Nome Original: Batman of Arkham
Editora/Ano: Brainstore, 2002 (DC, 2000)
Preço/ Páginas: R$6,90/ 52 páginas
Gênero: Ação/ Super-Herói
Roteiro: Alan Grant
Arte: Enrique Alcatena
Sinopse: Psicologo de renome, Dr. Bruce Wayne, no ano de 1900, vive uma perigosa aventura quando o insano Coringa resolve atacar Gotham City. Como dono do decadente Asilo Arkham, Wayne cuida de seus pacientes, entre eles o Crocodilo, Duas-Caras, Ventriloquo e Hera Venenosa. Auxiliado por seu mordomo Alfred e pelo jovem Richard, o maior perigo reside dentro das paredes daquele nosocômio: o Professor Crane.
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Nessa semana acabei lendo dois especiais do Batman para o selo Elseworlds da DC (Realidade Alternativa, pela tradução da Brainstore), uma linha destinada a mostrar velhos personagens em roupagens diferentes. Batman – A Máscara do Morcego foi um ótimo conto do começo do séc. XX tendo o teatro como pano de fundo. Já nessa edição, que se passa em 1900, temos Bruce Wayne como um renomado psiquiatra e dono do Asilo Arkham.
A HQ já começa com ele ajudando (psicologicamente) o vilão Crocodilo, que vem recebendo melhora, graças aos métodos pacíficos do Sr. Wayne. Em segundo no comando do Asilo está Jonathan Crane, que não concorda com tais técnicas, sendo a favor de utilizar o medo como instrumento de apoio. O conflito entre os dois fica mais evidente quando um maníaco (o Coringa) está espalhando um gás do riso pela cidade e acaba acertando Bruce, que fica preso no Asilo.
A história é interessante, principalmente pelas risadas do Batman e pelo visual retrô. No começo ele indaga-se sobre o porque dos homens matarem e, ao final, sente na pele essa questão. Claro que tudo termina com o Batman sendo o Batman, sem muitas surpresas. O roteiro é do Alan Grant (Juíz Dredd – Os Punhos de Stan Lee, Batman – Viajantes do Tempo), que constrói uma história linear, clara e concisa, não se perdendo em nenhum momento.
Os desenhos são de Enrique Alcatena (Predador Vs. Juíz Dredd, Gavião Negro) que usa e abusa de uma diagramação de quadro SUPER ornamentada. No início até nos espantamos com o aspecto onírico da narrativa, mas lá no meio da história ficamos meio de saco cheio, já que está em todas as páginas, se tornando repetitiva. E pelas divisões serem brancas, se destacam com maior facilidade na arte.
Mesmo assim, algumas passagens são muito bonitas. O momento em que Bruce conversa com a Hera Venenosa ou com o Ventríloquo, por exemplo, são ótimas. Ornamentos que se encaixam bem, principalmente na da Hera, que ajudam no desenvolvimento e estética da página. Sem contar que os desenhos possuem um traçado forte e característico.
Alcatena tem boas sacadas durante a edição, como a sombra do Dr. Crane em formato de espantalho. Mas, mais um vez, ele usa essa sacada em todas as cenas em que o personagem aparece, acaba ficando batido, como os ornamentos.
Batman – Asilo Arkham: Os Subterrâneos da Loucura é uma típica história do Morcego contra o Coringa, questionando coisas como “por que os homens enloucem/ matam/ e cia.?”, mas por ter seus momentos de brilho, vale a leitura. As referências ao Freud, que começava a ficar famoso nessa época, também foram uma boa adição, assim como a tentativa de colocar um vestido vitoriano na Pamela, a jogada de moral com o Crocodilo, o clima de psiquiatria e manicômio… A arte, apesar de um tanto repetitiva por conta dos ornamentos, continua chamando a atenção. O acabamento é off-set no miolo e com capa numa espécie de couché, mas fosca. Sem numeração de páginas ou extras.
Fil Felix é autor, ilustrador e psicanalista. A Central dos Sonhos é seu universo particular, por onde aborda questões como memórias, desejos e infância. Fã de HQs, escreve seus comentários sobre quadrinhos desde 2011, totalizando mais de 600 reviews. Já escreveu sobre arte para diversos blogs como Os Imaginários e a coluna Asas da editora Caligo. Ilustrou os livros infantis Zumi Barreshti (2021, Palco das Letras) e Meu Avô Que Me Ensinou (Ases da Literatura), entre outras publicações.