Arcos Principais: Inumanidade (The Good, The Bad, The Inhuman) e Vs. S.H.I.E.L.D.
Publicação Original/ Brasil: Uncanny X-Men #14-25 (Marvel, 2014)/ X-Men #13-15, #18-21 e #23-25 (Panini, 2015).
Roteiro/ Arte: Brian Michael Bendis/ Chris Bachalo, Kris Anka, Marco Rudy.
Após os eventos da Batalha do Átomo, voltamos à vida cotidiana da equipe do Ciclope. E quando falamos de cotidiano mutante, isso envolve: traição, escola destruída pela enésima vez, intriga com outras equipes e por aí vai. Pro bem ou pro mal, tudo isso está presente nas histórias publicadas nos dois encadernados que se seguiram a Batalha: o primeiro, ocorrendo em meio ao evento Inumanidade (#14-18); e a segunda, onde vemos finalmente o combate entre X-Men e SHIELD (#19-22). Apesar de lidar com situações que não são nenhuma novidade, são edições bonitas e empolgantes. Review especial com spoilers!
INUMANIDADE
A edição #14 é focada em Benjamin Deeds, o mutante novato com a capacidade de se metamorfosear em quem está próximo a ele. Depois de levar um coice do Ciclope, ele é forçado a utilizar seus poderes ao extremo. E nisso temos a presença da Emma Frost, que agora deu pra usar um uniforme preto que, pra mim, ficou bem estranho (nada como o da Rainha Branca). Tanto a capa quanto a história dessa edição é interessante: a Emma faz com que Benjamin invada um prédio (que é da SHIELD) pra entregar uma carta do Ciclope a um cara; mas tudo sem ser descoberto, utilizando seus poderes. O desenrolar é muito bom. Sempre legal e divertido ver algo mais fora do núcleo principal.
Já na edição #15, que ocorre em meio à Inumanidade, as Cucos convidam Jean Grey, Kitty, Emma para terem uma “noite das garotas“, pra poderem sair e se divertir. E como em praticamente todas as histórias de heróis que começam assim, há algum problema ou vilão no meio das compras. Nesse caso, elas dão de cara com um casulo humano, que acaba de se formar graças à explosão da bomba terrígena, dos Inumanos, que ativa o gene inumano. O divertido aqui é ver que esse mesmo novo inumano, com um poder descontrolado, consegue derrubar todas elas. Uma organização secreta chega no local pra retirar o “espécime” e aproveita pra deixar as X-Woman pra trás, já que mutante é um outro problema!
Enquanto isso, o Magneto (que também mudou de uniforme, utilizando um branco, que também não curti) segue uma pista e vai até Madripoor, que vem se tornando o novo refúgio mutante, a nova Genosha ou Utopia. É quando descobre que a Mística, disfarçada de Agente Cristal, está comandando o tráfico de HCM (Hormônio de Crescimento Mutante) na ilha. E o Magneto fica puto! É interessante ver que o Magneto, como personagem, evoluiu de um terrorista insano pra um homem cheio de amarguras, que faz as vezes do herói, mas que ainda guarda muitos segredos na manga. Esse confronto com a Mística se torna simbólico, já que ela passou da terrorista insana e amargurada pela perda da Sina, pra uma terrorista que não vê nenhum limite. O que fica bem claro nesse arco, já que ela usa do sangue da Cristal, mantida em coma, pra sintetizar a droga; que é vendida aos próprios mutantes, a fim de manter Madripoor de pé. E irado, o Magneto derruba o Blob, o Samurai de Prata e enfia uma espada na própria Mística!
As edições #16-#18 ocorrem em meio ao crossover dos X-Men Originais com os Guardiões da Galáxia, com a equipe do Ciclope chegando na Escola e descobrindo que os originais sumiram. Também é onde temos mais um passo contra a inevitável briga contra a SHIELD, que todos já sabem que guarda armas anti-mutantes. Num treinamento na Tabula Rasa (pelo menos acho que era lá), o Ligação Direta (que se comunica com as máquinas), liga o celular e, automaticamente, aparece na rede da SHIELD, que rapidamente se transporta pro lugar. A Magia consegue tirá-los de lá a tempo, mas o Ciclope manda o garoto pra fora do time, por desrespeitar uma ordem. Achei um pouco extremo da parte dele, tendo em vista os inúmeros erros que cada membro antigo já cometeu nesses 50 anos de publicação, mas como a Maria Hill comenta numa determinada situação: o Ciclope não faz nada por acaso… E o Ligação Direta acaba com um papel importante mais pra frente. Num outro momento, vemos um flashback de quando a Kitty entrou pra essa equipe, após a Batalha do Átomo, tendo um confronto direto com o Scott e o acusando de ter matado o Professor X. Tudo na arte super estilizada e interessante do Marco Rudy, que mistura diversas técnicas e cria diagramações e quadros fora do comum.
VS. A SHIELD
A partir da edição #19 a coisa começa a pegar. A Magia fala ao grupo que está tendo aulas de magia e feitiçaria com o Doutor Estranho do passado (não aprendem nada, mesmo…), vemos de fato a Mística roubando o sangue da Cristal e a Maria Hill, que já se tornou figurinha carimbada ultimamente, declara cada vez mais seu ódio ao Ciclope, querendo prendê-lo a qualquer custo. Ela só não esperava que ele a encontraria psiquicamente, com as Cucos (que agora assumiram visuais diferentes) entrando em sua cabeça e contando pra quem quiser ouvir: esse ódio todo dela, também esconde um desejo sexual pelo magrão! O Ciclope também descobre que quem quer que esteja enganando a equipe, sempre colocando a SHIELD e os X-Men no mesmo lugar, está utilizando da tecnologia da Cérebra pra isso. E pouquíssimas pessoas no mundo sabem utilizar essa tecnologia, entre elas o Fera. Porque sempre tem que ser o Fera!
Magia e Ciclope vão até a Escola Jean Grey confrontar o Hank, perguntar se está por trás disso. Além do poder dos dois ficarem descontrolados na frente de todo mundo, a Maria Hill desce no pátio, dá ordem de prisão pra ele, mas permite que o Fera investigue o que está acontecendo com seu corpo descontrolado, antes. Em paralelo, o Magneto consegue resgatar a Cristal verdadeira, que está puta de ódio da Mística. E pra piorar, o Aeroporta-aviões da SHIELD fica descontrolado e passa a disparar tudo que tem (de novo) sobre a Escola. Gosto muito do estilo do Chris Bachalo e, nessa edição #21 em particular, tem uma cena com a Mística (como Agente Cristal) na chuva, segurando um guarda-chuva, que me lembrou muito xxxHOLIC e o estilo que o CLAMP adotou nesse mangá.
Depois de porradaria e confronto direto dos X-Men contra o Aeroporta-aviões, descobrimos quem está por detrás de tudo. E tinha que ser quem? O Fera! Mas o Fera Negro, dessa vez. Porque em qualquer realidade, o Hank só anda causando. O vilão estava meio sumido, lembro dele sendo consultado pelo Fera “original” durante as consequências do Dia M, pedindo conselhos. Ele estava tramando tudo isso, na tentativa de aniquilar os X-Men e sua reputação, que já não é muita, de vez. Mas estava fraco de mais, utilizando de uma roupa especial pra sobreviver, que é danificada pelo Ciclope e, aparentemente, ele morre ao final.
Como consequência dessas edições todas, temos a debandada da Cristal, que sai da SHIELD e fica temporariamente ao lado do Ciclope, na esperança de encontrar a Mística e arrebentar a cara dela. E a presença surpresa da Mulher-Hulk, que recebe o testamento do Professor X! Ela precisa reunir todos os X-Men antigos pra poder ler. O que tá escrito fica no ar e só sabemos, a princípio, que o careca tinha se casado com ninguém menos que a Mística! (Sim, ela tá em todas). Curti esses dois “arcos”, apesar de não trazerem nada de fabuloso. O confronto com a SHIELD foi só uma versão 2.0 da Batalha do Átomo. E o evento Inumanidade é falado bem por cima. Mas ainda assim as histórias tem um ritmo bom de leitura, com os desenhos ágeis e estilosos do Bachalo e ótimas cenas de ação, deixando o leitor empolgando e querendo mais.
Fil Felix é autor, ilustrador e psicanalista. A Central dos Sonhos é seu universo particular, por onde aborda questões como memórias, desejos e infância. Fã de HQs, escreve seus comentários sobre quadrinhos desde 2011, totalizando mais de 600 reviews. Já escreveu sobre arte para diversos blogs como Os Imaginários e a coluna Asas da editora Caligo. Ilustrou os livros infantis Zumi Barreshti (2021, Palco das Letras) e Meu Avô Que Me Ensinou (Ases da Literatura), entre outras publicações.