Arcos Principais: Matador de Reis (Kingslayer).
Publicação Original: Aquaman #34-38 (DC, 2018).
Roteiro/ Arte: Dan Abnett/ Ricardo Federici.
E chega ao fim a trama envolvendo o Corum Rath, tirano que tirou o Rei Arthur Curry do seu trono de Atlântida, mandando matá-lo e despejar o corpo pelas profundezas do oceano. Rath se tornou o novo rei, um ditador, mandando e desmandando em todos, perseguindo o povo marginalizado da Nona e cometendo outras atrocidades. Felizmente o Aquaman sobreviveu e tramou uma reviravolta. Em Matador de Reis (edições #34-38), temos o desfecho de toda essa saga. Review especial com alguns spoilers!
MATADOR DE REIS
O poder subiu à mente de Corum Rath, que passou a se considerar uma espécie de deus em Atlântida. Com a magia sendo usada a seu favor, ele passa a ter olhos em todo lugar, observando todos. Ele chama seu lacaio Kadaver para ajudá-lo a capturar a magia da escuridão abissal, guardada pelo próprio monstro que a gera. A Escola Silenciosa percebe que ele não pode continuar no poder, que é perigoso e irresponsável demais. Mas como qualquer político fascista que, quando está na liderança de uma nação e perde a noção, Rath passa a receber mais poder do que realmente consegue suportar, além de mandar assassinar todos os que não são “sangue puro“. E o interessante, numa das edições, é justamente mostrar a sua origem nos becos da Nona, a região mais baixa de Atlântida. A edição #34 possui desenhos de Kelley Jones, um artista com traço bem característico e mais pesado, curto muito o trabalho dele em Deadman – Amor Após a Morte, mas que aqui ficou meio estranho. Principalmente em comparação com o italiano Riccardo Federici, que assina o desenho das demais edições, num traço mais limpo e suave.
Rath, tendo virado literalmente um monstro graças ao poder da magia abissal, vira o alvo número 1 de quase todos no reino, até mesmo de quem chegou a apoiar sua ascensão. Entre eles temos Murk, o líder do exército do rei, que havia apunhalado Arthur antes e agora, depois de uma briga inicial (como de costume), pede sua ajuda para parar Rath. E um ponto legal é que Murk deixa claro que, mesmo não concordando com o rumo que o atual rei vem tomando, ele continua achando o Aquaman um líder fraco e indeciso. Inclusive comenta que, ao chegarem perto de Rath, precisam matá-lo. E o Aquaman, como bom herói que é, se nega a fazer isso. Afinal de contas, heróis não matam. E é outro ponto que Murk critica, esse heroísmo dos supers, que poderiam matar um e prevenir a morte de vários. Esse embate entre os dois é um dos pontos altos do arco, que mantém o roteiro de Dan Abnett.
E como todo grande desfecho, vemos outros personagens secundários tomando a frente e lutando por Atlântida. Entre eles os Espectrais, os zumbis/ espíritos que guardam a cidade, e também a própria Viuvez, que guardam os mistérios e a magia. A Cetea, inclusive, protagoniza uma das melhores cenas, quando tenta proteger o santuário, que é o pilar de Atlântida, com a própria vida. Rath, influenciado pela escuridão abissal, quer destruir tudo para erguer um novo reino; literalmente. Vale lembrar que a luta entre Aquaman e Rath, em sua forma monstruosa, também não deixa de surpreender. Além do tridente quebrado, que estampa a capa do volume quem compila as edições, tem sangue, morte, membros decepados e, claro, o grande retorno da própria Mera! Um arco emocionante, com boas cenas e diálogos, reforçando a ideia do Aquaman como um rei da superfície e também das profundezas, misericordioso e aos mesmo tempo sonhador. Um dos seus sonhos, inclusive, se torna real. Que é justamente a trama para as próximas edições.
Fil Felix é ilustrador e escritor. Criador dos conceitos e personagens do universo da Central dos Sonhos. Fã de HQs, gosta de escrever reviews desde 2011, totalizando mais de 600 delas em 2023. Já escreveu sobre arte para diversos blogs como Os Imaginários e a Coluna Asas da editora Caligo. Ilustrou seu primeiro livro infantil em 2021: Zumi Barreshti, da editora Palco das Letras.