Arcos Principais: Doutora Espectro: Através das Lentes (Doctor Spectrum: Through the Lens).
Publicação Original/ Brasil: Squadron Supreme #6-9 (Marvel, 2016)/ Avante, Vigadores #5-7 (Panini, 2017).
Roteiro/ Arte: James Robinson/ Leonard Kirk.
O Esquadrão Supremo foi uma das novas séries da Marvel para a fase All New All Different, retomando essa equipe que foi criada lá nos anos 1970, inspirada na Liga da Justiça. Tivemos os cinco membros originais no primeiro arco: Hyperion, Falcão Noturno, Dra. Espectro, Princesa do Poder e Blur; cada um de uma realidade diferente, que foi destruída, acabando por se exilarem na Terra 616 e prometendo protegê-la a qualquer custo. A ideia era ter uma equipe aos moldes da The Authority, onde os heróis não medem esforços e são mais violentos. O que aconteceu, de certa maneira. Logo no início eles arrancaram a cabeça do Namor. Mas foi perdendo o fôlego no caminho. Nesse segundo arco (edições #6-9), que foi compilado no encadernado intitulado Guerra Civil II (não sei porque, já que nem trata disso diretamente) mostra o desdobramento da traição da Princesa do Poder, a chegada de Thundra e o encontro da Dra. Espectro com o Raio Negro. Review sem (muitos) spoilers.
ATRAVÉS DAS LENTES
O arco começa com um flashback da Dra. Espectro, mostrando como ela conseguiu seus poderes ao encontrar cristais coloridos no fundo do mar. Ela vem tendo diversos sonhos, relembrando o Namor destruindo seu mundo e sendo deixada pra trás pelo Raio Negro, que ao mesmo tempo ajudou o Namor, mas também a deixou viva. Enquanto isso Thundra avisa Arkon que deixará o Mundo Estranho, que entrará na equipe do Esquadrão Supremo, agora que a Princesa do Poder saiu. O Falcão Noturno está investigando uma facção de alienígenas que podem estar ligados à destruição de suas realidades. E é a Dra. Espectro que segue até o QG deles, que fica embaixo d’água, acabando por encontrar Centelha e o Raio Negro no lugar, que também estão investigando, já que essa facção vem explorando inumanos.
E é aí que a história desanda. A Espectro começa a discutir com o Centelha: ele não aceita que ela matou o Namor, seu amigo de longa data; e ela não aceita a presença do Raio Negro, quer atacá-lo. Os dois parecem crianças. Okay que o Raio Negro não fala nada, já que pode explodir tudo com a mínima palavra, mas ele também parece uma estátua e fica plantado vendo os dois discutirem. Super decorativo. Já na superfície, o Falcão Noturno é encontrado pelo Falcão Noturno da Terra 616, entrando num combate sangrento. É a parte legal do arco, os dois realmente caem no pau e tem alguns diálogos interessantes. O Falcão dos Supremos tirando sarro da roupa escandalosa do outro, a maneira e a diferença de como eles lutam. Ele vem sendo o melhor personagem da equipe.
Voltando pra Dra. Espectro, ela é convidada pelo Raio Negro à visitar Nova Attilan e descobrir a verdade por trás de toda a situação. O motivo pode até ser interessante, relacionando ela e os cristais aos inumanos, mas a maneira como é dita é bem tosca. E o Centelha e ela continuam numas discussões bem infantis, num dado momento ele fala algo do tipo “você matou o Namor, mas parece legal… então tá tudo bem“. Como assim?? Ela matou seu amigo! A edição #9 é reservada à Princesa do Poder, mostrando que agora está comandando Alambra, junto do mago Modred, vencendo batalhas e se tornando uma espécie de soberana, planejando contra-atacar o Esquadrão. Também descobrimos sua real origem: ela não é a Princesa do Poder, é a Mulher Guerreira, que durante a destruição de seu mundo, fugiu e se deparou com a Princesa do Poder entre as realidades, que também estava fugindo de seu mundo destruído. São a mesma personagem, mas de duas realidades diferentes. A coisa parece piorar quando vemos que a Princesa do Poder (a que ficou pra trás e a que conhecemos mais) também está entre nós e quer se vingar da sua contra-parte. Parece complicado, mas (acho) que não é tanto. Só é engraçado como essa Princesa caiu nessa realidade só com a cara e a coragem mas, um furto aqui e outro lá, tá melhor que eu.
A Guerra Civil II do título do encadernado serve mais como chamariz, porque tem quase nada da saga, apenas que Modred conheceu Ulysses (o vidente inumano que está relacionado à saga) e descobriu que pra Mulher Guerreira dominar o mundo ela vai ter que fazer duas coisas, sendo uma delas trazer o Namor de volta à vida. O clima da série ficou tão baixo que até essa questão eles ironizam, quer dizer, “o que é trazer alguém dos mortos? Todo mundo anda renascendo mesmo”. Simples assim. Mas peraí, não tem outros membros na equipe? Ah, enquanto isso o Hyperion viaja o país de caminhão, protagonizando uma cena bem tosca: num restaurante, a garçonete diz que o café X acabou; aí o Hyperion diz que tem no caminhão e então ele sai, dá a volta ao mundo, colhe o café e volta, em um minuto. Agora me diz, pra quê? Um outro ponto que não gostei foi do Blur ter sido esquecido no churrasco pelo roteirista James Robinson (Starman), com o personagem não tendo uma participação em todo o arco (com exceção quando se reúnem, mas mesmo assim entra mudo e sai calado). As capas continuam boas, os desenhos de Leonard Kirk (Supergirl) não apresentam grandes extravagâncias, mas faz seu trabalho e são bonitos. E temos a participação de ACO (Meia-Noite) na arte da #9, sendo mais “artística” e diferenciada, o que é bom. O Falcão Noturno se torna o personagem com a melhor parte nesse arco, seguido da Mulher Guerreira, que trouxe uma reviravolta, mas no geral deixou muito a desejar, com diálogos ruins e situações forçadas, principalmente em relação ao primeiro, que prometia muito.
Fil Felix é ilustrador e escritor. Criador dos conceitos e personagens do universo da Central dos Sonhos. Fã de HQs, gosta de escrever reviews desde 2011, totalizando mais de 600 delas em 2023. Já escreveu sobre arte para diversos blogs como Os Imaginários e a Coluna Asas da editora Caligo. Ilustrou seu primeiro livro infantil em 2021: Zumi Barreshti, da editora Palco das Letras.