Arcos Principais: Águas Indizíveis (Unspoken Water).
Publicação Original: Aquaman #43-47 (DC, 2019)
Roteiro/ Arte: Kelly Sue DeConnick/ Robson Rocha.
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No último arco, o crossover com a Liga da Justiça Terra Afogada, deuses antigos de outra dimensão invadiram a Terra e trouxe um dilúvio com monstros marinhos. Durante o combate final, o Aquaman acabou perdendo e aparentemente morrendo, finalizando assim a fase escrita pelo Dan Abnett. Agora, em Águas Indizíveis, temos o início da fase escrita pela Kelly Sue Deconick (Capitã Marvel, Bitch Planet), trazendo um Arthur desmemoriado numa ilha perdida. Review especial sem muitos spoilers!
ÁGUAS INDIZÍVEIS
Como dito, após o combate com os deuses antigos, Arthur foi encontrado à deriva no mar, sendo salvo por uma mulher chamada Caile e hospedado num vilarejo onde desconhecem sua identidade de super-herói. E claro, ele está sem memória. Não existem muitas pessoas na ilha, somente uma dúzia de gente misteriosa. A mulher que o hospeda, por exemplo, pede que ele leve Caile até sua mãe (uma bruxa do mar) em troca de tomar uma água divina que trará suas memórias de volta.
Em paralelo, a Mera está lidando com o sumiço/ morte do marido e é até forçada a encontrar novos pretendentes. Um ponto interessante do roteiro da DeConnick é que ela continua a desenvolver a mitologia em torno do Aquaman, que foi muito bem explorada pelo Dan Abnett, trazendo forças primordiais da natureza. Porém, acabamos de ver sobre deuses antigos no arco anterior e nesse temos, de novo, mais deuses da água surgindo! A mãe de Caile, por exemplo, é uma bruxa do mar conhecida por Nanme e que, mais tarde, é revelado que ela esconde mais do que somente sua filha estranha, tendo uma história envolvendo mais deuses. Felizmente, o mito sobre a formação dos mares é legal e entretêm. Mas mesmo assim em muitos aspectos acabei me lembrando do arco anterior, como a presença de um novo monstro e mais uma contaminação das águas, deixando tudo meio morno.
Os desenhos são do brasileiro Robson Rocha (Super Girl), que faz um trabalho sensacional em retratar tanto o Arthur sem seu uniforme quanto os demais personagens, como deuses de sal e até dragões, trazendo um tom bem bonito, sem ser carregado, para a revista do Aquaman, o que salva muito do arco. Infelizmente, o roteiro da DeConnick não me conquistou e achei a história meio lugar comum em se tratando de história de super-heróis, começando pela amnésia (sempre uma deus ex machina) e por essa dobradinha de arcos envolvendo deuses e água contaminada, além de uma vilã caricata que lembra aqueles momentos dos anos 1990. Mais pro final, quando Atlântida é envolvida na trama, as coisas ficam um pouco mais animadas, mas já é tarde demais.
Fil Felix é autor, ilustrador e psicanalista. A Central dos Sonhos é seu universo particular, por onde aborda questões como memórias, desejos e infância. Fã de HQs, escreve seus comentários sobre quadrinhos desde 2011, totalizando mais de 600 reviews. Já escreveu sobre arte para diversos blogs como Os Imaginários e a coluna Asas da editora Caligo. Ilustrou os livros infantis Zumi Barreshti (2021, Palco das Letras) e Meu Avô Que Me Ensinou (Ases da Literatura), entre outras publicações.