[Review] Raio Negro Vol. 2: O Rei da Meia-Noite Retorna à Terra!

Arcos Principais: O Rei da Meia-Noite Retorna à Terra (The Midnight King Returns to Earth).
Publicação Original/ Brasil: Black Bolt #7-12 (Marvel, 2018)/ Inédito.
Roteiro/ Arte: Saladin Ahmed/ Christian Ward.

O segundo e último arco da mini-série do Raio Negro continua tão psicodélico quanto o primeiro, mas dessa vez aposta em elementos mais próximos ao protagonista, como seu filho e sua ex-esposa, além do seu passado, quando vivia trancafiado numa câmara de som quando criança. Uma forma de nos aproximar do Rei da Meia-Noite, um personagem difícil e complexo de se trabalhar, que o autor Saladin Ahmed conseguiu desenvolver e driblar os eventuais problemas que o envolve, principalmente o fato dele praticamente não falar. E o visual, por conta de Christian Ward, não é menos que espetacular: uma viagem de cores e formas. Review especial sem muitos spoilers!

RETORNANDO À TERRA

No primeiro arco, o Raio Negro se viu refém de um presídio espacial dos inumanos, enviado por engano pelo seu próprio povo. Lá ele encontrou o vilão Homem Absorvente e a garota alienígena Blinky, precisando enfrentar a fúria do Carcereiro. Um início interessante e impactante para uma série de estréia, ainda mais de um personagem tão inusitado como o Blackagar, que por conta dos poderes é praticamente considerado mudo. Com a derrota do Carcereiro, graças ao sacrifício final do Homem-Absorvente, o Rei dos Inumanos começa sua jornada rumo à Terra, levando Blinky como sua nova pupila e porta voz. Interessante, nesse início do segundo arco, é como Ahmed desenvolve a Blinky, mostrando como é uma empata poderosa, podendo não só projetar suas emoções e memórias, como também criar elos e sentir a presença dos outros. Ao chegar na Terra, eles descobrem como a HIDRA arruinou os Inumanos (conforme o crossover Império Secreto da Marvel), que agora vivem em Nova Attilan. Esse é outro ponto legal, porque insere os eventos da série diretamente na cronologia da Marvel, não sendo algo aleatório e fora da cronologia como alguns especiais mais alternativos costumam ser.

Mas o foco do arco é outro. O Raio Negro quer encontrar a Titania, a super esposa do Homem Absorvente, entregar suas armas e explicar como ele morreu sendo um herói. Inclusive a edição #9 marca o funeral do vilão, com direito a heróis como o Capitão América comparecendo para dizerem algumas palavras, exaltando o fato dele ter morrido em prol dos outros, de ter morrido como um verdadeiro herói. Uma homenagem bem bonita. Pena que, como ocorre com 90% dos personagens que morrem em HQs de heróis, sabemos que não permanecem no túmulo por muito tempo… A Titania merece destaque pelo visual arrojado que ganhou do Ward, protagonizando algumas cenas de luta muito boas. Vale lembrar que ela é uma das mulheres mais poderosas (em matéria de músculos, mesmo) do Universo Marvel.

Como nem tudo são rosas, a situação foge do controle quando o Carcereiro, que estava aparentemente morto, retorna à Terra de alguma forma e inicia um novo ataque. Ao mesmo tempo em que Chibata, um inumano aspirante a rei, decide usar o sangue do Raio Negro para ativar uma nova Bomba de Terrígena. O roteiro de Saladin Ahmed possui vários destaques, principalmente pela afetividade que ele cria entre o Raio Negro e seus amigos e familiares, ganhando forma e delicadeza nos traços e cores do Christian Ward. Uma dessas cenas é linda, quando o veneno de Chibata se transforma em cabelos ruivos, dando sequência ao encontro astral entre o Blackagar e Medusa, simplesmente incrível. Num outro momento, temos o filho dele, Ahura, que sempre achou o pai ausente e frio, navegando com Blinky pelas memórias dele e percebendo a infância difícil que o Rei teve.

Claro que há alguns momentos, como comentei no review do arco anterior, que poderiam ser facilmente retirados, como uma cena em que Titania pega uma “carona” com os vilões, ficando meio brega. Algumas das caixas de recordatórios também são meio dispensáveis, trazendo aquele velho estilo de narrar o que já estamos vendo. Mas como um todo, é uma ótima história, com cara de HQ alternativa. Trazendo um final emocionante e mostrando o poder da família e dos amigos, de como não estamos sozinhos e fracos se os temos por perto. Uma mini-série que conseguiu tornar o Rei dos Inumanos um herói identificável, deixando de lado sua visão fria e calculista, longe de todos e se transformando em alguém que, como qualquer um, pode falhar com a esposa, com o filho, os amigos e até seu próprio povo, mas que soube recomeçar e se reerguer. E se não fosse por isso (e como sou um fã de carteirinha), ainda há a explosão de cores do Chris Ward. Seu estilo é um delírio.

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