pedaço. O destaque fica para a cena em que Dash resolve matar Diesel aos poucos: apesar de mostrar pouco, os recordatórios explicando cada passo da ação são sensacionais, é possível sentir até a agonia da vítima. Assim Dash incrimina Diesel e se safa com Corvo Vermelho, ganhando sua admiração (e possível inveja de seu guarda-costas). A cena final, mostrando o abalo emocional com os protagonista mais a Carol é excelente.
Homem do Espaço: essa série não me empolga tanto quanto as demais, porém continua interessante. Lilly, a prostituta virtual, planejou uma armadilha para capturar Orson e Tara, mas não obtém sucesso. Na fuga, o homem do espaço é filmado pela equipe de TV do programa onde a menina estava. Os produtores, agora, pensam se irão liberar a filmagem ou sensacionalizar em cima dela. Os flashbacks de Orson continuam vagos e vão se desenrolando bem lentamente e, após a busca por ouro, temos o assassinato de um deles no espaço. Um diálogo entre ele e a menina nos leva a pensar do porque Orson ainda não entregou a menina às autoridades.
Casa dos Mistérios: uma história, aparentemente, desconexa e confusa escrita por diversos roteiristas. Jordan se dirige à Casa e se surpreende ao encontrar todos do lugar mortos, com o coração arrancado por um arquétipo de caçador/ herói e expostos no balcão. O homem deixará Jordan sobreviver caso ele aceite o desafio de acertar a quem pertence cada coração, porém terá que degustá-los para descobrir. Eis que surgem figuras do universo de Sandman como Lucien e Eva, além de Caim e Abel.
A história é divertida e, com as chamadas dos roteiristas, já se percebe a mudança de rumo que cada um toma. Logo após a história há uma matéria de Matthew Sturges, o roteirista regular, sobre como essa edição foi criada, uma espécie de jogo dos roteiristas, onde cada um criaria uma parte da história sabendo, apenas, do último momento, por isso as cenas nonsenses. Deveriam colocar tal explicação antes da história, pois quem não gosta da série encontrou outra razão para continuar não gostando, pois ela não tem ligação com o arco anterior e sequer inicia um novo. Eu gostei e destaco as participações de Eva e Abel. Os roteiristas convidados são Bill Wllingham, da série Fábulas; a editora Alisa Kwitney (Destino: Crônica de Mortes Anunciadas), o estreante Dave Justus e o saudosista Paul Levitz, ex-presidente da DC Comics.
Vampiro Americano: Travis persegue seu inimigo a história toda numa corrida que parece não ter fim. Os recordatórios contuam bons, com a “filosofia” do protagonista. O destaque fica para os flashbacks de Travis, lembrando de sua infância numa espécie de hospital-reformatório, onde passou por algumas experiências que pode tê-lo transformado no caçador violento que é. No final temos a revelação da ligação entre essa história passada em 1955 e Skinner Sweet. Não sei se foi tão surpreendente quanto parece ser, pois o conheço apenas do arco anterior, mas pareceu interessante. O traço de Rafael Albuquerque é muito bonito e estiloso e se encaixa com a proposta da série. Felizmente, não parei de ler pelo arco anterior, cujo conjunto da obra estava mais para um Tex com vampiros.
Hellblazer: Nergal continua narrando sua história de vida e de sua filha, Rosacarnis, enquanto procuram a alma da irmã de Constantine. Após ser banido e morto por Lúcifer, mostrado na edição anterior, ele acaba revivendo numa forma decadente (o de vida eterna! ^^) e tentou visitar Rosa, porém foi desacreditado e morto. Tempo se passa e ele renasce novamente, porém na forma de rato que vemos hoje. Enquanto isso os filhos de Constantine vão ao palácio da mãe avisá-la do perigo que está por vir. Mais uma edição sem grandes acontecimentos, mas que continua bem divertida de ler. As duas moças que ficaram no apartamento fazem uma magia, no mínimo, curiosa: usar um celular para entrar em contato com a falecida. E elas conseguem! Num diálogo muito engraçado.
Vertigo #33 continua com um bom mix de séries, além de acabamento de qualidade: capa couché, miolo pisa, lombada canoa, previews, extras e resumo dos acontecimentos anteriores. Como comentei no começo, as séries Y – O Último Homem e Ex-Machina serão concluídas ainda este ano e a Panini colocou algumas pistas nessa edição sobre quem irá substituí-las. Hoje sabemos que serão as séries: O Inescrito (The Unwritten), ainda em andamento nos EUA e criada pela dupla Mike Carey e Peter Gross (Lúcifer), atualmente com mais de 40 edições lançadas; e Sweet Tooth – Depois do Apocalipse, escrita e desenhada por Jeff Lemire (Homem Animal), com as cores do Jose Villarrubia (Ícones X-Men: Câmara) e, atualmente, com mais de 35 edições lançadas e ainda em andamento nos EUA. Nas próximas edições da Vertigo teremos previews de tais séries. Estou ansioso pelo Tooth ^^

Fil Felix é autor, ilustrador e psicanalista. A Central dos Sonhos é seu universo particular, por onde aborda questões como memórias, desejos e infância. Fã de HQs, escreve seus comentários sobre quadrinhos desde 2011, totalizando mais de 600 reviews. Já escreveu sobre arte para diversos blogs como Os Imaginários e a coluna Asas da editora Caligo. Ilustrou os livros infantis Zumi Barreshti (2021, Palco das Letras) e Meu Avô Que Me Ensinou (Ases da Literatura), entre outras publicações.