Nome Original: Nyx #1 ao #7
Editora/Ano: Panini, 2006 (Marvel, 2003)
Preço/ Páginas: R$24,90/ 204 páginas
Gênero: Ação/ Super-Herói/ Alternativo
Roteiro: Joe Quesada
Arte: Joshua Middleton & Robert Teranishi
Sinopse: O ideal dos X-Men sempre foi despertar a esperança em meio ao desespero. Nas horas mais sombrias dos mutantes, Charles Xavier está sempre por perto, esperando de braços abertos. Mas o Professor X não pode estar em todos os lugares ao mesmo tempo… O que acontece com um grupo de jovens mutantes que precisam se virar sozinhos para conseguir comida, abrigo e amparo? Crianças inocentes, sem orientação, que, em vez de serem preparados para o próximo grande ataque de Magneto, aprendem a sobreviver nas ruas frias e sujas da cidade que nunca dorme?
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Nyx foi uma minissérie mutante escrita por Joe Quesada em 2003, época em que era Editor Chefe da Marvel. Trazendo novos personagens em um contexto violento e bastante real, sem a participação dos X-Men ou de qualquer outros heróis, além de mostrar pela primeira vez a X-23. A mini tinha tudo pra dar certo e se destacar, mas alguns problemas a fez ser esquecida pelo grande público.
Na história, Kiden Nixon é uma adolescente que presenciou o assassinato do pai quando criança. Morando num bairro barra-pesada, é ameaçada por um colega de sala armado. Ao utilizar seu dom mutante, recém descoberto (o de parar o tempo), consegue desviar do tiro, que acaba por acertar sua professora. Foge de casa após o incidente, mas acaba voltando ao presenciar o espírito do pai, pedindo por ajuda. No caminho, encontra outras adolescentes que passam por problemas.
O grande destaque de Nyx é a forma como trata de temas delicados, diferente das histórias mais conservadoras dos X-Men. Começando pela Nixon, de 16 anos, usando drogas com a amiga, fugindo de casa, morando na rua e procurando por comida em latas de lixo. Há um realismo muito interessante, como a escola onde estuda, que possui até detector de metais pra entrar, mostrando como o local é perigoso.
Além da Professora Cameron, que é humana, Kiden encontra outras duas meninas pra ajudar no mistério envolvendo o fantasma do pai: a primeira é X-23, marcando sua estréia. A personagem foi criada para o desenho X-Men Evolution, migrando para os quadrinhos nesta mini. Bastante diferente de sua versão animada, aqui ela é uma adolescente que se prostitui, satisfazendo o fetiche de alguns clientes. Na realidade, seu nome nem é citado, por ser uma personagem sombria e calada.
A outra adolescente a se unir é Tatiana, que possui o poder de se transformar numa fera ao entrar em contato com sangue animal. Ela protagoniza uma cena de perseguição muito boa, ao despertar sua mutação em sala de aula. Além do mistério principal, há também o Papai, o cafetão da cidade que quer sua amada de volta (X-23) e trata de perseguir as garotas, com a ajuda de Felon, um mutante capaz de possuir o corpo alheio.
Tudo bastante visceral, realista e intenso. Papai, por exemplo, cheira diversas carreiras de cocaína no decorrer da história. Joe Quesada foi responsável pela inclusão dos selos MAX e Marvel Knights, voltados para um público mais adulto, além da linha Ultimate. Então não é nenhuma surpresa que Nyx seja nessa pegada. Outras pontos que merecem destaque é a forte presença feminina, sendo uma mini protagonizada por mulheres, sem a presença de nenhum herói ou vilão caricato, tratando de preconceito e superação.
Entretanto, alguns pontos em Nyx acabaram por prejudicar seu bom desenvolvimento. As personagens, por exemplo, não possuem grande profundidade ou personalidade e (com exceção de X-23), nenhuma vingou. Mesmo assim, o nome X-23 sequer é citado e esse status quo é bastante alterado quando ela estréia em X-Men #51 como uma selvagem. A publicação da série também foi bastante problemática, com suas 7 edições originais sendo lançadas num período de quase dois anos.
As capas são fantásticas, mostrando personagens com grandes personalidades, mas que acaba diminuindo na história. A arte interna é dividida entre Joshua Middleton (histórias 1-4, American Virgin), com um traçado bem definido, e Robert Teranishi (5-7, Star Wars) num traçado mais solto. Apesar da mudança no meio do caminho, há uma certa concisão nas características, mas que acaba se perdendo perto do fim. Há um momento que nem sei quem é a Tatiana no grupo, por quase todas terem o mesmo cabelo -_-.
Publicada em 2006 pela Panini, Nyx possui capa cartonada e miolo em LWC, tendo como extras as capas originais e rascunhos. Apesar dos pontos baixos, é uma ótima leitura que sai do lugar comum dos X-Men (leia-se: vilão megalomaníaco que quer dominar o mundo, caçar mutantes e cia.). Em 2007 ainda houve uma continuação: Nyx: Sem Volta.
Fil Felix é autor, ilustrador e psicanalista. A Central dos Sonhos é seu universo particular, por onde aborda questões como memórias, desejos e infância. Fã de HQs, escreve seus comentários sobre quadrinhos desde 2011, totalizando mais de 600 reviews. Já escreveu sobre arte para diversos blogs como Os Imaginários e a coluna Asas da editora Caligo. Ilustrou os livros infantis Zumi Barreshti (2021, Palco das Letras) e Meu Avô Que Me Ensinou (Ases da Literatura), entre outras publicações.