Arcos Principais: Primordial (Primer).
Publicação Original/ Brasil: X-Men #1-4 (Marvel, 2013)/ X-Men Extra #1-4 (Panini, 2014).
Roteiro/ Arte: Brian Wood/ Olivier Coipel e David Lopez.
Essa série intitulada apenas de “X-Men” surgiu em 2013, com a Marvel NOW, trazendo a ideia de ser a primeira revista mutante com uma equipe totalmente feminina: Tempestade, Rachel Grey, Psylocke, Lince Negra, Vampira e Jubileu. Mostrando como trabalham juntas e os conflitos gerados pela falta de uma liderança visível. Esse primeiro arco Primordial (#1-4) começa bem, mas tem um desfecho zoado, quase que feito às pressas. Review especial com spoilers!
PRIMORDIAL
Jubileu havia se transformado em vampira no arco Maldição dos Mutantes e, desde então, não estava aparecendo mais no mainstream das revistas. Desta vez ela retorna, ainda vampira, trazendo um bebê no colo e viajando, de trem, rumo à Escola Jean Grey, avisando os X-Men que acredita estar sendo perseguida. Preocupadas, a Tempestade, Vampira e Kitty alcançam esse trem para conversar com ela. Enquanto isso, o John Sublime aparece na Escola, querendo conversar. Rachel e Psylocke o recebem, escutando sua história. É aqui que a coisa começa a ficar interessante, mas meio requentada ao mesmo tempo. Descobrimos que Sublime era, na verdade, uma bactéria primordial, do começo dos tempos, que foi se desenvolvendo e tomando vários hospedeiros. E que no início ele possuía uma “bactéria irmã gêmea“, que estava dada como morta. Só que agora essa irmã voltou, pegando carona num meteoro que caiu na Terra e tomando o bebê que a Jubileu encontrou como hospedeiro. Uma loucura, além de muito parecido com a história da Cassandra Nova e Charles Xavier, que eram gêmeos e brigavam no útero.
O roteiro é do Brian Wood (DMZ), que acerta em várias cenas de ação, graças também aos desenhos de Olivier Coipel (Thor). A Vampira tentando parar o trem (porque, claro, ele tinha que sair dos trilhos….) é muito boa. A Psylocke também está lindíssima. A situação esquenta quando Jubileu chega na Escola e o bebê, que manipula máquinas, “viaja” até o laboratório do Fera e consegue dominar o corpo da Karima Shapandar, a Sentinela Ômega, que estava numa espécie de coma. Descobrimos que essa irmã do Sublime atende pelo nome de Arkea e, utilizando do corpo meio humano/ meio máquina da Karima, detona o Fera e ativa o sistema de segurança da Escola, prendendo todo mundo. A partir daqui, o roteiro de Wood começa a ter vários buracos. Primeiro que o laboratório do Fera é trancafiado e ninguém consegue entrar, mas misteriosamente a Vampira consegue chegar lá. Inclusive a Kitty comenta isso. Há também uma briga entre a Bling e a Mercury na Escola, deixando o motivo como um mistério, mas ninguém se importa ou comenta depois.
Um outro buraco, que não é exatamente um buraco, é como essa briga termina. Totalmente anti-clímax. Karima voa meio mundo até chegar onde havia caído o meteoro. Tempestade, Rachel e Psylocke pegam o X-Jato e conseguem achá-la num Hospital onde faziam experimentos com humanos. Há um embate moral aqui: a Tempestade está disposta a matar a Karima para eliminar Arkea, caso essa seja a única opção e por acreditar que a Karima já se foi, de qualquer jeito; enquanto a Rachel sequer pensa nessa possibilidade. Tudo fica nas mãos da Psylocke, que aponta sua adaga na cabeça da Karima e….. nada acontece. A história simplesmente pula essa parte, deixando no ar o que aconteceu. Totalmente brochante. Temos as três voltando junto da Karima, dizendo que Arkea foi eliminada. Simples assim. Ela morreu ou não? O que aconteceu? A edição #4 é desenhada pelo David Lopez, numa pegada mais rústica, mas ainda muito boa, e mostra as consequências dessa primeira missão delas. Rachel passa a implicar com a Tempestade, que se acha a líder e por ter cogitado matar a Sentinela Ômega. Já Jubileu tem um encontro com o Wolverine, só pra manter a mitologia dos dois ainda viva. Mas o que me matou, também, foi a Psylocke e Vampira parando um avião no ar utilizando de cordas psíquicas, numa cena que poderiam ter cortado. Um primeiro arco com ótima arte, mas trazendo uma história onde tudo é trágico e ameaçador no início, mas que não acontece nada no final, literalmente.
Fil Felix é autor, ilustrador e psicanalista. A Central dos Sonhos é seu universo particular, por onde aborda questões como memórias, desejos e infância. Fã de HQs, escreve seus comentários sobre quadrinhos desde 2011, totalizando mais de 600 reviews. Já escreveu sobre arte para diversos blogs como Os Imaginários e a coluna Asas da editora Caligo. Ilustrou os livros infantis Zumi Barreshti (2021, Palco das Letras) e Meu Avô Que Me Ensinou (Ases da Literatura), entre outras publicações.