[Review] Azul Profundo !

Azul Profundo

Nome Original: Dark Blue
Editora/Ano: Pandora Books, 2003 (Avatar, 2001)
Preço/ Páginas: R$19,90 / 76 páginas
Gênero: Alternativo
Roteiro: Warren Ellis
Arte: Jacen Burrows
Sinopse: O policial Frank Christchurch está obcecado em prender um serial killer que vem cometendo assassinatos bárbaros com requintes de crueldade. Mas toda a cidade vive tempos de violência extrema, e as drogas contaminam tudo o que existe. Os métodos de Frank estão ficando cada vez mais brutais, e ele se aproxima do limite entre o cumprimento da lei e a total banalização dos conceitos de civilidade. Em sua busca frenética, a solução desse caso parece ser o que dá seu sentido ao seu mundo, e quando o assassino começa a exibir habilidades inexplicáveis, a própria realidade desaba sobre ele, fazendo-o questionar o sentido de sua cruzada e o quanto será preciso sacrificar para obter êxito em seu propósito.

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“Azul Profundo” é mais um resultado das experiências com drogas que Warren Ellis teve no final da década de 1980, como ele mesmo comenta na edição. Conhecido por suas histórias violentas e surreais, esta aqui não foge à regra. Ele pega o conceito de uma droga shamânica (a LD50) capaz de levar seus usuários ao mesmo lugar, como uma realidade “virtual”. Curioso que utilizo de uma premissa similar em minha “Central dos Sonhos“.

Azul Profundo

Foi lançada originalmente em 2001 pela Avatar Press, dois anos depois de Matrix estrear nos cinemas. Claro que muito se falou do que foi inspirado no quê (coloque a série Os Invisíveis aí no meio, também) e várias comparações. Hoje em dia o conceito de realidade virtual não é tão novidade assim, mas na época houve uma certa exploração do assunto. Vale comentar outros exemplos, como A Cela (2000) sobre inconsciência compartilhada e os próprios Invisíveis do Grant Morrison, que terminou em 2000.

O protagonista da história é Jack, um policial em busca do misterioso Wayman. Só que a cidade está imersa na corrupção e drogas, até mesmo a polícia é decadente e viciada. Ele não tem credibilidade com os parceiros, que duvidam da existência de Wayman e da sanidade de Jack. Em meio à isso Warren inclui sua droga LD50 e o conceito de realidade virtual. O argumento é interessante, mas com vários defeitos. A começar do protagonista, que não tem carisma e chega a forçar a barra quando diz “isso não está certo” (referente à corrupção e violência), mas espanca um suspeito. É também uma leitura rápida, sem tempo de abordar melhor essa “outra realidade”.

Azul Profundo 2

O desenhos são de Jacen Burrows, o mesmo de Neonomicon. Não possui muita personalidade e deixa tudo bastante simples. A mesma coisa acontece com outra HQ de Ellis, “Estranho Beijo“. Talvez se tais histórias estivessem nas mãos de artistas mais experimentais ou que inovassem nos planos seria melhor, como Frank Quitely e Brian Bolland ^^. Mesmo assim, as principais característica de Ellis estão aqui, como o surreal e brutalidade. Destaque para a cena em que ele “afunda” dentro da sala.

Mesmo com a ideia interessante de realidade virtual através de drogas, “Azul Profundo” não é tão profundo assim e deixa a desejar. Apesar da experimentação, está longe de trabalhos como Authority e Planetary do Warren Ellis. A edição da Pandora é em capa cartão, lombada quadrada e miolo offset. Há um posfácio do autor.

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