X-Treme X-Men: Sábia foi salva, mas permanece em estado catatônico graças às ilusões da Mestra Mental. Salva-Vidas, provavelmente a mais nova integrante da equipe, tenta usar seus poderes (ainda desconhecidos e descontrolados) para trazê-la de volta. Jean faz uma visita mental à Tempestade e as duas trocam algumas informações (ligando fatos ocorridos em Novos X-Men) e fofocas, também. Gambit e Lótus Escarlate vão até a máfia que o perseguiam para provar inocência.
É o fim dessa fase em X-Treme, fechando várias pontas, mas de forma apressada, dando a impressão que há um vácuo entre a última história e esta. O modo que a “subtrama” do Gambit fechou também ficou estranha. O interessante é a ponte entre essa série e a dos Novos X-Men, pois Jean passa algumas informações à Ororo (como de Cassandra Nova, por exemplo) unificando o Universo Mutante, mas Tempestade quase não reage ao saber que Charles Xavier pode morrer. As várias trocas de visual das duas amigas mostra, mais uma vez, que Salvador Larroca é ótimo nos desenhos de roupas e penteados.
Exilados: depois de uma edição mais descomprometida onde a Solar revela ser lésbica, a série volta à cronologia normal. O grupo chega numa nova realidade e se surpreendem ao encontrar uma equipe liderada pelo temido Dentes-de-Sabre e que também trabalham para o Tallus. Coincidência ou não, este Victor Creed é o mesmo que criou Blink em sua realidade. Completam este outro time o andróide Visão, a Mulher-Hulk, Homem-Aranha, Tempestade e Deadpool.
É uma história rápida onde as duas equipes se unem para realizarem uma missão que consiste em eliminar alguns sentinelas e salvarem David Richards, filho de Rachel Summers e Franklin Richards, se tornando o mutante mais poderoso desta realidade. Mas a missão não seria tão interessante sem um “twist” do Tallus na situação. Não é o melhor dos Exilados, mas continua na média. TJ ainda sofre com a perda do Pássaro Trovejante e assume ter perdido o filho que esperava dele. Em seu lugar entrou Sasquatch que, para espanto do pessoal, revela ser uma mulher. Mike McKone retorna aos desenhos, criando belos personagens com destaque para o Mímico.
X-Force: o grupo, agora com a nova integrante Falecida, vão à uma base espacial enfrentar os “rangers de Bush” numa batalha onde precisam perder de propósito para agradarem seus “patrocinadores”, o que não será tão difícil. Além de pegos de surpresa pelos “alienígenas”, os membros não estão mais se entendendo e rolam várias discussões. Vai Nessa tenta persuadir Falecida para entrar em contato com seu ex-namorado, enciumando o Sr. Sensível; e Spike se revolta ao descobrir que Vivisector e Adiposo estão tendo um caso! Peter Milligan trazendo novos conceitos à já polêmica série.
Essa nova X-Force se manteve como uma das séries mais alternativa dos mutantes desde a sua estréia. É psicodélica, sem ligações com a confusa cronologia dos X-Men, possui humor negro, sátiras às outras equipes, clima descomprometido, sem medo de matar de verdade seus personagens e por aí vai. Gosto muito tanto da arte de Mike Allred (Madman) e da narrativa do Peter Milligan (Shade), me tornei um fã da equipe de imediato. Em suas primeiras edições vimos o mutante gay Bloke (atualmente morto) e agora Milligan volta a tratar do tema. Há algum tempo que Vivissector e Adiposo estavam se distanciando da equipe e se tornando mais amigos e agora admitem suprirem sentimentos um pelo outro; Spike não aceita a situação e começa um reboliço no meio da missão.
Hoje em dia o assunto está em alta, com a revelação de um Lanterna Verde gay e o recente casamento do Estrela Polar e seu namorado, mas no início dos anos 2000 não era assim tão comum, ainda mais no mainstream heróico (Authority, por exemplo). Um casal atuando na mesma equipe será interessante, e o importante é que tudo surgiu naturalmente – se é que a palavra natural se encaixa numa série tão singular. Outro destaque da edição é a origem da Falecida, que trata um pouco da violência contra a mulher e assassinato.
Ícones X-Men – Câmara: John Starmore está numa Universidade investigando um misterioso assassinato: um grupo de mutantes foi morto e somente a namorada humana de um deles sobreviveu. A Cia. já deu como fechado o caso, porém Câmara não aceitou as justificativas e corre atrás do culpado. Penúltima parte desta mini-série, a melhor do selo “Ícones” a portar no mix (antes houve da Vampira e do Ciclope), possuindo um ótimo clima de suspense a lá Pânico de ser. Dentre os suspeitos da trama temos a namorada sobrevivente, o colega de quarto mau-humorado, a gangue rival e a mutante affair de John, cujos poder ainda é um segredo. Os desenhos de Fergunson e cores de Villarrubia são ótimos, bem estilizados. Destaques para a sequencia de cenas em que Câmera entra numa boate e utiliza suas rajadas ao máximo.
O ótimo acabamento da Panini continua, com capa e miolo em papel de qualidade. Infelizmente, esse formato está para terminar: a partir da edição 20 a editora adota o formato americano (um pouco menor que o atual) e o miolo passa a ser de papel pisa-brite. Devido a perda de qualidade (pois o pisa deixa as imagens mais foscas), o preço também diminui. Na sessão de cartas é comentado sobre a possível volta dos uniformes coloridos às principais equipes de X-Men, característica que foi deixado de lado com a vinda da adaptação cinematográfica da franquia.
Fil Felix é autor, ilustrador e psicanalista. A Central dos Sonhos é seu universo particular, por onde aborda questões como memórias, desejos e infância. Fã de HQs, escreve seus comentários sobre quadrinhos desde 2011, totalizando mais de 600 reviews. Já escreveu sobre arte para diversos blogs como Os Imaginários e a coluna Asas da editora Caligo. Ilustrou os livros infantis Zumi Barreshti (2021, Palco das Letras) e Meu Avô Que Me Ensinou (Ases da Literatura), entre outras publicações.